Atentados na França. Possíveis feridas psíquicas em todo o país
As populações expostas a ataques terroristas apresentam sinais de estresse pós-traumático profundo e duradouro e a onda de choque produzida pelo terror não se limita às pessoas diretamente envolvidas.
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Por Damien Mascret – Le Figaro
Os terroristas do Estado Islâmico não atingiram somente Paris. As feridas psíquicas são profundas em todo o país e elas vão levar tempo para curar. Elas deixarão cicatrizes duradouras em alguns de nossos cidadãos, para não mencionar os familiares das vítimas, para quem a vida se rompeu no dia 13 de novembro. Trata-se do triste ensinamento de outros atentados terroristas, em outros locais, em outros países.
«Os dados acumulados após os ataques terroristas de grande magnitude, como o de 11 de setembro, sugerem que a carga de problemas de saúde mental, incluindo a síndrome do estresse pós-traumático, pode ser substancial e duradoura entre a população exposta a ataques em Paris », explica ao Figaro o Prof. Yuval Neria, diretor do programa de pesquisa no Instituto psiquiátrico do Estado de Nova Iorque (Universidade Colúmbia).
Em Paris, mas não somente. Na semana que se seguiu aos atentados do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que quase metade dos adultos e uma criança em cada três apresentavam sinais de estresse e isso através de todos os Estados Unidos.
A onda de choque de um atentado importante não se restringe às pessoas diretamente afetadas pela tragédia, embora a proximidade geográfica aumente os riscos de sofrer um transtorno de estresse pós-traumático (TSPT). Ou seja, lembranças intrusivas fazendo reviver o evento, tendo como consequência um comportamento que evita tudo o que poderia lembrá-lo, mas também de depressão, de insônia, de ansiedade e de raiva.
A exposição através da mídia
No segundo mês após o 11 de setembro, o Prof. William Schlenger e seus colegas da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, observaram que o risco foi maior na cidade de Nova York (11% de TSPT), mas alcançou 4% no resto do país. Isso diminuiu ao longo do mês.
«O risco de problemas de saúde mental após uma exposição indireta através da mídia também é substancial, especialmente na sequência imediata, explica o Prof. Neria, mas eles diminuem logo em seguida, especialmente porque muitas pessoas são relativamente resilientes e não terão distúrbios mentais no longo prazo.»
Em uma pesquisa sobre a saúde mental de mais de 1900 Americanos após o 11 de Setembro, a Prof. Roxane Cohen Silver (Universidade da Califórnia) denunciou o «mito» de acordo com o qual o impacto psicológico seria proporcional ao grau de proximidade do drama e sugeria a levar em consideração a «enorme variabilidade das respostas» individuais.
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