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“Balas que adormeceram Marielle despertaram milhões”, diz Gustavo Pessoa

O presidente do PSOL em Alagoas, Gustavo Pessoa, diz que “se queriam desmoralizar a já desmoralizada intervenção militar no Rio de Janeiro, se foi uma ação de milicianos ou até mesmo orquestrada no interior do aparato militar, só a investigação poderá responder”, para ele, “as balas que adormeceram Marielle tiveram o efeito contrário, pois, despertaram milhões”; Pessoa afirma ainda que “Marielle está definitivamente presente, porque ideias e sonhos são imunes a balas, fuzis e execuções. A sociedade que sonhamos haverá de ter a sua cara e não a dos facínoras que te mataram”

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Por Gustavo Pessoa/Cada Minuto – O presidente do PSOL em Alagoas, Gustavo Pessoa, diz que a “execução da vereadora do Rio, Marielle Franco (PSOL), oriunda da favela da Maré e defensora de pautas extremamente impermeáveis a determinados setores da sociedade, trouxe a tona reflexões importantes.

Para ele, que foi candidato a prefeito de Maceió em 2016, “Marielle não era apenas a negra lésbica da favela, na medida em que sendo tudo isso, ela ousou ocupar um espaço num parlamento que por princípio está destinado à homens brancos, representantes das classes proprietárias.”

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“Se queriam desmoralizar a já desmoralizada intervenção militar no Rio de Janeiro, se foi uma ação de milicianos ou até mesmo orquestrada no interior do aparato militar, só a investigação poderá responder”, questiona Pessoa.

Ele diz ainda que “As balas que adormeceram Marielle tiveram o efeito contrário, pois, despertaram milhões” e que “Marielle está definitivamente presente, porque ideias e sonhos são imunes a balas, fuzis e execuções. A sociedade que sonhamos haverá de ter a sua cara, Marielle, e não a dos facínoras que te mataram.”

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Leia abaixo na íntegra o artigo de Gustavo Pessoa:

A tragédia de Marielle: o dia em que sua voz ecoou.

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 Por Gustavo Pessoa, Presidente do PSOL em Alagoas

“Conheci Marielle por força das circunstâncias, porque tínhamos fidelidade às mesmas ideias, porque dividíamos trincheiras parecidas nas fileiras do mesmo partido. Em razão das coincidências e escolhas, pude dividir com ela alguns espaços em eventos recentes do PSOL. A notícia do seu bárbaro assassinato, a princípio, atingiu aos companheiros de Partido nos causando estarrecimento e certa perplexidade.

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Com o passar das horas, foi ficando claro, para todos nós, que não se tratava apenas de um luto partidário, não era somente uma dor nossa pela perda de um dos nossos maiores patrimônios.

À distância, mesmo sem ter vivido os anos 60 e 70, eu sentia algo parecido com aquela comoção que levou milhões de pessoas a desafiarem o regime autoritário, diante da violência insuportável que custou a vida de Edson Luiz e Vladimir Herzog.

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Na Cinelândia, nas ruas de Maceió, São Paulo, Recife, multidões se aglomeraram num misto de indignação, êxtase e busca por respostas.

Vale salientar, que naqueles distantes tempos, em que a violência do Estado levou as vidas de Edson e Vlado, o fenômeno das redes sociais ainda era algo impensável.

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Porém, no caso da nossa companheira Marielle, as mobilizações virtuais foram igualmente gigantescas, refletindo o sentimento das ruas.

A execução de Marielle, mulher negra, mãe, lésbica, oriunda da favela da Maré e defensora de pautas extremamente impermeáveis a determinados setores da sociedade, trouxe a tona algumas reflexões importantes.

Marielle não era apenas a negra lésbica da favela, na medida em que sendo tudo isso, ela ousou ocupar um espaço num parlamento que por princípio está destinado à homens brancos, representantes das classes proprietárias.

Sua trajetória guarda um pouco da narrativa biográfica de Inês de La Cruz, que na sociedade conservadora do México do século XVII, ousou ser freira e poetiza de versos eróticos.

Não sei e nem posso apontar com certeza quem são seus executores, mas é perfeitamente possível compreender os sentimentos daqueles que apertaram o gatilho.

Se queriam desmoralizar a já desmoralizada intervenção militar no Rio de Janeiro, se foi uma ação de milicianos ou até mesmo orquestrada no interior do aparato militar, só a investigação poderá responder.

Contudo a escolha da vitima carrega muitos simbolismos.

Matar Marielle encerra um recado:

“Aqui não é espaço pra negras e muito menos negras que ousam ser porta vozes de outros tantos negros cujas vidas são trituradas diariamente nas nossas favelas e periferias”.

Curioso é observar que aqueles que denunciam como estardalhaço a voz dos que se indignaram com o brutal assassinato de Marielle, evocam sempre o fato de que como ela, morrem muitos negros pobres todos os dias.

Com certa razão ignoram, esses senhores, que ela foi uma das poucas vozes que não sentou no sofá e se pôs a naturalizar essa violência cotidiana.

Ao usar tal argumento, tais setores aparentemente cobram uma indignação parecida para todos os assassinatos bárbaros que dissolvem vidas nas nossas periferias.

Mas quem enxerga um pouquinho além da superfície, percebe que, no fundo o que esperavam, era a naturalização amorfa do que aconteceu com a nossa querida Marielle, para que a barbárie imemorial contra os miseráveis excluídos continue sendo naturalizada e tratada como mera estatística.

Mas dessa vez, essa ideia não deu certo. As balas que adormeceram Marielle tiveram o efeito contrário, pois, despertaram milhões.

Você Marielle está definitivamente presente, porque ideias e sonhos são imunes a balas, fuzis e execuções. A sociedade que sonhamos haverá de ter a sua cara, Marielle, e não a dos facínoras que te mataram."


Gustavo Pessoa tem formação em História pela UFAL. É pós-graduado em História e Cultura no Brasil pela universidade Estácio de Sá. Atua como professor do IFAL e foi candidato a prefeito no ano de 2016 pelo PSOL, partido em que atua como presidente.

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