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BM violou prerrogativas de advogados e OAB se omitiu, denuncia ato

O Movimento de Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática denunciou que a Brigada Militar violou, em mais de uma ocasião, as prerrogativas de profissionais que tentavam ter acesso a seus clientes em ocupações e manifestações ocorridas recentemente em Porto Alegre e a OAB se omitiu diante desses fatos; a denúncia foi feita durante o Desagravo Público em defesa da advocacia e da cidadania realizado em frente ao prédio da seccional gaúcha da OAB; na avaliação dos organizadores do ato, a atual direção da OAB tem se omitido sistematicamente ao não dar suporte e amparo a advogados e advogadas atuantes em ambientes de conflito vividos por seus clientes, como ocorreu recentemente em ocupações de escolas, órgãos públicos e prédios desocupados na capital gaúcha

O Movimento de Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática denunciou que a Brigada Militar violou, em mais de uma ocasião, as prerrogativas de profissionais que tentavam ter acesso a seus clientes em ocupações e manifestações ocorridas recentemente em Porto Alegre e a OAB se omitiu diante desses fatos; a denúncia foi feita durante o Desagravo Público em defesa da advocacia e da cidadania realizado em frente ao prédio da seccional gaúcha da OAB; na avaliação dos organizadores do ato, a atual direção da OAB tem se omitido sistematicamente ao não dar suporte e amparo a advogados e advogadas atuantes em ambientes de conflito vividos por seus clientes, como ocorreu recentemente em ocupações de escolas, órgãos públicos e prédios desocupados na capital gaúcha (Foto: Leonardo Lucena)
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Marco Weissheimer, Sul 21 - O Movimento de Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática denunciou nesta quinta-feira (30) que a Brigada Militar violou, em mais de uma ocasião, as prerrogativas de profissionais que tentavam ter acesso a seus clientes em ocupações e manifestações ocorridas recentemente em Porto Alegre e a Ordem dos Advogados do Brasil se omitiu diante desses fatos. A denúncia foi feita durante o Desagravo Público em defesa da advocacia e da cidadania realizado no final da tarde em frente ao prédio da seccional gaúcha da OAB. Na avaliação dos organizadores do ato, a atual direção da OAB tem se omitido sistematicamente ao não dar suporte e amparo a advogados e advogadas atuantes em ambientes de conflito vividos por seus clientes, como ocorreu recentemente em ocupações de escolas, órgãos públicos e prédios desocupados na capital gaúcha.

“Este ato na frente da OAB tem o objetivo de promover um desagravo e de expressar nossa indignação e de muitos setores da sociedade que se veem desprotegidos e não vem tendo amparo por parte da atual direção da Ordem”, afirmou Mário Madureira, um dos organizadores do ato. Madureira lembrou uma série de episódios ocorridos recentemente, onde advogados e advogados foram impedidos de ter acesso a seus clientes por parte da Brigada Militar, sem que a direção da OAB tomasse qualquer atitude. Pelo contrário, observou o advogado, os atuais dirigentes da Ordem vem tratando como “baderneiros” pessoas que estão lutando por seus direitos. “Essa direção da OAB, tanto a nacional como a local, nos envergonha e não nos representa. Estão atolados em um pântano de servilismo”, criticou Madureira.

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“Na ocupação da Sefaz houve tortura”

O advogado Jorge Garcia disse que, de uns quinze dias para cá, a OAB-RS ficou sabendo que advogados e advogadas foram impedidos de trabalhar pela Brigada Militar e não fez nada. “Um integrante da atual direção disse que não podia fazer nada porque a Brigada não deixava”, relatou. Para Garcia, ao se omitir diante desses fatos, a direção da OAB é cúmplice da violação do artigo 133 da Constituição que estabelece que o advogado é indispensável à administração da Justiça.

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“Em 1964”, assinalou ainda Jorge Garcia, “a OAB foi uma das primeiras entidades a apoiar o golpe, mas ninguém hoje lembra o nome do presidente da entidade naquele ano. O esquecimento é o destino desses golpistas. Eu já não me lembro dos nomes do atual presidente do Conselho Federal da OAB nem do presidente da seccional gaúcha. Estes senhores não nos representam”.

A advogada Jucemara Beltrame relatou alguns casos recentes de violação de prerrogativas por parte da Brigada Militar. “Durante a ocupação da Assembleia Legislativa por estudantes, tentei ter acesso a meus clientes e ouvi do coronel Mario Ykeda que se eu quisesse falar com meus clientes eles que viessem a mim. Os advogados foram impedidos de acessar seus clientes. Na ocupação da Sefaz (Secretaria Estadual da Fazenda) houve tortura. O que a Ordem fez? Nada. O atual presidente da OAB deve estar vivendo em outro mundo”.

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Para o sociólogo Benedito Tadeu César, do Comitê em Defesa da Democracia, “estamos atravessando uma quadra tenebrosa de nossa história política, onde os direitos da cidadania estão sendo afrontados. É inadmissível que a Brigada Militar siga reprimindo com violência manifestações estudantis e de outros setores sociais”. Neste cenário, defendeu, uma entidade do peso da OAB não pode fugir de suas responsabilidades.

“Levei gás de pimenta na cara quando mostrava minha carteira da OAB”

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Advogado da Ocupação Lanceiros Negros, Jéferson Alves também relatou casos em que foi impedido de ter acesso a seus clientes por parte da Brigada. “Na Lanceiros Negros nos impediram de acessar nossos clientes. Na Sefaz, tentamos conversar com os oficiais da Brigada Militar que comandavam a operação e não conseguimos. Pelo contrário, eu levei gás de pimenta na cara quando mostrava minha carteira da OAB para os policiais”, contou, indignado, o advogado. “A Comissão de Defesa de Prerrogativas da OAB é uma piada”, acrescentou.

Em seguida, o advogado Leonardo Kauer leu o manifesto “Desagravo Público à Advocacia e à Cidadania”, que critica a omissão da seccional gaúcha e do Conselho Federal da OAB diante desses episódios e a postura da atual direção de apoio ao processo golpista em curso no país. Ramiro Goulart, advogado integrante do Comitê de Apoio às ocupações leu o manifesto elaborado por esse comitê também com o propósito de denunciar a postura da direção da OAB. “Fui repreendido pelo presidente desta casa por ter manifestado como membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem. Ele me disse que onde há conflito a ordem não deve estar, pois ela é apartidária. Se é apartidária, questionei, como pode ter apoiado o pedido de impeachment pelo ‘conjunto da obra’, como afirmou o presidente do Conselho Federal? Estou renunciando à Comissão de Direitos Humanos da OAB porque essa direção não me representa. É um grupo de fascistas que só está preocupado em manter seu espaço de poder”, criticou Goulart.

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Segue a íntegra do manifesto “Desagravo Público à Advocacia e à Cidadania”:

O Brasil atravessa uma séria crise econômica , à qual se soma uma crise política agravada pelo golpe que afastou uma Presidenta da República legitimamente eleita .

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Nestas circunstâncias, há de ser absolutamente natural, numa Democracia , que os movimentos sociais e populares incrementem as lutas na defesa de seus interesses , gerais e corporativos.

O Governo do Rio Grande do Sul, porém, na esteira do golpe, vem reprimindo pesadamente as manifestações do movimento popular e para atingir seus objetivos ataca, igualmente, os advogados que ousam defender os manifestantes.

Nestes últimos tempos, em diversas oportunidades, onde  se destacam   o cerco à Ocupação Lanceiros Negros e a ocupação das escolas estaduais pelos estudantes secundaristas, os advogados dos movimentos foram impedidos de trabalhar e sofreram ameaças, ofensas e inclusive agressões físicas perpetradas pelas autoridades públicas.

A OAB do Rio Grande do Sul, embora tempestivamente comunicada e chamada a intervir, sempre omitiu-se, deixando os advogados à sanha da polícia. Não tem sido diferente em nível nacional, onde o Conselho Federal da OAB tem se omitido na defesa das prerrogativas dos advogados e na garantia do direito ao contraditório e à ampla defesa, permitindo a prisão de colegas, a espionagem de escritórios  de advocacia e uma funesta espetacularização do direito penal.

O Desagravo Público está previsto no Estatuto da Advocacia para as hipóteses de violação a direito e a prerrogativa dos advogados no exercício da profissão ou em função dela. Isto é exatamente o que vem se dando , sistematicamente, no Rio Grande do Sul, com os advogados do movimentos sociais e populares. E como a OAB, infelizmente, se omite , cabe a nós desagravarmos nossos colegas ofendidos no exercício da profissão.

E como entre os objetivos da existência mesma da OAB consta em nosso Estatuto “defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas” o Movimento dos Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática  vem a público desagravar , também, os cidadãos que foram ofendidos e atingidos em sua liberdade de manifestação, que deveria ser protegida por nossa entidade no lugar de , miseravelmente,  apoiar o Golpe em curso no país.

Porto Alegre, 30 de junho de 2016

Movimento dos Advogados e Advogadas pela Legalidade Democrática

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