Brasília constroi um estádio para shows
Sem tradicionais times de futebol, Distrito Federal deve aproveitar nova arena do Man Garrincha apenas para apresentaes nacionais e internacionais, depois da Copa de 2014
Naira Trindade_ Brasília247 – Brasília é um bebê perante as cidades brasileiras e seu futebol ainda engatinha. Novos, os dois times da capital contam com torcidas modestas, que não lotariam um estádio de 70 mil lugares nem mesmo num clássico entre os candangos Gama e Brasiliense. O público recorde de torcedores dos dois times é de 19 mil e 34 mil, respectivamente. Com pouca gente para assistir aos campeonatos, o Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, avaliado em R$ 1,2 bilhão, vai se resumir a atender aos organizadores de shows, que veem na construção da arena multiuso a oportunidade de entrar no circuito de eventos internacionais.
As principais capitais do circuito de shows internacionais, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, fizeram, ao longo deste ano, oito shows de grande porte cada uma. Nem todos foram nos estádios e a maioria dos cantores não veio a Brasília devido à carência de estrutura. Essas cidades têm times de futebol tradicionais, que utilizam as arenas para jogos ou treinos. Brasília, não. O antigo Mané Garrincha, por exemplo, era pouco utilizado pelos jogadores. Era usado para jogos dos times candangos contra grandes torcidas de fora do DF. “É arriscado manter uma estrutura desse porte para poucos dias de uso”, analisa o professor de orçamento público, economia e ciência política da Universidade de Brasília José Matias Pereira. Ele considera inadequada a política de gestão pública de investir em estádios, que dão retorno “quase nulo” a curto, médio e longo prazo.
A arena do Mané Garrincha não agradava aos produtores de shows. Com apenas uma arquibancada coberta e, sem visibilidade 360°, os promotores perdiam muito espaço na montagem do palco. “Cabiam, no máximo, 30 mil pessoas, pouco para grandes shows internacionais”, defende o promotor de eventos Rafael Godoy, da Vision Produções. Sem muitas opções, os promotores utilizavam o amplo estacionamento do estádio para montar uma estrutura e receber os cantores. “A apresentação do Jorge e Matheus teve 40 mil pessoas, público que não caberia em nenhum outro lugar”, disse o promotor Célio Ferreira, da ParkShow Publicidade Eventos e Serviços. “Tentamos trazer U2 para tocar no autódromo de Brasília, mas a banda se recusou a se apresentar lá”, conta Rafael Godoy. Madonna e Paul McCartney também se recusaram por não ter lugar adequado e amplo a recebê-los. “Nessa nova arena, poderíamos fazer shows de 20, 30, 40 ou 80 mil pessoas.”
Isso porque a proposta da nova arena é ter espaço para 800 camarotes para 2,5 mil pessoas; estacionamento subterrâneo para 500 veículos, em média; tratamento acústico – inclusive na cobertura móvel da arena; espaço para montagem de palcos com entrada para guindastes; acesso de ônibus aos camarins; iluminação diferenciada, específica para shows; e pontos estratégicos de evacuação emergencial espalhados pelo gramado. Os custos com a construção desse projeto, no entanto, podem chegar a R$ 1,2 bilhão. A obra está orçada em R$ 671 milhões. Esse valor não prevê a cobertura de lona – ou tenso-estrutura, nome técnico do material de alto custo que será licitado no exterior –, dos assentos das arquibancadas, do gramado e das áreas externas. Essas três licitações nem sequer foram abertas, mas estima-se que os custos com os três fundamentais acabamentos superem os R$ 500 milhões.
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