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Câncer de mama. Uma doença que afeta a feminilidade

Para aquelas que enfrentam esta provação, trata-se também de rever sua vida afetiva e sexual assim como o erotismo de seus corpos.

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Por Pascale Senk - Le Figaro

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«Depois do terror do diagnóstico – quando gritei interiormente: “quero ficar no mundo dos vivos!” - senti muitas vezes que eu queria também permanecer uma mulher por completo e que teria que lutar para isso », diz Véronique, 53 anos de idade, operada há quatro anos. Esta batalha que começa com o anúncio da doença parece chegar ao seu auge no momento da mastectomia.

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«Uma amputação», de acordo com Suzanne, 48 anos de idade, a qual ela foi submetida há dois anos. «No entanto, minha mãe e minha tia, elas próprias vítimas do câncer, me mostraram o que era », diz ela. «Depois de 4h30 de cirurgia reconstrutiva – eles cortaram dentro do meu músculo dorsal para isso – quando acordei foi um grande colapso”. Hoje, minha reconstrução não está concluída. Minha mama ainda não me agrada, eu ainda não a assumi. Vejo a assimetria. Mas francamente, com a retrospectiva, acho que isso não foi  o pior!»

Stéphanie Honoré, uma ex-paciente que liderou por dois anos uma oficina de escrita no Hospital Saint-Louis – rede de mama - confirma: «Perdi minha mama aos 33 anos de idade e pensei que era o máximo dos danos. Mas a perda dos meus cabelos que eu tinha tão compridos e espessos representou uma devastação maior», diz ela. «E no nosso grupo de mulheres, percebi que durante o percurso de cada uma delas - cirurgia, ablação ou não, radioterapia, quimioterapia, etc. – e qualquer que seja a fase em que se está, o câncer de mama toca nossa feminilidade em cheio».

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Uma experiência que a levou a coordenar um caderno de exercícios original, ao mesmo tempo lúdico e profundo, Mieux vivre avec le cancer du sein (Viver melhor com o câncer de mama) (Editora ESF), projetado com uma dezena de pacientes, para ajudar aquelas que deverão seguir este percurso. Ela também criou o site http://www.lavieaprescancer.com

Um roubo

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Andrée Lehmann, uma psicanalista que trabalhou durante vinte anos em oncologia, especialmente no Instituto Gustave-Roussy de Villejuif, acaba de publicar suas observações. Na obra L'Atteinte du corps (O alcance do corpo) (Editora Erès), ela observou que, apesar dos imensos avanços terapêuticos, o câncer de mama continua sendo um assalto. «As doenças graves não afetam somente o corpo », ela disse. «Os equilíbrios psíquicos também são afetados. De acordo com a história pessoal de cada uma, as repercussões do câncer de mama na feminilidade serão diferentes. Muitas vezes, elas irão resultar em mudanças psíquicas impactantes.»

Pois as perturbações não estão relacionadas apenas à mama. Calvas, magras, com náuseas, exaustas durante e depois da quimioterapia, algumas não se reconhecem mais. Em seguida, os tratamentos hormonais não são sempre bem suportados: ganho de peso, dores articulares, fadiga e mal-estar. Mas eles são prescritos por cinco anos. «Jovens senhoras se encontram na menopausa antes que suas mães estejam », acrescenta Andrée Lehmann. «Psicologicamente, não é fácil conviver com isso.»

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Espelho, ah! meu belo espelho

Essas passagens pelo «ferro, fogo e química» como disse a senologista Dominique Gros (veja abaixo) corroem significativamente o desejo sexual, a vida erótica … «Francamente, eu estava há vários meses em outras frentes », confessa Suzanne. «E por pudor misturado com vergonha não tive coragem de ficar nua na frente do meu parceiro. Uma crise profunda com ele me “acordou”. Assim que fomos capazes de falar sobre isso, percebi que ele estava sofrendo e ao me recuperar, comprei lingerie fina, me atrevi a ficar relaxada… E a sensualidade voltou para minha vida. Percebi que ela não se limitava à simetria dos meus seios.»

«Quando a mulher não aceita mais seu corpo, ela tende a projetar seus sentimentos negativos sobre seu parceiro, explica Andrée Lehmann. O casal não pode mais viver como antes. Muitas vezes, basta apenas falar sobre isso, juntos ou que cada um tenha liberdade para falar sobre o assunto para que o erotismo encontre um lugar novo.»

O câncer obriga muitas mulheres a explorar seus recursos mais profundos. «Criamos um exercício no nosso caderno “Espelho, ah! meu belo espelho” onde cada uma é convidada a escrever o que lhe agrada no seu corpo», conta Stéphanie Honoré. «E quando o “blues” (depressão) chega, nós a convidamos a relê-lo.»

Veronique, Suzanne, Stephanie e suas coautoras admitem ter entendido que sua feminilidade não se limitava ao que acreditavam até agora – cabelos compridos, belos seios, magreza… «Com uma mama a menos, não me sinto menos mulher, conclui Suzanne. No entanto, ter passado por isso me deu muita confiança em mim. Neste sentido, o câncer me consolidou.»

 

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