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Caso PC Farias: julgamento começa com depoimentos

Jardineiro Leonino Tenório de Carvalho foi o primeiro a depor; ele declarou que os 4 militares acusados de coautoria não mexeram nos corpos do empresário Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino; garçom Genival Veloso de França, segunda testemunha ouvida, disse que presenciou brigas entre o empresário e a namorada. Já o irmão de PC Farias, o ex-deputado federal Augusto Farias, revelou que foi indiciado em represália por não ter atendido ao pedido de delegados para denunciar os policiais militares

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Alagoas247 - O jardineiro Leonino Tenório de Carvalho, primeira testemunha a depor durante o julgamento dos réus do caso Paulo César Farias, afirmou, nesta segunda-feira (6), que os militares denunciados pelo Ministério Público não mexeram nos corpos do empresário e da namorada dele, Suzana Marcolino. De acordo com a testemunha, após constatar a morte do casal, os policiais acionaram a polícia e o ex-deputado federal Augusto Farias. Leonino disse ainda que Suzana Marcolino teria tentado se matar. Ele afirmou, ainda, que o colchão e os lençóis do quarto onde o casal foi encontrado foram queimados três dias após a perícia realizar o primeiro levantamento. 

 “Logo cedo, fomos até o quarto e tivemos que forçar a janela para entrar. Em seguida, encontramos os corpos. Verificamos se os dois estavam de fato mortos e acionamos o então deputado Augusto Farias. A polícia chegou logo depois", esclareceu o jardineiro, acrescentando que os militares 'apenas tocaram nos corpos' para verificar se as vítimas ainda respiravam.

Indagado se Paulo César havia sido ameaçado, a testemunha declarou que nunca ouviu falar sobre qualquer questão que colocasse em risco a vida do empresário. “Uma vez ou outra conversávamos sobre questões administrativas. Nessas conversas, nunca ouvir dizer que ele estava sendo ameaçado ou correndo risco de vida", afirmou.

Ao Ministério Público, o jardineiro reforçou grande parte das declarações prestadas ao magistrado e revelou que Suzana Marcolino havia tentado se matar. "Certa vez ela tentou se matar entrando no mar de Guaxuma. Quem conhece a região sabe que a praia daquela região é bem agitada", expôs a testemunha, destacando que tomou conhecimento da situação por meio de relato de outro funcionário da mansão, que presenciou a cena. 

Em seguida, o advogado José Fragoso questionou a testemunha. Sobre a polêmica queima dos lençóis e do colchão do quarto, ele disse que adotara a medida por recomendação de um funcionário identificado como Flávio. "O quarto estava fedendo e, por isso, resolvi queimar os lençóis e o colchão. Toda a perícia já havia sida realizada e, portanto, não vi a necessidade de manter os materiais sujos na casa", complementou. 

2º depoimento

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O garçom Genival Veloso de França, segunda testemunha ouvida no julgamento dos réus no processo sobre a morte de Paulo César Farias, afirmou, no primeiro dia de julgamento no Fórum do Barro Duro, em Maceió, que presenciou brigas entre o empresário e a namorada dele, Suzana Marcolino. Assim como o jardineiro Leonino Tenório de Carvalho, o garçom garantiu que nenhum dos militares acusados mexeu nos corpos das vítimas.

 “Sei disso [que ninguém mexeu nos corpos] porque fiquei o tempo todo em um local que dava para ver a janela. Ninguém entrou no quarto”, disse o garçom, que foi um dos primeiros a encontrar os corpos das vítimas na manhã do domingo, dia 23 de junho de 1996, quando ia levar o café da manhã de PC e Suzana.

 “Bati na porta, mas não responderam. Bati na janela, mas também não responderam. Então chamei os seguranças e o Reinaldo veio. Ele mandou procurar alguma coisa para que a gente arrombasse a janela. Trouxemos uma tesoura e depois ele trouxe da casa dele um cavador, com o qual conseguimos arrombar a janela. Mas não entrei no quarto. Quando arrombamos a janela, tomamos um susto e a única pessoa que pulou a janela foi o segurança Reinaldo. Ele chegou próximo, chamou o nome do PC, botou a mão no pescoço dele e constatou a morte. Ele então saiu do quarto e disse que 'esta mulher estragou a nossa vida'", relatou a testemunha.

Genival disse ainda que presenciou brigas entre o casal. Numa delas, PC Farias teria discutido com a namorada por causa de um telefonema. "Após a briga, ela saiu para o lado do mar. O Dr. Paulo pediu que eu seguisse ela. Pedi ao meu irmão que seguisse a Suzana. Meu irmão a seguiu à distância. O que meu irmão me disse foi que ela tentou se afogar, mas eu não vi. Meu irmão disse que ainda tentou tirar ela do mar, mas a Suzana ficava dando 'pesadas' nele. O Geraldo tentou ajudar, mas ela desmaiou. Depois, o Geraldo levou a Suzana para casa”, contou o garçom, que, um dia após o crime, em 1996, havia dito ao delegado que jamais havia presenciado nenhuma briga entre o casal.

Ao juiz Maurício Brêda, Genival disse também que nenhum dos réus apresentava comportamento violento. Antes de se tornar garçom de PC Farias, ele era ajudante de jardineiro do empresário e atualmente, quase 17 anos após o crime, trabalha em uma empresa de segurança privada.

O garçom, que dormiu na casa de caseiro anexa à residência onde ocorreu o crime, disse que não ouviu nenhum barulho de tiro. “Eu estava dormindo quando os dois tiros ocorreram. Fui dormir umas 2h30 da manhã. Quando eu fui para a casa de caseiro, ele [PC Farias] estava ouvindo música”, relatou.

 Revelação

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O ex-deputado federal e irmão do empresário Paulo César Farias, Augusto Farias, afirmou em entrevista coletiva que os policiais que conduziram o inquérito sobre a morte de PC pediram que ele acusasse os militares que faziam a segurança do empresário em troca de não indiciá-lo como autor intelectual do crime.

Segundo Augusto Farias, o inquérito contém diversos equívocos, entre eles, as informações que apontam que os quatro militares teriam, de alguma maneira, relação com o possível assassinato do seu irmão. "Acredito que eles são inocentes. Até hoje, quando vão ao bar, após 17 anos, as pessoas os apontam como os assassinos do PC Farias. Nenhuma das acusações é verdadeira”, observou.

Diante da suposta proposta dos delegados, Farias revelou que reagiu contrariamente e rebateu. "Indaguei os delegados como ficaria minha consciência com uma proposta desse nível. Até hoje, na medida do possível, a gente tenta ajudar os militares. Eles são inocentes”, ressaltou.

Augusto classificou como "vingança" a inclusão do seu nome no inquérito policial que o apontava como autor intelectual do suposto duplo assassinato. "O Supremo Tribunal Federal não encontrou elementos que atestassem a veracidade das informações postadas pelos delegados. Julgado pela mais alta corte do Brasil, fui inocentado. O meu indiciamento se deu, exclusivamente, por vingança", emendou.

O julgamento do caso Paulo César Farias começou nesta segunda-feira (6), no Fórum do Barro Duro, em Maceió. Os militares Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva sentam no banco dos réus sob a acusação de coautoria no duplo assassinato. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos na madrugada do dia 26 de junho de 1996, numa casa de praia em Guaxuma, em Maceió.

A previsão inicial é que o julgamento prossiga até o final de semana. Serão ouvidas 27 testemunhas de defesa e acusação, além do relato dos peritos que trabalharam no caso.

Irmã de Suzana duvida da versão da defesa.

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Em entrevista, a jornalista Luíza Marcolino, irmã de Suzana, destacou que a família nunca acreditou no argumento da defesa dos acusados, dando conta de que Suzana teria matado PC Farias e, logo depois, se suicidado. 

 “Nunca acreditamos nisso porque nós conhecíamos a Suzana. Se eles dizem que ela queria se dar bem, porque ela ia matar, se eles estavam planejando o casamento?”, questionou Luíza Marcolino. 

Sobre a arma encontrada ao lado dos corpos, que teria sido comprada por Suzana dias antes do crime, Luíza destaca que a família não teve conhecimento desse fato. “Nós não sabíamos dessa arma. Foi uma coisa muito bem armada. Parece uma coisa policialesca, que acontece nos livros. Sabe o milho que você vai soltando e a galinha vai pegando?”, disse a irmã de Suzana. 

Ela afirma que, no início das investigações, a família se dispôs a colaborar com a polícia, mas que depois desistiu ao perceber que sempre apareciam argumentos contrários. “Nós procuramos tudo, um bilhete, uma carta, algo que pudesse dizer o que aconteceu, mas não encontramos nada. Nós estávamos contribuindo para que esse crime fosse esclarecido, mas fomos embora do Estado porque sentimos que sempre tinha uma força puxando para o lado contrário. É lógico que eu tenho medo, porque eu não sei com quem eu estou tratando, quem fez essa devassa na minha vida, essa tempestade”, afirmou. 

Sobre o julgamento dos quatro militares acusados do crime, que tem início nesta segunda-feira e deve prosseguir até o final da semana, Luíza diz esperar apenas que a verdade apareça. “Qualquer resultado que vier, não vai reparar o mal que já foi feito. É muito fácil seguir a mesma estratégia de acusação de 17 anos atrás. Eu não posso acusar porque não sei quem foi. Espero que a Justiça faça valer a verdade”, falou.

Com gazetaweb.com

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