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Com ministério em crise, Aldo se isola

Do futebol aos esportes olímpicos, passando pelos programas de desenvolvimento social, ministro Aldo Rebelo vê sua gestão cercada de críticas por todos os lados; agora, ao lançar um balão de ensaio sobre uma "mudança forçada" do calendário nacional do futebol profissional, ele se afastou dos clubes mais populares do País; "Para falar sobre isso tem de ser do ramo, o que, definitivamente, esse ministro não é", reagiu Alexandre Kalil, presidente do considerado atualmente melhor time brasileiro, o Atlético Mineiro; quando Aldo vai melhorar em campo?

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247 - O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, está cercado de crises por todos os lados. Internamente, as mudanças que promoveu na cúpula da pasta tiveram, na prática, o poder de interromper uma série de programas em andamento, voltados para todos os níveis do esporte nacional, do apoio ao desenvolvimento social ao de altíssimo rendimento. Nesse escalão mais elevado, onde figuram os atletas olímpicos que defenderão o país em 2016, no Rio de Janeiro, o que o público vê é um festival de reclamações sobre atrasos nos cronogramas de treinamentos, no intercâmbio competitivo e quanto as estruturas logísticas, muitas delas em estado de abandono. Modalidades em ascensão no gosto do público, como a natação e a ginástica olímpica, já acusam descaso e leniência, com estrelas como a promissora ginasta Jade Barbosa sem ter patrocinador, o que, infelizmente, é normal, mas também sem nem mesmo local certo para treinar. Ao bater a meta de participação no próximo campeonato mundial, a nadadora Joana Maranhão escancarou os problemas do seu setor, adiantando que, na braçada ditada por Aldo, as medalhas esperadas não virão.

Politicamente, Rebelo numa esteve tão sozinho dentro de seu próprio partido, o PC do B. Com forte influência na máquina da agremiação, o ex-ministro Orlando Silva, absolvido pela Comissão de Ética do governo das acusações de desvios de verbas que pesavam contra ele, Silva reclama da falta de solidariedade do camarada que o sucedeu. A maioria do Comitê Central está convencida de que Aldo vai se deixando levar, ao seu modo, ao culto da própria personalidade, sem dar espaço às contribuição do partido que, queira ele ou não, tem conhecimento acumulado no setor.

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Com a presidente Dilma, Aldo é o ministro que pilota a Copa da incógnita, onde tudo pode acontecer, do sucesso ao fracasso, sem que se tenha, hoje, a pouco mais de um ano do evento, qualquer garantia sobre a correção de sua organização.

JORNALISTAS TORCEM PARA A ARGENTINA - Do ponto de vista da comunicação com o público, por meio da mídia, o ministro parece uma entidade inatingível a perguntas diretas e objetivas. Mesmo cercado por um contingente de, como se diz, especialistas em comunicação, ele procura falar por meio de pronunciamentos, evitando entrevistas coletivas e exclusivas. Sua última experiência nesse campo, quando esteve no centro do Roda Viva, o histórico programa da TV Cultura, deixou marcas. Aldo atribuiu críticas a ele ao viés ideológico da mídia e chegou a dizer, para espanto geral, que o problema de muitos jornalistas é que torcem para a Argentina. Ao feitio dos milicos do regime militar, arguiu com o patriotismo unilateral para responder questões pontuais como as que versavam sobre as contas da Copa que não param de subir.

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No campo verdejante e mais vistoso do futebol, Aldo acaba de levar dribles sucessivos. Com tarefas incompletas por onde se olhe, e às portas da abertura da Copa das Confederações, o ministro resolveu na semana que se encerra acrescentar um forte ruído na agenda do esporte.

Vazou pelo jornal Folha de S. Paulo a informação de que o órgão chefiado por Rebelo prepara uma "mudança forçada" no calendário do futebol brasileiro. A intenção seria alinhar a temporada nacional ao calendário dos campeonatos europeus, com início em agosto e encerramento em junho do ano seguinte. Hoje, os torneios disputados no país transcorrem entre janeiro e dezembro.

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Em seguida ao vazamento, o secretário nacional do Futebol, Antônio Nascimento, confirmou que há sim planos imediatos para virar o jogo em relação a datas de pré-temporadas, temporadas e férias de jogadores. "O Ministério defende a adequação do calendário europeu", disse o auxiliar, convertido em porta-voz do ministro. "Nós achamos que os clubes do Brasil ater o mesmo calendário do futebol do mundo tudo. E a Copa permite essa discussão, é uma oportunidade de mudar".

Ao contrário, uma Copa com a quantidade de problemas em aberto que a competição no Brasil vem arrastando não é o momento ideal para uma reviravolta abrupta num calendário secular. Não se trata de fazer prevalecer a lei do sempre foi assim, mas de se pedir bom senso para, antes de criar novos temas de agenda, resolver os que estão pendentes. Por exemplo, entre muitos, a questão do financiamento sobre o estádio escalado para abrir a Copa do Mundo, o Itaquerão, do Corinthias, em fase de construção pela empreiteira Odebrecht. Ou avançar concretamente sobre os problemas de mobilidade urbana, que desde a sua própria posse Rebelo vem relegando a um segundo plano. Ainda, dar a mínima transparência aos estouros orçamentários que findarão por fazer a Copa no Brasil como a mais cara de todas as já realizadas.

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"TEM DE SER DO RAMO" - Do presidente do clube que, como se diz na gíria do futebol, está voando, com a melhor campanha entre as agremiações nacionais na Copa Libertadores, Aldo, mesmo escudado por vazamentos administrados e assessores solícitos, levou um drible:

"Mudar calendário? Para tratar de calendário tem de conversar com quem é do ramo. O que, definitivamente, este ministro não é", disse o presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. Não bastasse a autoridade de quem está à frente de uma equipe de alto padrão internacional, mas que não vence um campeonato brasileiro desde quando foi campeão da primeira versão da competição nos moldes atuais, em 1971, Kalil é um dos mais ativos compradores de craques do cenário nacional. Ele não teria apenas motivos políticos para se contrapor à proposta veiculada tortuosamente pelo Ministério do Esporte, mas também comerciais. Sua oposição ao plano contraria a justificativa oficial, de resto mal assentada, de que o alinhamento ao calendário europeu seria automaticamente positivo para a qualidade do futebol brasileiro.

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Em nota oficial, a entidade que tem o direito formal de organizar os campeonatos profissionais no território nacional igualmente deixou Aldo perdido em campo.

"Além de soar como intervenção (...), a proposição parte de quem não tem conhecimento da realidade do futebol", cravou o comunicado da Confederação Brasileira de Futebol. Depois de subir, o texto foi retirado do ar, mas ai já era tarde.
Com a proposta fora de hora, visivelmente formulada para esvaziar a CBF e procurar tirar do foco do noticiário os muitos problemas na infraestrutura da Copa de 2014, Rebelo, famoso pelo espirito conciliador, até em exagero, como reclamam muitos de seus camaradas do PC do B, não contribui para qualquer tipo de distensão no ambiente. Ao contrário, atua para apartar ainda mais o governo das entidades legítimas do futebol brasileiro – e reconhecidas pela Fifa -- e dos clubes mais populares do País. Do jeito que joga o ministro, o Brasil vai se preparando para ter dois vencedores, caso a Seleção Brasileira ergua a taça em 2014: o time dos que o entedeu e o dos que não entenderam nada do que ele disse. Mas se o Brasil do técnico Felipão que Aldo trabalhou para indicar perder, todos perderão juntos, abraçados a uma sucessão de jogadas feitas por um camisa 10 de habilidade discutível.

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