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Crise no Governo não é nova, mas erra quem aposta em rompimento

Clima de desavença entre PT e PMDB é anterior a postagens do governador Marcelo Déda (PT) no Twitter; ele já havia informado a Jackson que não concordava com nomeação de Roberto Bispo para a Codise; Déda queria Luciano Bispo na Secretaria da Articulação Política; entre os conselheiros políticos dos dois governadores faltou um pouco de capacidade de aquietar os ânimos e costurar entendimentos; pressão sobre Déda e Jackson tem sido intensa; Déda, distante e em tratamento contra o câncer, acompanha os atos, fica limitado em intervir; Jackson, como interino, fica de mãos atadas, embora queira dar respostas imediatas para demandas políticas e administrativas; diálogo é saída

Crise no Governo não é nova, mas erra quem aposta em rompimento
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Valter Lima, do Sergipe 247 – Passadas quase 24 horas da explosão da crise entre os governadores (licenciado) Marcelo Déda e (em exercício) Jackson Barreto, ainda há muita indefinição no ar sobre os reais desdobramentos – políticos e administrativos – do episódio. Via imprensa, alguns políticos se manifestaram, mas o que foi dito ainda é muito incipiente para se desenhar um quadro mais concreto sobre o futuro da aliança governista. Aliados da dupla PT-PMDB e até mesmo a oposição acompanham o fato com cautela – e, em sua maioria, em silêncio. É precipitado falar em rompimento.

No entanto, antes mesmo das postagens de Déda no Twitter, já havia um clima de desavença entre petistas e peemedebistas, alimentado no último mês com uma infinidade de notas e comentários na imprensa sobre instabilidades no Governo. Havia uma linha de pensamento sendo construída baseada na ideia de que o PT seria empecilho para Jackson administrar o Estado. Os secretários Pedro Lopes e Oliveira Júnior, dois dos auxiliares mais próximos de Déda, seriam pedras do caminho do governador em exercício, segundo algumas análises.

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Antes disso, as declarações do vereador Robson Viana (PMDB) sugerindo a retirada do PT para acomodar o DEM numa futura chapa tinham tido uma repercussão muito negativa entre os petistas, que consideraram isso um desrespeito, já que, pelo menos, publicamente, eles sempre confirmaram a disposição em apoiar o nome do PMDB para o Governo em 2014.

Todas estas questões serviam como pressão sobre Jackson. Em situação de interinidade, ele começou a ser cobrado por políticos mais próximos e conselheiros para que tomasse posições dentro da administração no sentido de acomodar os aliados. Ao viajar para São Paulo para conversar com Marcelo Déda, o governador em exercício apresentou ao petista as demandas dos partidos (como dar espaço ao PSD, por exemplo), além da necessidade de acomodar o grupo de Luciano Bispo. Déda, então, sugeriu que o ex-prefeito de Itabaiana ocupasse o lugar de Fernando Noronha na Secretaria de Articulação Política e Relações Institucionais.

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Entretanto, a sugestão de Déda não agradou. Jackson apresentou a ideia de colocar Roberto Bispo na Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe (Codise). O governador licenciado não aprovou. Déda argumentou que alterar a direção da autarquia seria ruim, pois poderia criar instabilidade nas relações com investidores internacionais que estavam em negociação com o Governo há quase um ano. Também entendia que Roberto Bispo enfrentava problemas judiciais, por causa dos processos de improbidade administrativa, o que deveria ser considerado por Jackson.

O governador em exercício bancou a escolha e anunciou a nomeação (concretizada na tarde de ontem). “As tuitadas de Déda foram então o limite de todas essas coisas que vinham ocorrendo e que já prenunciavam um conflito”, disse um político ouvido pelo Sergipe 247, que fez uma ponderação: “ainda assim, se eu estivesse no lugar do governador, não teria feito as postagens”, mas lembrou que ontem o jornalista Cláudio Nunes (em seu blog no Portal Infonet) cobrou uma posição de Déda em relação aos problemas judiciais de Roberto Bispo. Foi uma motivação.

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Entre os conselheiros políticos dos dois governadores faltou um pouco de capacidade de aquietar os ânimos e costurar entendimentos. Na verdade, a pressão tanto sobre Déda quanto sobre Jackson tem sido intensa. Déda, distante e em tratamento contra o câncer, acompanha os atos, fica limitado em intervir. Jackson, como interino, fica de mãos atadas, embora queira dar respostas imediatas para demandas políticas e administrativas.

Se não for bem contornada, a crise deflagrada ontem pode desencadear situações muito negativas. Uma delas é pressionar o retorno de Déda ao Governo, mesmo sem a conclusão do seu tratamento. Isto não é bom. O petista tem superado as barreiras impostas pela doença com muita fé, disposição e graças ao fato de estar concentrado no tratamento. Desviar o foco pode redundar num quadro de agravamento do câncer.

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Uma saída, defendida por vários aliados, é que Déda e Jackson conversem francamente e reafirmem a aliança. Somente eles podem dar solução para esta situação. É óbvio que Jackson precisa ter mais autonomia para operar politicamente e administrativamente, para reconstruir maioria na Assembleia e encaminhar questões do dia a dia do Estado. Ainda assim, não deve ser objetivo dele diminuir o espaço do PT na gestão, já que é o partido do governador e principal aliado do PMDB.

Ontem, na posse de Roberto Bispo, o governador em exercício disse ser um homem de paz, da bandeira branca. É necessário que ele reafirme isto através de atitudes, a partir de agora. Não é com revanchismo que se reconstruirá a aliança. É com diálogo. A crise desencadeada não é simples, não é pequena, mas também não é intransponível.

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Em 2010, no início do pleito eleitoral, o senador Valadares (PSB) recorreu também às redes sociais para reclamar do avanço de Eduardo Amorim (PSC) sobre suas bases. Ambos dividiam a mesma chapa, que tinha como cabeça o governador Marcelo Déda, candidato à reeleição. E foi ele com Jackson (candidato a vice) que agiram como bombeiros e acalmaram os ânimos e mantiveram a aliança que saiu integralmente vitoriosa das urnas.

O ambiente agora está tomado pela fofoca e pela animosidade. Quem esteve nos atos de ontem (posse de Roberto Bispo e lançamento da revista Cumbuca) percebeu isso. Separados, PT e PMDB perdem politicamente. A desconstrução da aliança é ruim para ambos – e também para os partidos aliados. A maturidade dos líderes do agrupamento será decisiva para remodelar a relação, mas será necessária igual disposição por parte dos políticos e assessores que gravitam em torno dessas lideranças, para reabrir o diálogo e reafirmar a aliança. 

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