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De Assis: diálogo com o PMDB é muito importante

O Presidente do PT Ceará, Francisco de Assis Diniz (De Assis) se mostra preocupado com a retomada das relações com o PMDB. Em entrevista ao Ceará 247 ele afirmou considerar muito importante a manutenção do diálogo, mas a nível local, diz não ter ainda tido condições de conversar com o partido. De Assis deu entrevista ao Ceará 247 falando sobre isso e também o que significa a chegada do PT ao Governo do Estado, sobre 2016, entre outros assuntos  

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Ceará 247 - Como está a relação do PT com os demais partidos da base aliada da presidenta Dilma, aqui no Ceará?

De Assis - Nós tivemos umas série de conversas no final do ano passado e esse ano já houve algumas conversas. Nós estamos tratando com esses parceiros e aliados. Tem as demandas que vem sendo negociadas e nós estamos fazendo uma conversa positiva e construindo para 2016 um cenário de alianças que amplie esse arco de governabilidade no Ceará e no Brasil. Com relação ao PMDB, ainda estamos com muitas dificuldades, em função dos ressentimentos do processo eleitoral de 2014. Embora consideremos que para a governabilidade do Brasil, a manutenção de um canal de diálogo seria muito importante, não foi possível restabelecer até agora, um nível de conversas que leve em conta as prioridades nacionais.

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Ceará 247 - O que significa o PT do Ceará chegar ao Governo do Estado?

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De Assis - Nós precisamos fazer nesta narrativa uma construção de que o processo que levou o candidato do PT ser eleito é de uma construção de uma aliança de continuidade. Hoje nós temos o tamanho do governo, a repercussão deste tamanho de acordo com o peso político que o PT teve na campanha, da relação, da aliança que teve com os Ferreira Gomes. Os Ferreira Gomes construíram um processo de participação efetiva junto com o PT e a nossa presença com o Camilo sendo do PT e construindo o modo petista de governar fará uma grande diferença. Há muitas expectativas. Dois elementos que caracterizam o Governo Camilo são a transparência e o diálogo. Nós queremos institucionalizar o diálogo através da construção de canais, da construção de políticas claras e ter dentro desta relação uma definição clara do método do governo, de quais são as ações do governo e sobretudo, como construir nesta narrativa, o clássico governo petista.

 

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Ceará 247 - O PT participa da discussão política do governo?

De Assis - É um dos grandes entraves que nós poderíamos elencar. Há uma construção a ser feita. O partido enquanto instrumento ainda não está sendo totalmente participativo. O governo, a partir do governador, trata com o presidente, com o vice-presidente nacional, com o líder, mas enquanto relação institucional ainda não há esse formato. Imaginamos que essa construção venha a avançar nessa perspectiva.

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Ceará 247 - Como está o diálogo do PT com a militância, com a base e com a sociedade, nesse momento de crise política, econômica e institucional do governo da Presidente Dilma Rousseff?

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De Assis - Há um hiato de diálogo. Esse hiato é expresso na dificuldade do governo da Dilma, de estabelecer relações, com os canais conhecidos, com os movimentos sociais, com as bases partidárias, mas principalmente com a sociedade. Saímos de uma campanha dialogando com uma base social para além do PT, para além dos simpatizantes, para além dos filiados. Reconstruímos diálogos que haviam sido perdidos. Esta dimensão social do que se deu no segundo turno acabou se rompendo ou se fragmentando, se fragilizando na relação pós eleição. A base social do PT exige permanentemente que tenha alimentação da política, que tenha informação, que possa se mobilizar a partir da questão concreta, da questão daquilo que está sendo apresentado a sociedade. Hoje nós sabemos de todos os ataques que estão sendo patrocinados pelos meios de comunicação, pela mídia tradicional e o quanto isso tem atingido, hoje, a bandeira da corrupção, que é uma bandeira histórica da militância petista, que acaba sendo difusa. Esta bandeira, por não assumir a dimensão social, a repercussão da realidade dela, acaba fragilizando o diálogo. Estamos precisando resgatar a partir das plenárias, dos seminários, dos debates, para que a militância seja parte e interaja e construa uma intervenção política.

 

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Ceara 247 - O PT não está dialogando sua base?

De Assis - Há muita dificuldade do partido como um instrumento. Hoje nós temos a escola de formação e a secretaria de formação, que dialoga pouco. Não é que não esteja dialogando, mas para responder ao tamanho da crise, nós precisamos ampliar e construir outros laços, construir outras narrativas para fazer o resgate desta militância e preparar essa militância para que ela faça a defesa do partido. Ampliar a mobilização no movimento social, na base sindical. Construir com as mídias sociais uma intervenção que permita ao militante o sonho de ele dialogar e ampliar a defesa do projeto histórico do nosso partido e como consequência do nosso governo.

 

Ceará 247 - O que o PT do Ceará está fazendo neste sentido?

De Assis - Nós fizemos um ciclo de debate. Nós temos um roteiro de reuniões. Estamos percorrendo o Cariri. Na segunda quinzena de março estaremos na Região Norte. Vamos visitar todos os prefeitos, todos os vereadores. Estamos convocando dois seminários: um com vereadores, outro com secretários municipais e um com os movimentos socais, para armar, prepara e mobilizar o partido. A partir de abril nós vamos fazer as conferências municipais na preparação do congresso nacional. Das conferências municipais nós faremos etapa estadual. Isso fará todo o processo de discussão, de debate da conjuntura, das necessidades de mobilização e principalmente da pauta da reforma política, da taxação das grandes fortunas, mobilizando o partido, armar o partido no sentido de defender a bandeira de construção de um governo democrático, transparente, participativo e com luta social.

 

Ceará 247 - O governador Camilo Santana foi eleito com apoio do Pros, tanto dos Ferreira Gomes, como do Prefeito Roberto Cláudio. O PT já se prepara para 2016 e existe uma discussão interna sobre a candidatura própria em Fortaleza. Como está esse processo?

De Assis - Esse processo será discutido em seu tempo. Não iremos discutir eleições de 2016 em 2015. Eu tenho defendido que em 2015 nós temos que preparar, organizar e garantir a militância e o debate político para que a gente chegue bem em 2016. O projeto político do PT tem que ser construído a partir dessas relações construídas em 2015. Porém, é fato que presença de Roberto Claudio, o apoio decisivo dos Ferreira Gomes e do PROS ao candidato do PT, exige um posicionamento para 2016 com o olhar de 2014. Embora não tenhamos que estar debatendo nem discutindo isso nesse momento. Mas é importante reconhecer o quanto Roberto Claudio fez na campanha em apoio ao Camilo. O que o governador Cid Gomes fez na perspectiva, no momento histórico de romper a ascensão e o crescimento do PSB, em nível de nordeste, em nível nacional, apoiando a presidente Dilma e num segundo momento trazendo o apoio ao um candidato do PT. Tudo isso é muito significativo e expressivo. Vamos debater essa eleição olhando a pauta e o cenário nacional. Nós vamos construir a governabilidade para ter um processo que nos leve ao  debate nacional inserindo o combate local.

 

Ceara 247 - O que significa a indicação do deputado federal José Guimarães para a liderança do governo na Câmara, neste momento de crise?

De Assis - Primeiro ter a importância de ter um nordestino assumindo esse papel. Segundo, pela capacidade, pelo conhecimento e a habilidade que o José Guimarães na construção de relações. O fato do Guimarães ter sido líder do PT e ter desempenhado extraordinariamente esse papel o credenciou. Os primeiros 25 dias do Guimarães a frente da liderança do governo deram uma dimensão da capacidade, da responsabilidade, pacificando, unificando e construindo a governabilidade do Congresso. Mas principalmente garantindo ao governo da presidenta Dilma o caminho que é de aprovar as medidas necessárias, mas sobretudo, construir dentro do Congresso Nacional uma relação que dê a dimensão política, que dê relação social, para que a gente tenha a dimensão política das políticas a serem constituídas. É o nome certo, é o nome correto, que tem densidade e capacidade e muita habilidade na construção das políticas e das relações, buscando essa nova maioria de dentro das relações dentro do Congresso e com as políticas.

 

Ceara 247 - O senhor iniciou sua militância política no movimento sindical. Existe muita diferença em presidir a Cut e o PT?

De Assis - Existe, com certeza. A trajetória do movimento sindical é marcada por posições imediatas. Se está sempre disputando. Não há meio termo. Tem que estar naquele momento construindo um posicionamento que vai ser vitorioso ou derrotado. Não tem a construção da mediação da política. Lá, se está buscando um resultado. E esse resultado é expresso numa reunião, numa greve, numa eleição... Lá você tem a construção de resultado e tem que ser imediato, na busca da maioria, não tem recuo. Na política você pode ganhar um momento ou perder, tendo um hiato que separa a política da realidade. A política é aquela que vai se constituindo em processos, construindo hegemonia nas relações sociais e nas relações políticas. Isso dá um diferencial muito grande da relação sindical. A política é de médio e longo prazo.

O sindicato é imediato. A relação social estabelecida também é diferente. Na sindical, por exemplo, se está interno a uma categoria. Na política se está para a sociedade. Para a política se fala em aspecto global. Para uma categoria fala-se algo específico, embora tenha relação com o global, mas feita a partir deste parâmetro específico.

 

Ceara247 - O que é mais difícil, a base sindical que é focada ou a militância partidária difusa?

De Assis - A militância partidária difusa exige conhecimento amplo, exige capacidade de mediação e ainda exige que se tenha capacidade de interagir nos processos e na interlocução dos mais diferentes assuntos e das pautas que exigem do partido as respostas. Dialogar com o imediato, com o concreto, mas principalmente com o abstrato que faz com que as pessoas possam estar imaginado uma solução e a partir da utopia, do sonho, da articulação, consegue resultado. No movimento sindical não. É preciso apresentar aquilo que é palpável, aquilo que é concreto, aquilo que se está apresentando como real e as pessoas incorporam o procedimento que vai fazer na valorização que ele tem daquele fato. Se ele se sente parte, imediatamente incorpora. Na questão social, na questão política, tem que se construir a partir dos sonhos.

 

 

 

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