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Doria nega candidatura e diz que errou ao viajar demais

“Em relação às viagens eu já diminui. De fato, elas, talvez em excesso, tenham prejudicado e essa sensação de ausência, embora não proceda, mas a sensibilidade e a humildade determinam é melhor ouvir a voz das ruas e ter a humildade de corrigir e eu já posicionei isso, então estamos viajando menos e trabalhando mais”; o tucano também negou que vá disputar a presidência da República

Doria e Mariana Godoy (Foto: Leonardo Attuch)
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Da Rede TV – O Mariana Godoy Entrevista desta sexta-feira (17) recebeu o prefeito de São Paulo João Doria, apontado como possível pré-candidato do PSDB à presidência da República. Nesta entrevista da série que o programa realiza com os presidenciáveis, Doria garantiu que não será candidato ao Planalto, acusou, mais uma vez, a gestão do PT de ter roubado o país, defendeu que o governo privatize grandes estatais, mostrou-se contrário à taxação de grandes fortunas e elogiou a reforma trabalhista que, para ele, penalizava os patrões e deixava a relação com os funcionários injusta.

João Doria iniciou a participação no programa dizendo o que aprendeu nos meses à frente da Prefeitura de São Paulo: “Aumentar a minha resiliência, porque os enfrentamentos são muito grandes em uma cidade do tamanho de São Paulo”. Ele destacou, ainda, a capacidade de manter o otimismo, mesmo diante dos problemas e da falta de recursos que, segundo ele, tem encontrado em sua gestão.

Foi, justamente, a falta de verbas que motivou uma crise enfrentada por Doria nos últimos dias. O tucano demitiu o prefeito regional da Casa Verde/Cachoeirinha depois que Paulo Cahim criticou, publicamente, a redução de verba prevista para 2018. Doria criticou Cahim e afirmou que as discussões de problemas da cidade devem ser feitas internamente: “Você pode trabalhar, quem está no governo tem que trabalhar. Imagine se eu ficasse aqui o tempo inteiro reclamando do Fernando Haddad.” Doria prosseguiu: “Todos que trabalham na Prefeitura de São Paulo têm a orientação de trabalhar em vez de reclamar.” Ele reforçou que não proíbe prefeitos regionais e secretários de debaterem os problemas da cidade, garantiu que isso ocorre frequentemente, mas “dentro de casa”.

O prefeito de São Paulo foi confrontado com o situação do presidente Michel Temer, que fará uma reforma ministerial até abril de 2018, pois alguns de seus ministros possivelmente concorrerão nas eleições. Questionado se adotará a mesma postura no município, haja vista que prefeitos regionais e secretários devem se lançar como candidatos no pleito de 2018, Doria observou:  “Tem que cumprir a lei, é obrigatório, no mês de abril tem que sair.” O político do PSDB, entretanto, não se mostrou contrariado com a saída de colaboradores, mas alertou que em São Paulo o prazo para que os pré-candidatos deixem suas pastas é mais curto e se encerra no meio de março: “Não há nenhum problema que desejem ser candidatos”.

João Doria garantiu que não será o candidato do PSDB à presidência da República: “Vou repetir o que eu disse aqui da última vez. Eu não me apresento como pré-candidato do PSDB e sim como prefeito da cidade de São Paulo. Fico muito feliz de ser lembrado.” Apontado como um ‘contraponto ao PT’, o político tucano observou que, na política, “um dia é uma eternidade”, mas sentenciou: “Daqui de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin e eu sairemos unidos.” Doria reassumiu o compromisso de não disputar prévias do partido caso o governador de São Paulo decida ser o candidato da legenda: “Não faz sentido isso, eu sou amigo do Geraldo Alckmin, como é que eu vou disputar com o Geraldo Alckmin”?

O prefeito da capital paulista defendeu a necessidade de se reformar a Previdência Social, mas disse acreditar que isso não deverá ocorrer, de forma completa, antes das eleições de 2018: “O ideal é que fosse feita antes, que fosse feita de forma completa, mas não é isso que vai acontecer.” Ele crê, no entanto, que parte da Reforma será implementada. Doria defendeu idades iguais para aposentadorias de homens e mulheres, aos 65 anos. O tucano disse que ficaria satisfeito caso essa mudança, ao menos, fosse aprovada antes das eleições: “Se votar o teto de idade já vai ser um ganho”.

Diante da votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que revogou as prisões do presidente da Casa, o deputado Jorge Picciani, e dos deputados Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB, Doria comentou a frustração popular com a decisão da Alerj e minimizou a falta de fé da população no Poder Legislativo, que já havia sido manifestada em decisão semelhante do Senado ao reintegrar Aécio Neves (PSDB) ao Congresso: “Se você não creditar, ainda que com as mazelas, os erros, os equívocos do Legislativo, mas se você não acreditar que a democracia tem três poderes, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, você não acredita mais na democracia e se você não acreditar na democracia você vai acreditar no totalitarismo e o totalitarismo, de esquerda ou de direita, destrói um país.” Ele observou que há vários políticos  presos e defendeu que as decisões do Senado e da Alerj foram tomadas amparadas na Constituição: “Apesar de, em alguns momentos, você e, certamente, outros brasileiros que estão nos vendo aqui estarem chateados, aborrecidos, revoltados, mas a Justiça tem procurado cumprir o seu papel. O Brasil hoje é um país melhor do ponto de vista do cumprimento da medidas da Justiça, ainda que possam ter havido momentos em que ela não se cumpriu como se esperava, como se desejava”.

Ao ser lembrado que a ação ocorrida na Alerj teve como base uma decisão do Supremo Tribunal Federal que foi motivada pelo colega de partido do prefeito de São Paulo, o senador Aécio Neves, Doria defendeu a decisão tomada pelos senadores: “Não se trata de fazer uma análise do ponto de vista do meu partido, ou da minha própria análise, é a Constituição, você tem que respeitar a lei. Respeite a Constituição ou mude a Constituição. Você não pode, em função do seu desejo, ainda que bem amparado, desejar fazer algo ao arrepio da lei, confrontar a lei, confrontar a Constituição. No dia em que se fizer isso, você destrói o país”.

João Doria comentou as manifestações feitas no último dia 15 de novembro, em São Paulo, em defesa do militarismo e as classificou segundo seu ponto de vista: “Inadequadas, até porque elas não têm eco nos militares. Os militares, os comandos militares estão muito conscientes de que devem permanecer na condição em que estão e não assumirem um papel político que não lhes cabe. Militar não foi eleito, militar cuida da defesa, são princípios que todos eles sabem e estão cumprindo”.

O prefeito de São Paulo criticou as alternativas que têm se apresentado, nas pesquisas eleitorais, como as mais bem avaliadas pelos eleitores brasileiros. No momento, as pesquisas opõem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Jair Bolsonaro: “Seria ruim para o Brasil ter apenas essas duas alternativas”. O tucano não crê que Lula e Bolsonaro possam resolver os problemas da população mais pobre do Brasil que, segundo Doria, quer emprego. Ele defendeu o surgimento de um candidato que represente o pensamento liberal.

João Doria disse concordar com a visão do Governo Temer de que a Reforma Trabalhista, aprovada em Brasília e já em vigor, gerará empregos no país: “A reforma foi correta, foi adequada, ainda que tardia, talvez tivesse sido melhor se tivesse vindo há mais tempo, mas nesse caso se aplica o antes tarde do que nunca. Ela é boa, ela é positiva, ela não gera desemprego, ao contrário, ela é estimuladora do emprego, ela vai irrigar a atividade empregatícia, ela regula melhor uma circunstância, do ponto de vista da Legislação Trabalhista, que era esdrúxula, inadequada, injusta e penalizadora aos patrões, aos empregadores. Agora, ela torna mais equilibrada essa relação e permite ao empregador empregar, fazer aquilo que ele deseja, sem medo, e permite ao empregado ser um bom funcionário, cumprir o seu papel sem abrir mão dos seus direitos, ele continuará tendo os seus direitos, mas não há cabimento em que alguém, tendo perdido o seu emprego por alguma circunstância, que no dia seguinte entre com uma medida judicial na Justiça do Trabalho, querendo cem vezes, em alguns casos 200 vezes o seu salário, por força de uma demissão, tendo trabalhado seis meses”.

Depois de trocar farpas publicamente com um cacique do PSDB, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, Doria garantiu que os dois se entenderam: “Já recompomos. Isso foi um momento, já tivemos uma boa conversa, zeramos as nossas questões.” O prefeito de São Paulo afirmou que divergências acontecem às vezes, mas observou: “Tolerância, bom senso, equilíbrio, diálogo é sempre melhor do que o atrito”.

Questionado se pensa em deixar a legenda de que faz parte desde 2001, Doria garantiu que não: “Não há razão para eu sair do PSDB.” Ele ainda falou sobre sua relação com a prefeitura de São Paulo: “Eu gosto de prefeitar, eu amo a minha cidade, gosto do que estou fazendo, amo o Brasil.”

Ao falar sobre os desejos de privatizar órgãos públicos na capital paulista, Doria foi questionado sobre privatizações em âmbito nacional e se mostrou favorável à privatização da Eletrobras: “Totalmente a favor. Absolutamente a favor. Aliás, da Eletrobras, dos aeroportos que ainda não foram privatizados, dos portos, das ferrovias, das hidrovias, da Petrobras. Eu defendo a privatização da Petrobras inteira.” Doria prosseguiu: “Não faz sentido você manter uma Petrobras, hoje, sob domínio e controle governamental.” O tucano foi além: “Sou a favor da privatização dos Correios, por que precisa ter monopólio? Não há o menor sentido, nós estamos no século XXI, monopólio de Correios, com todo respeito aos correios”.

Com relação à privatização da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, João Doria observou: “Eu defendo que haja uma única instituição, nós não precisamos ter duas instituições. São sérias, aliás os correios são sérios, a Petrobras é séria, hoje, não era no governo Dilma e nem no governo Lula. Hoje, com o Pedro Parente, é uma instituição séria a Petrobras.”

Doria se mostrou preocupado com o retorno de Lula à presidência da República: “Amanhã aparece um Lula, ou algo semelhante ao Lula, é um assalto novamente.” O tucano debochou da chance de o ex-presidente se candidatar e disse acreditar em sua prisão: “O Lula terá uma longa temporada em Curitiba, em breve. Todos nós poderemos mandar chocolates para o Lula lá”.

Ao falar sobre uma possível Reforma Tributária no Brasil, João Doria mostrou-se contrário à taxação de grandes fortunas, lucros e dividendos: “O Brasil não precisa de mais impostos, ao meu ver. Nós precisamos é de menos impostos, mais equilíbrio e mais emprego, o que o Brasil precisa é de mais emprego.” Por outro lado, Doria defendeu a medida de taxar os serviços de streaming, como a Netflix: “Como é que você pode imaginar uma empresa americana prestando serviço e ganhando dinheiro sem pagar impostos”.

João Doria comentou a queda da taxa de aprovação de sua gestão à frente da prefeitura de São Paulo e opinou se o excesso de viagens e a postura agressiva diante de alguns adversários políticos poderiam ter influenciado nessa mudança negativa dos números: “Em relação às viagens eu já diminui. De fato, elas, talvez em excesso, tenham prejudicado e essa sensação de ausência, embora não proceda, mas a sensibilidade e a humildade determinam é melhor ouvir a voz das ruas e ter a humildade de corrigir e eu já posicionei isso, então estamos viajando menos e trabalhando mais.” Ele continuou: “Em relação à agressividade, foi o episódio do Goldman, aquele episódio é que foi. Como ganhou muita repercussão, mas como nós já reconciliamos, então é uma demonstração clara de que eu sou conciliador, eu sou integrador, não sou odioso e nem tenho essa linha de machucar as pessoas, não é o meu perfil”.

O prefeito de São Paulo comentou, ainda, o projeto de asfalto das principais avenidas de São Paulo e se mostrou resignado com a cobrança dos munícipes: “As pessoas esperam uma cidade melhor e esperam do prefeito que ele tenha uma atuação permanente. O asfalto nós conseguimos, finalmente, viabilizar recursos, levou nove meses para conseguir. Eu não quero ficar falando, aqui, do meu antecessor, mas tínhamos um déficit, tínhamos não, temos, de R$ 7,5 bilhões, isso exigiu, realmente, mão no freio para que São Paulo não tivesse uma situação semelhante à do Rio de Janeiro.” Doria disse que serão entregues mais de 400 km de vias asfaltadas com material de qualidade e prometeu: “Até o final do ano que vem estaremos com todas as avenidas reasfaltadas em São Paulo”.

O tucano explicou por que a prefeitura de São Paulo recuou na ideia de distribuir a farinata, produto alimentar chamado pelos críticos de ‘ração humana’: “Faltou comunicação, você tem que ter discernimento quando você comete falhas. A farinata, em si, é o mesmo princípio que a dra. Zilda Arns usou a vida inteira e ela ajudou a combater a fome, ajudou milhares de pessoas e ajudou a combater a desnutrição infantil no Brasil e fora do Brasil.” Doria prosseguiu: “Não era para alimentação, era para complementação, suplementação alimentar, mas a polêmica foi tanta que a nossa decisão foi: vamos estacionar, não vamos mais fazer.” Doria reforçou que a prefeitura está oferecendo às crianças da rede de ensino municipal alimentos naturais, orgânicos, como grãos, frutas e verduras.

Como não se considera um pré-candidato à presidência da República, Doria não disse por que gostaria de ser presidente do Brasil, mas disse o que espera do futuro do país: “Eu desejo um país que tenha empregos, que tenha oportunidades, que tenha honestidade, que tenha decência e que tenha comprometimento com seu presente e com seu futuro. O Brasil é grande, é um país maravilhoso, um povo bom, um povo digno, não faz sentido viver numa situação tão difícil, com tanto desemprego e com tantas diferenças sociais. Nós temos que construir um projeto que ofereça oportunidade aos mais pobres de terem dignidade, não apenas no emprego, mas também na educação dos seus filhos, na alimentação, na saúde, na mobilidade urbana e na segurança pública. O Brasil pode e deve ser um país muito melhor, é isso que eu espero, é isso que eu desejo para o Brasil e é possível. Não é um sonho de longo prazo, é um sonho possível, de curto, médio prazo para o Brasil, é perfeitamente possível”.

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