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Entenda por que o dólar deve cair até R$ 3,30

A queda do dólar ainda não chegou ao fim. Não somente por conta da expectativa pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas por questões externas, que tem influenciado a trajetória de baixa da moeda, que acumula desde o topo de janeiro (R$ 4,1655 na venda) desvalorização de 15,5%. Ontem, o dólar comercial encerrou em queda de 0,83%, a R$ 3,5191 na venda

dolar (Foto: Leonardo Attuch)
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SÃO PAULO - A queda do dólar ainda não chegou ao fim. Não somente por conta da expectativa pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas por questões externas, que tem influenciado a trajetória de baixa da moeda, que acumula desde o topo de janeiro (R$ 4,1655 na venda) desvalorização de 15,5%. Ontem, o dólar comercial encerrou em queda de 0,83%, a R$ 3,5191 na venda. 

Para os analistas consultados pelo InfoMoney, há 10 razões para se acreditar que a queda não acabou e o dólar pode buscar os R$ 3,30 em breve, enquanto investidores, de maneira geral, olham para o Brasil com melhor ótica à medida que as chances de impeachment aumentam e levam o CDS (Credit Default Swap) - que funciona como um "seguro calote" das dívidas do País - para patamares mais baixos. As análises são baseadas no último relatório da Nomura e entrevistas com o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, e com o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo.  

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Além disso, movimentos externos, como a alta das commodities e um tom mais "dovish" do Federal Reserve, contribuem para a queda do dólar no mundo. Nesta quarta-feira, é de lá que virá um possível driver do mercado, com o desfecho da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee). "Hoje, o Fed vai decidir o que fará na próxima reunião de junho. Provavelmente só subirá o juro no final do ano, com dado de emprego devendo vir mais fraco nos Estados Unidos. Isso abrirá janela para o dólar cair mais 5% a 6% lá fora e, consequentemente, aqui", comentou o diretor de câmbio José Faria Júnior.  

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Confira abaixo as 10 razões que os analistas destacaram para se acreditar em novas quedas do dólar:

1) Votação do impeachment

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A decisão da Câmara dos Deputados no dia 17 foi apenas o primeiro passo do processo do impeachment e mesmo que a Casa tenha aprovado o andamento, isso não elimina o risco político sobre os ativos. Para a Nomura, há dois cenário possíveis: o primeiro seria com o novo governo mostrando ter capacidade em buscar alianças políticas que permitam que ocorra uma reforma no país; no segundo, há uma falta de capacidade de Temer forjar alianças fortes sob o que poderia trazer a instabilidade de volta.

2) Um novo governo

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O mercado vai seguir especulando nos próximos dias - com a votação do impeachment no Senado podendo ocorrer dia 10 de maio - como será composta uma eventual equipe econômica do governo Michel Temer, comentou Faria Júnior. Sinalizações mais pró-mercado, como a possível indicação de Henrique Meirelles, tendem a puxar para baixo a moeda. 

A Nomura fala de uma "combinação certa de talento no Ministério da Fazenda e do Banco Central", que poderia significar uma continuação dos fluxos para os mercados locais, favorecendo para uma queda do dólar. "Até agora, o maior problema do Brasil é fiscal e, como tal, o trabalho pesado recai sobre o Ministério da Fazenda", afirmam os analistas.

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"Se o Banco Central conseguir projetar segurança, com um forte compromisso em implementar uma política monetária consistente ou através do anúncio de novos membros, então cortes da taxa de juros podem chegar mais cedo do que o esperado", explica a Nomura. Com esses corte, o mercado deve ver fluxos adicionais que beneficiariam o câmbio.

3) Posicionamento do mercado

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Os analistas da Nomura afirmam que os fluxos e indicadores sugerem que os players de mercado e agentes econômicos estão comprados em dólar, mas menos do que antes. "Nosso ponto de vista é que a colocação do Banco Central em realizar leilões de swap cambial reverso foi a ação correta e é um passo na direção certa, não só para reduzir a exposição do BC às flutuações do dólar, mas também ajudar a situação fiscal", diz o relatório.

Para eles, a oportunidade criada pela dinâmica do impeachment criou uma ação direta de preço e um impacto "psicológico" nos agentes econômicos, que começaram a se desfazer de suas posições de hedge criadas durante o auge da atual crise (após outubro do ano passado). A interpretação é que o fluxo cambial e as novas visões do mercado sustentem uma queda no curto prazo, o que deve levar o BC a continuar se desfazendo de suas posições.

4) Correlação do risco País

Outro ponto que tem contribuído para o movimento é o aumento da correlação do risco País (CDS de 5 anos) com o dólar. "A percepção de risco está diminuindo, ainda que estejamos durante o processo de impeachment, e isso favorece a entrada de recursos no Brasil", comentou o analista Raphael Figueredo. O BNP Paribas vê o CDS caindo para patamares próximos a 300 pontos-base, com o dólar seguindo o movimento, diante de quaisquer medidas positivas que deem suporte para o fronte fiscal. 

5) Exterior

A Nomura aponta também para dois países em especial que podem afetar a dinâmica do dólar nos próximos meses. A China, e os diversos estímulos que estão sendo feitos pelo governo local, e o Estados Unidos, de olho em possíveis novas altas de juros pelo Federal Reserve. No caso do gigante asiático, os fluxos comerciais têm melhorado, segundo os analistas, e isso tem sido visto como um fator positivo com uma melhora do mercado chinês.

Enquanto isso, nos EUA, apesar da expectativa da Nomura em uma alta de juros em junho, os analistas dizem que é importante ficar de olho nos dados econômicos, que podem reduzir estas projeções, o que poderia favorecer para uma queda da moeda norte-americana em relação ao real. Para a Wagner Investimentos, o Fed deve lançar somente para o fim do ano um novo aumento nos juros, em meio à expectativa de dados piores de emprego por lá. 

6) Intervenções do Banco Central

"Embora seja verdade que o banco central está comprando dólares no mercado a termo através de operações de swap reverso e comprou cerca de US$ 25 bilhões em um curto período de tempo, nós acreditamos que este movimento deve, finalmente, ajudar a economia e, portanto, vemos isto como um fator de apoio para o mercado no médio prazo", explicam os analistas da Nomura.

Eles veem com bons olhos as recentes intervenções da autoridade monetária brasileira no câmbio e acredita que "o que torna este episódio de intervenção interessante do ponto de vista da eficácia é a sua imprevisibilidade em relação ao tempo e tamanho, levando a melhores resultados".

7) Repatriação

A questão da repatriação é outro fator que deve ter grande impacto no mercado cambial. Isso porque as novas regras devem elevar o fluxo de capital para o Brasil, o que favorece para uma queda do dólar. Para o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, isso vem sendo "negligenciado" pelo mercado, mas deve começar a bater na porta a partir do segundo semestre. As novas regras começaram a valer em 4 de abril e todos devem ajustar suas situações até novembro, ou seja, esse impacto deve começar a ser sentido mesmo na segunda metade do ano, conforme o prazo final se aproximar.

8) Dívidas dos estados

O cálculo das dívidas dos estados, que será julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quarta-feira (27), também deve influenciar o câmbio. Enquanto o governo quer que a fórmula permaneça a mesma, com juros compostos, os estados lutam para que o cálculo passe a ser feito por juros simples. A questão é que esta diferença teria um impacto gigantesco nas contas do País, de cerca de R$ 300 bilhões.

O impacto nesse caso não envolve fluxo de capital, mas sim as contas do governo. Se forem utilizados juros simples, o governo deve sofrer e ver piorar sua situação fiscal, afastando investidores do País, puxando o dólar para cima. No caso contrário, o governo conseguiria ter uma boa arrecadação, mantendo - ou até melhorando - sua situação, o que traz novo ânimo ao investidor. 

9) Restauração da confiança

Essa questão do otimismo do mercado envolve, principalmente, uma possível troca de governo. Segundo o diretor da Wagner, o impacto da saída de Dilma não será direto na economia, mas há uma injeção de confiança caso isto ocorra. Ou seja, só de o investidor já começar a se animar com uma melhora econômica no futuro, a entrada de dólares no país já deve aumentar, derrubando as cotações. Para ele, quando o indicador que mede a confiança do consumidor e do empresário mostrarem, juntos, uma melhora, isso poderá mostrar que já atingimos o fundo do poço. Até agora, somente a confiança do empresário, segundo dados divulgados na última terça-feira, apresentou uma melhora. 

10) Dollar index

Lá fora, o dollar index segue em trajetória de baixa no médio prazo, tendo influencia também no movimento do dólar frente ao real. Pelo modelo da Wagner Investimentos, há chances do dollar index cair cerca de 5% a 6%, o que ajudaria a derrubar o dólar frente ao real, pelo menos, na mesma proporção. Na terça-feira, o dólar seguiu fraco no exterior com mercado aguardando comunicado que será divulgado hoje após a reunião do Fomc. Amanhã, será a vez do BoJ anunciar a sua decisão e mercado espera aumento do QE no Japão. Se a tendência se firmar, o diretor da Wagner Investimentos vê possibilidade do dólar buscar em breve os R$ 3,40 para depois cair até os R$ 3,30 - ou até um pouco abaixo desse patamar.  

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