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Ex-médicos da Prevent Senior dizem que operadora obrigava a trabalharem com Covid e a receitar medicamento capaz de dar hepatite

Médicos que trabalharam na Prevent Senior, uma das maiores operadoras de saúde do país, afirmaram ter sido pressionados para receitar medicamentos sem comprovação científica contra a Covid-19. Alguns deles trabalharam mesmo com diagnóstico da doença. Denúncia chegou ao MP-SP

Denúncias de médicos complicam situação de uma das maiores operadoras de saúde (Foto: Divulgação)
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247 - Médicos que trabalharam na linha de frente da Covid-19 na Prevent Senior, uma das maiores operadoras de saúde do país, afirmaram ter sido pressionados para receitar medicamentos sem comprovação científica contra a doença: cloroquina, azitromicina, ivermectina e a flutamida, indicada apenas para câncer de próstata. Esses remédios fazem parte do chamado "kit covid" e já foram receitados em várias ocasiões por Jair Bolsonaro. Os profissionais de saúde da operadora relataram que foram obrigados a trabalhar mesmo estando infectados. As mensagens foram trocadas em aplicativos de grupos da Prevent que confirmam o relato dos profissionais. A informação foi publicada pela GloboNews e reproduzida pelo portal G1

Um dos médicos foi demitido após se recusar a dar essas medicações. "Eu deixei de prescrever por um único dia acreditando nisso e acabei sendo chamado à diretoria com orientações bem claras de que eu deveria prescrever a medicação e o que ficava implícito era que se não prescrevesse a medicação você estaria fora do hospital. Voltei a prescrever a medicação por ter sido obrigado a prescrever. A autonomia, na verdade, é zero, você não tem escolha de deixar de prescrever. Se você não prescreve, você vai ser demitido", afirma um deles.

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Uma segunda médica disse que a prescrição do "kit covid" foi uma orientação padrão para todos os pacientes. “Ao menor sinal de síndrome gripal, a orientação era que prescrevesse. Se o paciente teve uma coriza, você tinha que prescrever o kit. Bastava ter um único dia de evolução, algumas horas de evolução, paciente chegou, descreveu os sintomas, você tinha que entregar o kit. Eles contabilizavam o número de kits".

Outra médica pediu demissão por não concordar com essas práticas. "Todo plantão que eu ia lá sempre tem alguém que dizia, ‘olha, eu tenho que prescrever, qualquer sintoma gripal eu tenho que passar para o paciente. Então, não tem escolha, não. É diário mesmo. Então se tinha um paciente internado, aí eu deixava uma prescrição, aí vinha alguém de cima e falava ‘não, faltou tal coisa’. Ia lá, mexia na minha prescrição e colocava outra. Então isso chegou a acontecer. E aí eu acabo não exercendo aquilo que eu estudei".

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Médicos infectados

Dois dos médicos afirmaram que foram obrigados a dar plantões mesmo estando infectados com o novo coronavirus. Um deles enviou o resultado do teste e a escala de plantões nos dias seguintes, comprovando que ele trabalhou mesmo infectado.

"Aconteceu algumas vezes, inclusive comigo. Eu estava com Covid, tive o diagnóstico, enviei a mensagem para o meu coordenador, avisando que estava com Covid, mandei o exame pra ele, ele pediu que eu fosse para o plantão mesmo assim para repetir esse exame lá (na Prevent Senior). O exame foi feito lá também, confirmou novamente que estava com Covid, mas ele pediu para eu continuar trabalhando mesmo assim. Não tinha escolha de poder ir para casa e continuei realmente trabalhando com um Covid", contou.

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Denúncia ao MP-SP

No dia 24 de março, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu uma investigação com o objetivo de investigar a prescrição de medicamentos não-indicados na rede Prevent Senior. Naquele dia a Promotoria recebeu uma denúncia anônima de que "os médicos da direção da empresa estão solicitando a prescrição obrigatória para todos os pacientes internados com Covid-19 de medicações não comprovadas cientificamente", e citou a "flutamida" e o "etanercepte".

De acordo com o denunciante, "a Prevent Senior está induzindo seus médicos a prescreverem as medicações citadas sem consentimento livre e esclarecido dos familiares dos pacientes, sem estar enquadrado em nenhum estudo científico e sem protocolo institucional".

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O etanercepte é um remédio para o tratamento de artrite e psoríase. A flutamida é um inibidor de hormônios masculinos, usado exclusivamente no tratamento do câncer de próstata.

A representação ao MP foi acompanhada de fotos de diálogo em um grupo de médicos da Prevent. Um diretor da operadora escreveu: "Bom plantão a todos e enfatizo a importância da prescrição da Flutamida 250 mg de 8 em 8 horas para todos os pacientes que internarem".

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Outro lado

Em nota, a Prevent Senior afirmou que "jamais coagiu médicos a trabalhar doentes" e que respeita a autonomia de seus profissionais.

"A Prevent Senior jamais coagiu médicos a trabalhar doentes, o que foi atestado recentemente por vistorias de conselhos de classe. Todos os profissionais prestadores de serviço afastados, aliás, continuaram a receber salários", continuou.

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"Sobre os tratamentos, a empresa dá aos médicos a prerrogativa de adotar os procedimentos que julgarem necessários, com toda a segurança e eficiência e sempre de acordo com os marcos legais, notadamente seguindo as diretrizes do Conselho Federal de Medicina. Entretanto, como a Prevent Senior não teve acesso aos supostos documentos obtidos pela Globonews, não pode esclarecer detalhadamente os questionamentos", complementou.

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