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Ex-ministro de Lula: 'a China é o nosso desafio'

Ex-ministro da secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) no governo Lula, o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães afirmou, em palestra na UFRGS, que foi criada "uma propaganda extraordinária" de que não se pode aumentar mais impostos no País; segundo ele, diante da queda da receita, a política econômica interna "terá reflexos na externa"; "Nós estamos numa situação difícil que se agrega à China. A China que é um grande desafio"; o diplomata disse que o país asiático tem "gerado uma grande demanda de produtos primários”, mas precisa facilitar as importações para reerguer a indústria brasileira

Ex-ministro da secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) no governo Lula, o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães afirmou, em palestra na UFRGS, que foi criada "uma propaganda extraordinária" de que não se pode aumentar mais impostos no País; segundo ele, diante da queda da receita, a política econômica interna "terá reflexos na externa"; "Nós estamos numa situação difícil que se agrega à China. A China que é um grande desafio"; o diplomata disse que o país asiático tem "gerado uma grande demanda de produtos primários”, mas precisa facilitar as importações para reerguer a indústria brasileira (Foto: Leonardo Lucena)
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Jaqueline Silveira, Sul 21 - Em uma hora de palestra para um público formado, em sua ampla maioria, por estudantes, na noite de quinta-feira (22), o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães fez uma exposição dos desafios da política externa do Brasil e defendeu o combate à sonegação fiscal e a taxação das grandes fortunas. A atividade fez parte da Semana Acadêmica do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ex-secretário de Relações Exteriores do Ministério de Relações Exteriores no governo Lula, o diplomata fez um histórico da política econômica interna do Brasil desde a formação do país até dos dias atuais. Nesse contexto, ele ressaltou como "fundamentos importantes" tiveram reflexos na política externa brasileira: a posição geográfica e a composição demográfica da sua população. "Não pode ser ignorado o que acontece na Argentina, Bolívia, Venezuela", exemplificou o hoje professor do Instituto Rio Branco, sobre as nações vizinhas do Brasil. Guimarães relembrou que, em 1940, o país tinha um contingente de habitantes pequeno, cerca de 40 milhões, população menor do que a da França. Atualmente, são 200 milhões de brasileiros, enquanto o país europeu registra aproximadamente 60 milhões de franceses.

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Desde o início, relembrou ele, o país teve vários ciclos econômicos, como da cana-de-açúcar com mão de obra escrava, do minério, do café e da borracha. “Tudo isso caracterizou o processo econômico brasileiro”, pontuou o palestrante, sobre os vínculos estabelecidos entre “as classes dominantes” do Brasil e dos países interessados nos produtos. “A política externa tem de ser vista não como o vínculo dos países, mas, sim, das classes dominantes”, emendou Guimarães, citando como exemplo os Estados Unidos, que tinham interesse nos produtos primários brasileiros, como o café. O Brasil, inicialmente, conforme ele, “se apresentou como um grande produtor de matéria-prima”, referindo-se ao café, ao açúcar, à borracha, ao ouro e ao diamante.

Mercosul sofre ataque ideológico

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Nos dias atuais, avaliou Guimarães, há um “debate ideológico se “o Brasil só deveria dar preferência aos países da América do Sul” na sua política externa ou aderir a grandes acordos comerciais mundiais. Resultado dessa “disputa ideológica”, segundo o diplomata, a imprensa passa uma ideia de que o Mercosul não teve êxito. “Todos estão convencidos que o Mercosul é um grande fracasso. Estão equivocados, é um grande sucesso”, argumentou ele, que foi nomeado Alto- representante Geral do Mercosul, em 2011. O Brasil registra dentro do bloco, de acordo com o professor, o maior “superávit” das exportações, mas é visto negativamente por sofrer um “ataque ideológico”.

Grandes fortunas não pagam Imposto de Renda

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No contexto da política externa, o diplomata ressaltou que uma das visões que estão postas para o país é a “sociedade que vai se integrar ao mercado internacional e seja o que Deus quiser”. “Os capitais estrangeiros não vão salvar o país”, alertou Guimarães, que também foi ministro-chefe de Assuntos Estratégicos da Presidência no governo Lula. Hoje, na sua opinião, a política econômica adotada no Brasil criou “uma crise que não existia”. Para o professor, uma das alternativas para superar a crise é a taxação das grandes fortunas. Recentemente, conforme ele, a secretaria da Receita Federal divulgou que 71.740 brasileiros das “classes dominantes” faturam, somados, uma fortuna de R$ 300 bilhões ao ano e não pagam Imposto de Renda desde 1995. Só o Brasil e a Espanha, informou o palestrante, não tributam os cidadãos milionários. “Esses indivíduos são os que protestam contra a carga tributária. Isso é extraordinário! Essa disputa ideológica”, ironizou o diplomata, sobre o fato de não pagarem Imposto de Renda.

Operação Zelotes

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Guimarães também apontou como solução o combate à sonegação de impostos, enfatizando que o Brasil é o quinto país do mundo em recursos em paraísos fiscais somando US$ 535 bilhões. O escândalo das contas secretas com dinheiro não declarado no banco HSBC da Suíça e a Operação Zelotes, que investiga o pagamento por grandes empresas de “gratificações” aos conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em troca da anulação de multas milionárias por sonegação. Sem citar nome, o diplomata lembrou que só uma empresa do Rio Grande do Sul deve R$ 5 bilhões à Receita Federal.

China é o desafio

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Der acordo com ele, “criou-se uma propaganda extraordinária” de que não se pode aumentos mais impostos no país. Diante desse cenário e da queda da receita, comentou o professor, a solução encontrada é cortar recursos no Orçamento para 2016 de programas sociais, como do Bolsa Família, medida que ele discorda. Nesse contexto, o diplomata afirmou que a política econômica interna “terá reflexos na externa.” “Nós estamos numa situação difícil que se agrega à China. A China que é um grande desafio”, admitiu Guimarães, devido à situação do país e à administração das relações com o país asiático. A China, explicou ele, tem “gerado uma grande demanda de produtos primários”, mas, ao mesmo tempo, precisa facilitar as importações para reerguer a indústria brasileira. “A China tem de ser participante do esforço de reindustrialização do país”, completou o palestrante.

Pela vasta experiência na área, ao finalizar a palestra, o diplomata reforçou que o desafio do país em sua política externa “é como administrar as relações com a China”, e também as questões de comércio, no caso se deve aderir a grandes acordos mundiais. As relações com a Síria, Rússia e os BRICS, segundo Guimarães, são importantes, mas ficam em segundo plano.

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