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Fertilidade masculina. Obesidade modifica a genética dos espermatozoides

A genética determina o peso corporal de um indivíduo? Uma cirurgia bariátrica (anel gástrico, bypass, gastrectomia, etc.) resulta, tratando-se de nível de espermatozoides, em mudanças no funcionamento de certos genes, incluindo os relacionados com o controle do apetite.

Fertilidade masculina. Obesidade modifica a genética dos espermatozoides (Foto: Christian Darkin / Alamy)
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Por Jean-Luc Nothias - Le Figaro Santé

 

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Atualmente, sabemos «reconhecer» os espermatozóides de um homem obeso daqueles de um homem não obeso. E agora se demonstrou também que uma cirurgia bariátrica (anel gástrico, bypass, gastrectomia, etc.) resulta, tratando-se de nível de espermatozoides, em mudanças no funcionamento de certos genes, incluindo os relacionados com o controle do apetite, de acordo com um recente estudo dinamarquês realizado por Ida Donkin, da Universidade de Copenhague, publicado na revista Cell Metabolism.

Suspeita-se, portanto, que alguns fatores de risco da obesidade, não estritamente genéticos, poderiam ser transmitidos para a descendência por esse viés. O que explicaria em parte que crianças obesas têm um risco maior de estarem acima do peso. E de modo geral, esta transmissão de característica adquirida poderia ser um dos elementos envolvidos em determinadas predisposições e refletir a resistência ao estresse ou às alergias.

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Modificações reversíveis

Esses trabalhos incríveis tornaram-se possíveis através do desenvolvimento de uma disciplina relativamente nova, a epigenética. Ela foca no estudo das mudanças na atividade dos genes, relacionadas ao ambiente, no sentido mais amplo, das células. Estas modificações não envolvem a modificação da sequência do ADN (mutação), mas podem ser transmitidas durante divisões celulares. Ao contrário de mutações, as modificações epigenéticas são eventualmente reversíveis naturalmente. Esses fenômenos são bem conhecidos em plantas, em insetos e agora, em alguns animais.

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Os genes (entre 20 000 e 25 000 no homem) não funcionam todos ao mesmo tempo. Além disso, uma célula de pele não tem as mesmas necessidades que uma célula muscular ou um neurônio. Alguns genes estão «ligados», outros «apagados» ou em vigília; e o nível de atividade do gene pode ser forte ou fraco. Esta regulação dos genes é assumida por sinais bioquímicos (como a metilação), como se fossem etiquetas indicando que o gene deve se manifestar ou permanecer em silêncio. «Se o cromossomo é a fita magnética de uma fita cassete e que cada gene corresponde a uma faixa gravada na fita, as modificações epigenéticas são pedaços de fita adesiva recolocáveis que irão mascarar ou desmascarar algumas faixas, tornando-as ilegíveis ou legíveis », explica o Inserm.

A obesidade é transmitida pelos genes?

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O espermatozóide é um bom tema de estudo uma vez que se trata de uma célula isolada, que carrega a metade do patrimônio genético do indivíduo. Os pesquisadores podem estabelecer um perfil epigenético desta célula, ou seja, um esboço muito detalhado. «Demonstramos que os homens obesos são portadores de marcas epigenéticas específicas sobre genes essenciais para a regulação do apetite», explica Romain Barrès, da Universidade de Copenhague, sob cuja responsabilidade estes trabalhos foram realizados.

«Em um coorte de indivíduos maciçamente obesos que são submetidos a uma cirurgia dita bariátrica e que perderam em média 30 kg em um ano, observamos que essas mesmas marcas foram drasticamente reformuladas após a perda de peso. Nossos resultados sugerem que poderíamos mudar de forma muito dinâmica o que transmitimos através de nossas células sexuais aos nossos filhos, o que abre, em especial, novas perspectivas em termos de comportamento “pré-concepção” e mais especificamente na luta contra a epidemia da obesidade.»

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Mas muitas perguntas ainda permanecem sem resposta e o vínculo entre espermatozóides «obesos» e o risco de obesidade da descendência ainda deve ser provado formalmente. Novos estudos estão em andamento a partir de material (espermatozóides de doadores, células do cordão umbilical das crianças, embriões não utilizados dos mesmos doadores) de uma clínica de reprodução assistida dinamarquesa. Um estudo de longo prazo que vai demorar alguns anos.

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