Freire ataca: “PT assaltou os cofres públicos”
Deputado federal e presidente nacional do PPS joga água benta no projeto do socialismo de Eduardo Campos (PSB), diz que modelo petista esgotou-se e que Lula nem de esquerda é; “Ele é só o assistencialismo do Bolsa Família. Qual a sua grande obra?”; ex-comunista, analisa que a derrota do socialismo real, pós 1989, veio pela economia; revela, ainda, que a estratégia do PPS em 2014 é dobrar a sua representação federal e que acordo entre Campos e Aécio Neves (PSDB) num eventual segundo turno ocorrerá naturalmente
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Renato Dias, de Goiânia
Ele é o inimigo número um do PT. Ex-comunista, o deputado federal e presidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS), Roberto Freire (SP), joga, hoje, água benta no projeto do socialismo de Pernambuco com a impressão digital de Eduardo Campos (PSB).
– O modelo petista esgotou-se!
O parlamentar, que participou em Goiânia no último fim de semana de encontro programático ao lado de Campos e de Marina Silva, nega a existência de ruptura com o PSDB Nacional. O PPS fez uma outra opção, diferente de 2006 e de 2010, quando apoiou, respectivamente, na eleição ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin e depois, José Serra, explica. Os dois do ninho tucano.
– É que o PT promoveu um assalto aos cofres públicos.
Exército
O exército do PPS, hoje, é formado por apenas oito deputados federais, 160 prefeitos municipais, 50 deputados estaduais e em torno de mil vereadores espalhados pelo País, informa o velho líder socialista de 72 anos.
– A estratégia do PPS em 2014 é dobrar a sua representação.
A orientação nacional é clara, avisa: Nada de aliança política e eleitoral com partidos políticos que fazem parte da base da atual inquilina do Palácio do Alvorada, a petista Dilma Rousseff, ex-guerrilheira da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR- Palmares).
– Apesar disso, as alianças não serão verticalizadas.Animado, Roberto Freire relata que, em Goiás, a sigla abençoará o projeto de reeleição do inquilino da Casa Verde, o tucano Marconi Perillo. Um acordo com o neossocialista Vanderlan Cardoso está descartado. Ao seu lado, Marcos Abrão, presidente estadual, concorda.
– Em Goiás, o PPS quer eleger um ou dois deputados federais.
Sem dogmas
Com organização de Milton Coelho da Graça, antigo camarada da foice e do martelo e ex-editor executivo do Diário da Manhã, amigo do editor-geral do DM Batista Custódio, Roberto Freire lança, agora em junho, o livro de memórias e ensaios políticos A Esquerda Sem Dogma, Editora Barcarolla, 359 páginas.
Leia a íntegra da entrevista:
Qual a tática eleitoral nacional do PPS?
Freire – O PPS apoia o projeto eleitoral do ex-governador de Pernambuco, socialista Eduardo Campos, à Presidência da República.
Houve uma ruptura com o PSDB?
Freire – Não houve ruptura nenhuma. Apenas adoção de uma nova tática. Em 2002, o PPS apoiou Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, rompeu com o governo federal e aprovou o nome de Geraldo Alckmin, em 2006, e o de José Serra, no ano de 2010. Em 2014, Eduardo Campos.
O que é o eixo programático da estratégia?
Freire – Construir uma alternativa, retirar o PT antidemocrático e antirrepublicano do poder.
Qual é o leque de alianças do PPS?
Freire – O PPS é independente. Não há aliança incondicional. O PPS não fará alianças políticas e eleitorais com partidos políticos que compõem a base de Dilma Rousseff.
Qual o seu balaço da Era Dilma Rousseff?
Freire – O pior possível... É de uma incompetência generalizada.
A economia anda mal das pernas?
Freire – Dilma Rousseff herdou irresponsabilidades do governo anterior, de Lula. Ela não sabe resolvê-los. Há corrupção... Veja o caso da Petrobras.
Vai ter Copa?
Freire – As obras da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, não serão concluídas. Mas já perdemos a oportunidade de ganharmos com o evento mundial, apesar de podermos ganhar no futebol. Até o ex-jogador da seleção brasileira Ronaldo (O fenômeno) está constrangido e envergonhado... O Brasil inteiro está irritado com o governo federal. Sete anos e, às vésperas da Copa do Mundo, as obras de mobilidade urbana, infraestrutura e parte dos estádios de futebol não estão prontas.
O senhor não é ácido demais nas críticas ao PT?
Freire – Esgotou-se o seu modelo (petista) de governar. Mais: o PT assaltou os cofres públicos. Há, inclusive, um deputado do PT envolvido com o Grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC). Lula escolheu uma agenda populista. Ele é populista e possui vocação messiânica.
Qual a sua crítica a Lula?
Freire – Lula nem de esquerda é! Ele é só o assistencialismo do Bolsa Família. Qual a sua grande obra?
A palavra socialismo faz sentido, hoje, no século 21?
Freire – Houve uma revolução profunda no modo de produzir no mundo. O mundo mudou. O socialismo foi, sim, um entrave ao desenvolvimento das forças produtivas. Derrota do socialismo real, pós 1989, veio pela economia. A esquerda deixou de ser uma força política e ideológica de vanguarda social e econômica. Há uma presença decrescente da classe operária no mercado do trabalho do mundo contemporâneo. Trata-se de uma nova economia, uma nova ordem mundial, que derrotou o socialismo real.
Lula e Dilma Rousseff, como aponta o historiador Daniel Aarão Reis Filho, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), são herdeiros de Getúlio Vargas?
Freire – Getúlio Vargas foi um ditador! (No Estado Novo, 1937-1945)
O senhor assistiu ao filme Getúlio?
Freire – Não, mas pretendo assistir.
É possível, em um eventual segundo turno, um acordo entre Eduardo Campos e Aécio Neves?
Freire – Ela irá ocorrer. Naturalmente.
Qual a sua leitura da última pesquisa Ibope?
Freire – Não brigo com pesquisas de opinião pública. Ela (Dilma Rousseff) será candidata a voltar para a casa.
Qual é, hoje, a estrutura nacional do PPS?
Freire – O PPS possui, hoje, oito deputados federais, 50 deputados estaduais, 160 prefeitos, em torno de mil vereadores.
Qual o seu projeto político e eleitoral?
Freire – Disputarei a reeleição à Câmara Federal, em outubro de 2014.
O que quer, nas urnas, o PPS em 2014?
Freire – Dobrar a sua bancada federal.
Como o senhor define, ideologicamente, o PPS?
Freire – É um partido da esquerda democrática.
Qual o caminho do PPS em Goiás?
Freire – O PPS, em Goiás, caminhará com o governador do Estado, Marconi Perillo. Goiás se transformou em um Estado com uma dinâmica interessante de desenvolvimento. É uma referência na luta democrática.
O que esperar do PPS nas urnas, em Goiás?
Freire – O que PPS pretende eleger até dois deputados federais em Goiás. É a nossa meta!
Com quem caminha o PPS em São Paulo?
Freire – Com Geraldo Alckmin.
O que o senhor espera da Comissão Nacional da Verdade?
Freire – A Comissão Nacional da Verdade não tem, hoje, um foco muito preciso.
O senhor acha possível elucidar os casos de mortes e desaparecimentos dos membros do PCB Nacional à época da ditadura civil e militar?
Freire – É preciso esclarecer os desaparecimentos. O PPS quer descobrir a verdade.
Projeto de lançamento de livro?
Freire – Lanço, em junho, com organização do jornalista Milton Coelho da Graça, o livro de memórias e ensaios políticos A Esquerda Sem Dogma, Editora Barcarolla, 359 páginas.
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