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Haddad admite rever faixa de ônibus na zona sul

Corredor em discussão é o que vai ligar o futuro terminal Pedreira ao bairro de Santo Amaro, passando por estrada do Alvarenga, avenidas Emérico Richter e Nossa Senhora de Sabará, e ruas Borba Gato e Carlos Gomes; empresários locais criticam desapropriações e defendem que faixa na avenida das Nações Unidas seria suficiente

Corredor em discussão é o que vai ligar o futuro terminal Pedreira ao bairro de Santo Amaro, passando por estrada do Alvarenga, avenidas Emérico Richter e Nossa Senhora de Sabará, e ruas Borba Gato e Carlos Gomes; empresários locais criticam desapropriações e defendem que faixa na avenida das Nações Unidas seria suficiente (Foto: Roberta Namour)
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por Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual
São Paulo – O secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, e o líder do governo Fernando Haddad (PT) na Câmara Municipal, vereador Arselino Tatto (PT), afirmaram ontem (6) que o Executivo pode rever a construção de um corredor de ônibus na Avenida Nossa Senhora de Sabará, em Interlagos, zona sul da capital paulista. Cerca de 300 moradores e empresários da região compareceram a uma audiência pública na Comissão de Política Urbana da Casa para reivindicar que o trecho seja retirado do projeto de construção de corredores.

“Pode ser discutida uma alternativa, sim”, disse Tatto. “Nós vamos caminhar para um denominador comum. Teremos uma proposta que não prejudique a população.”

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O corredor em discussão é o que vai ligar o futuro terminal Pedreira ao bairro de Santo Amaro, passando por estrada do Alvarenga, avenidas Emérico Richter e Nossa Senhora de Sabará, e ruas Borba Gato e Carlos Gomes. Teria aproximadamente dez quilômetros de extensão. A avenida Nossa Senhora de Sabará recebe 20 linhas de ônibus, mas a maior parte delas não circula em toda a via.

No entanto, o corredor demanda alterações no alinhamento das vias, o que deve provocar 484 desapropriações totais ou parciais, de imóveis residenciais e comerciais. As mudanças estão contempladas no Projeto de Lei 17, de 2014, que contém as alterações viárias de todos os 215 quilômetros de corredores de ônibus propostos pela gestão Haddad.

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Para o comerciante Joaquim Martinho Filho, de 61 anos, a necessidade do corredor no local é questionável. “Não necessita ter dois corredores praticamente paralelos ligando o bairro de Pedreira ao de Santo Amaro. São famílias antigas que vivem aqui e serão afetadas pelas desapropriações. Também vai afetar o emprego de 10 mil pessoas.”

O líder do governo, no entanto, considera que o número de empregos afetados é fantasioso. “Não podemos ser alarmistas. 10 mil desempregados é algo fora da realidade. Não se pode usar um argumento desse sem embasamento”, criticou, ao comentar projeção feita pela Associação Comercial de Santo Amaro.

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Mello Franco lembrou que os proprietários que sofrerem desapropriação terão compensações. Aqueles que tiverem somente uma parte do terrenos utilizada pelo poder público poderão construir até quatro vezes o tamanho total do terreno – antes da desapropriação –, sem pagar outorga onerosa. Se não quiserem ou não puderem, terão como vender o direito de construir a terceiros, ou ainda transferir o poder construtivo para outro imóvel que possuam.

Ele também rechaçou os boatos de que a prefeitura entregaria as partes não utilizadas a empreiteiras por meio de parceria público-privada. “Isso não existe.” O secretário completou advertindo que não é possível reestruturar a mobilidade urbana sem realizar obras. “Creches, escolas ou corredores precisam de área para ser construído. Isso pode demandar desapropriações. Não é possível fazer omelete sem quebrar os ovos”, disse Mello Franco.

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Ele rebateu a visão de que o comércio será prejudicado pela construção de corredores. “Essa proposta desconstrói a lógica de pegar o carro e ir ao shopping. Ela propõe que as pessoas se integrem à cidade por meio do transporte público. E isso vai potencializar o comércio localizado nos eixos de mobilidade.”

Caminhos alternativos

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A alternativa, defendida pelo arquiteto Otávio Alvarez, seria desviar a demanda para o corredor formado pelas avenidas Miguel Yunes e Nações Unidas, com a mesma origem: o terminal Pedreira. No entanto, ao chegar ao final da avenida Emérico Richter, o trajeto segue à esquerda pela avenida Miguel Yunes. A extensão é a mesma: cerca de dez quilômetros.

Porém, este projeto demanda um estudo sobre impacto no trânsito e não está livre de desapropriações – pelo menos 37 imóveis serão afetados. Em todo o trecho sul dos viários para ônibus estão previstas 819 desapropriações. Além das citadas, serão 108 no trecho "Canal do Cocaia", 61 no "Vila Natal" e 69 no "Belmira Marin", segundo relatório de setembro do ano passado.

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Outra possibilidade seria completar a construção da margem sul da Marginal Pinheiros, desde a ponte Transamérica até a ponte Vitorino Goulart, deixando as seis faixas da avenida das Nações Unidas com sentido único: bairro-centro. “Isso liberaria a via que já existe para uma maior demanda de mobilidade”, afirmou Alvarez.

“A proposta me pareceu bastante lógica. Me comprometo a sentar com o secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, para discutir o corredor na Sabará”, disse Mello Franco. “Todas essas mudanças são pensadas estruturalmente na cidade, em razão do transporte público. Não se pode desconsiderar o todo.”

Outra reclamação dos moradores é o local escolhido para o terminal Pedreira. "Serão afetadas 80 casas do conjunto habitacional Ingai. É um local com maioria de idosos. Há outros pontos que poderiam ser utilizados para a construção", afirmou o morador Vanderlei Rocha.

O presidente da Comissão de Política Urbana, vereador Andrea Matarazzo (PSDB), afirmou que a demanda já está sob análise.
O vereador Tatto confirmou que a obra não será realizada na área do condomínio.

Parlamentares ponderados

No geral, os vereadores que participaram da discussão foram comedidos. Todos defendem a revisão do trecho na avenida Nossa Senhora de Sabará, mas destacam a importância da construção dos corredores para o conjunto da sociedade paulistana.

Defendendo o prefeito, a quem chamou de “visionário”, o ex-presidente da Associação Comercial de Santo Amaro, vereador Ricardo Nunes (PMDB), afirmou que seria um absurdo descartar o projeto. “Devemos avaliar o que deve ser melhorado e nesse caso parece haver alternativas”, avaliou.

Outro vereador ligado aos comerciários, Antônio Goulart (PSD), pediu diretamente ao relator do Plano Diretor Estratégico – que deve ser apresentado na próxima semana – Nabil Bonduki (PT) que retire a proposta do corredor do substitutivo. “Os corredores são importante para a cidade, mas é um absurdo esse trecho. Os técnicos são insensíveis, eles muitas vezes não olham para a população.”

Bonduki respondeu que o projeto é de longo prazo e não pode ser observado parcialmente. “Mas se concluirmos que este trecho não é essencial ele pode ser retirado. Não queremos prejudicar ninguém”, ponderou.

Para o petista Alfredo Alves Cavalcante, o Alfredinho, a cidade cresceu sem planejamento e, na correção disso, o governo pode cometer erros. “Mas ouvindo o povo nós vamos buscar saídas.”

O mais incisivo foi o vereador Aurélio Nomura (PSDB), que afirmou que faltou respeito com a população na definição do projeto e que os tucanos vão apresentar um substitutivo à proposta do Executivo.

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