Igeprev fez investimento irregular em obra de Trump no Brasil
O Igeprev (Instituto de Gestão Previdenciária do Estado de Tocantins) abriu uma sindicância e detectou indícios de irregularidades nos investimentos feitos pela entidade em um fundo de investimento brasileiro ligado à The Trump Organization, da família do presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump; segundo relatórios entregues ao MPF, o instituto investiu R$ 35 milhões na construção de um hotel da marca Trump no Rio mesmo depois de o órgão técnico do instituto recomendar a suspensão do investimento; MPF investiga se houve pagamento de propina a gestores de fundos de pensão para que eles investissem na construção do hotel
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Tocantins 247 - O Igeprev (Instituto de Gestão Previdenciária do Estado de Tocantins) abriu uma sindicância e detectou indícios de irregularidades nos investimentos feitos pela entidade em um fundo de investimento brasileiro ligado à The Trump Organization, da família do presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump. Segundo relatórios entregues ao Ministério Público Federal (MPF) na semana passada, o instituto investiu R$ 35 milhões na construção de um hotel da marca Trump no Rio de Janeiro mesmo depois de o órgão técnico do instituto recomendar a suspensão do investimento. O MPF investiga se houve pagamento de propina a gestores de fundos de pensão para que eles investissem na construção do hotel. A Trump Hotels, empresa que faz parte da The Trump Organization, disse que não comentaria o caso.
As informações são do Uol.
O Igeprev é um instituto criado para administrar o fundo de pensão dos servidores do Tocantins. Com o objetivo de garantir que o Estado tenha dinheiro para pagar as pensões de seus servidores, o Igeprev aplica a verba que recebe através das contribuições sociais pagas pelos servidores da ativa e dos aportes feitos pelo governo estadual no mercado financeiro.
O instituto fez uma auditoria interna, em 2015, após suspeitas de que algumas aplicações estavam causando prejuízo ao fundo e comprometendo a solidez do instituto. Além das investigações comandadas pelo MPF, as aplicações feitas pelo Igeprev são alvo de pelo menos dez ações civis públicas movidas pelo Ministério Público de Tocantins (MP-TO).
Investimento foi "imprudente", diz relatório
Entre as aplicações consideradas pela auditoria como irregulares ou sem liquidez está o investimento de R$ 35 milhões feito pelo instituto no FIP (Fundo de Investimentos e Participações) LSH, com o objetivo de financiar a construção de um hotel de luxo da marca Trump no Rio de Janeiro. O hotel deveria ter ficado pronto para as olimpíadas, em 2016, mas foi aberto com apenas 70 dos seus 170 quartos.
Em dezembro do ano passado, após a deflagração da Operação Greenfield, a The Trump Organization anunciou o fim de sua parceria com a LSH Barra Empreendimentos Imobiliários S.A, responsável pela construção do hotel, argumentando que a visão dos responsáveis pela empresa "não se alinha mais com a marca" Trump.
A Operação Greenfield investigou se fundos de pensão adquiriram cotas em oito fundos de investimento por valores "superfaturados". De acordo com a sindicância do Igeprev, o investimento foi feito sem o aval da diretoria de investimentos da entidade.
No dia 6 de agosto de 2014, a diretoria de investimentos do instituto emitiu uma "análise de investimento" sobre a possibilidade de o Igeprev fazer um investimento no FIP LSH. Segundo o relatório, o investimento não apresentava a "liquidez" e "diversificação" esperada pelo instituto.
Outro lado
A LSH Barra, responsável pelo hotel, disse que o capital investido pelo Igeprev no fundo teve uma valorização de 56% ao longo dos últimos anos e que o capital inicial de R$ 35 milhões aplicado em agosto de 2014 hoje vale R$ 54 milhões.
A LSH Barra também disse "desconhecer qualquer relação" entre os gestores do FIP LSH e o ex-presidente do Igeprev Francisco Flávio Sales Barbosa, que autorizou a aplicação.
Ao comentar sobre o motivo da ruptura da parceria entre a LSH Barra e a Trump Organization, a LSH afirmou apenas que "os termos do acordo para a rescisão do contrato inicial estão em fase final de negociação" e disse ainda que a The Trump Organization não tinha conhecimento sobre os procedimentos relativos à capitalização do FIP LSH. "O contrato com o Trump (sic) era exclusivamente para administração do hotel. Todo o processo de capitalização do fundo foi feito pelo administrador e gestor do fundo", disse a assessoria.
A assessoria de imprensa da Trump Hotels afirmou que o empreendimento localizado no Rio "não faz mais parte do portfólio da companhia" e que, dessa forma, a Trump Hotels "não sente que é apropriado fazer qualquer comentário" sobre o caso.
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