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Itaquerão atrasa sob a sombra de Andrés Sanchez

Sem cargo no Corinthians, fora da CBF e nenhum vínculo formal com a construtora Odebrecht, mesmo assim cartola flana em todas as áreas de poder desse circuito; entra e sai das obras do Itaquerão quando quer e participa dos grandes momentos de articulação política em torno dela; mas arena escolhida para abrir Copa do Mundo está com obras atrasadas; "Dirigente de futebol não pode roubar", costuma pontuar Andrés. "Muito", completa; a todos, repete: "Nunca pedimos para abrir a Copa. Se não tiver crédito, esse estádio não terá o padrão Fifa"; uma postura assim é boa para o Mundial?

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247 - O homem que manda e desmanda no estádio mais atrasado do Brasil, em relação ao cronograma da Fifa, não tem cargo formal nenhum. Nem com o Corinthians, do qual é ex-presidente, nem com a CBF, entidade do qual foi diretor de Seleções, e tampouco com a empreiteira Odebrecht, que ergue o hoje chamado Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo.

Andrés Sanchez, mesmo solto no ar, em todos os momentos importantes de agitação nesse circuito está presente nas cabeceiras das mesas de reuniões. Ele faz pedido de verbas, acompanha liberações e esbraveja toda vez que as coisas não acontecem como ele próprio quer. "Nós não pedimos para sermos o estádio de abertura da Copa do Mundo no Brasil", diz ele, a quem quer que lhe pergunte. "Se não obtivermos crédito, é simples: em lugar dos 65 mil lugares que a Fifa exige, faremos o estádio para 40 mil, 45 mil pessoas e pronto. A Copa começará em outro lugar", completa.

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Não é tão simples assim, porém. Com um orçamento superior a R$ 820 milhões, o Itaquerão é o estádio que desbancou o Cícero Pompeu de Toledo, do São Paulo Futebol Clube, na disputa promovida pela FIFA após ficar decidido que São Paulo, capital, abriria a Copa de 2014. Em torno do que foi apalavrado em torno do novo estádio, muitos planos foram feitos, inclusive para a frustração dos responsáveis por outras arenas igualmente capazes, em cidades ainda mais ou tão representativas do Brasil quanto a capital paulista, como Brasília e Salvador. Nessas cidades, o Mané Garrincha já vai recebendo o gramado, além de ser considerado a obra arquitetônica mais bonita em construção para a Copa. A Arena Fonte Nova, na capital baiana, não apenas já foi inaugurada como já tem até seu naming rights negociado para a cervejaria Itaipava.

Mas a palavra do Brasil está empenhada no Itaquerão para a abertura do Mundial – e todo o financiamento para a construção do estádio está sendo dado a partir dessa condição. É porque o estádio deve, necessariamente, ser a abertura da Copa, que o governo tem liberado milhões de financiamento para a Sociedade de Propósito Específico (SPE) formada entre a Odebrecht, que detém maioria, e pessoas ligadas ao Corinthians.

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É também sob a garantia de ser abertura da Copa que a Prefeitura de São Paulo liberou para a SPE do Itaquerão, no início de abril, CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) no valor de R$ 156 milhões. Até o fim da obra, poderá liberar até R$ 420 milhões, completando, assim, o orçamento total do estádio.

Apesar de todas as formalidades que cercam esse processo, quem age nas sombras é Andres. "Ele não participa de reunioes formais, mas todos sabem que a articulação política para que tudo aconteça é dele", diz ao 247 um integrante do SPCopa, montada pela Prefeitura de São Paulo para acompanhar a evolução da obra.

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Cultuador de um mau humor permanente, adversário de jornalistas e amigo de poderosos como o ex-presidente Lula, Andrés, é certo, montou as bases e colheu os primeiro frutos da modernização do Corinthians, mas isso não faz de dele um intocável. Não há explicação formal para a sua força nos bastidores dos negócios que envolvem o estádio, no qual ele circula como se estivesse dentro de sua própria casa. Quem quer comprar um camarote, por exemplo, tem de falar com ele. As negociações sobre o financiamento, passam por ele. Ele está acompanhando de perto, é claro, o destino que terão os papeis dos CIDs entregues pela Prefeituras, que podem ser vendidos no mercado e virar, imediatamente, dinheiro. 

Quando diz que "o Corinthians não pediu para abrir a Copa do Mundo" e que pode, a qualquer momento, desistir dessa missão, Andrés simplesmente está blefando. Já há muito dinheiro púbico envolvido para que um recuo desse porte seja tolerado. Talvez, com suas manobras, ele queira apenas valorizar a obra, que ele próprio prometia fazer por R$ 350 milhões alguns anos atrás. Pode ser. Dois anos atrás, numa conversa informal com dois jornalistas, na sede do Jockey Club de São Paulo, Andres, então diretor de Seleções da CBF, explicou o que pensa do papel de um cartola de clube grande. "Um presidente não pode roubar", asseverou. "Muito", divertiu-se. Tomara que tenha sido só uma brincadeira. Até que se esclareça, porém, porque, mesmo sem cargo formal, Andrés detém tanto poder sobre a megaobra, a dúvida fica no ar. 

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