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“Jackson é o candidato natural, mas tem que consolidar”

O governador Marcelo Déda (PT) afirma que “quando se diz candidatura natural, não quer dizer que as coisas estão resolvidas, porque o candidato natural precisa trabalhar com a habilidade necessária para consolidar e ampliar a base”; em relação a uma possível candidatura de Valadares, Déda nega e diz que senador é um dos mais entusiastas de Jackson; sobre Proinveste, governador diz que relação com oposição está caminhando bem; candidatura dele ao Senado não é prioridade: “meu projeto pessoal é recuperar minha saúde”  

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Valter Lima, do Sergipe 247, e Leonardo Attuch – Em entrevista exclusiva ao 247, na terça-feira (5), o governador Marcelo Déda (PT) mostrou-se muito confiante com a aprovação dos projetos do Proinveste. Ele reconheceu erros no início da condução das discussões sobre o empréstimo no ano passado. “Foi logo após a eleição. Isso gerou um clima de rivalidade política intensa”, ressalta. Com o apelo feito por ele, em janeiro, durante a solenidade de formatura do Instituto Luciano Barreto Júnior, o diálogo foi aberto e a oposição começou a negociar. “Falta pouco para aprovar”, frisa.

Em relação ao pleito de 2014, Déda destaca duas candidaturas já colocadas: a do vice-governador Jackson Barreto (PMDB) e a do senador Eduardo Amorim (PSC). Ele lembra ainda que o nome do prefeito João Alves Filho (DEM) não está descartado, mas diz não acreditar que o senador Valadares (PSB) queira ser candidato a governador.

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Sobre o espaço que o PT Estadual deverá ocupar em 2014, Déda diz que “o partido compreende que a tarefa de governar o Estado e construir uma hegemonia de centro-esquerda não é exclusiva de um partido isolado”. O governador ainda diz que seu foco hoje é recuperar-se totalmente do câncer no estômago. Superado este desafio, ele não descarta concorrer ao Senado.

Confira a entrevista completa:

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247 – Que avaliação o senhor faz da celeuma que se criou em torno do Proinveste, no ano passado?

Marcelo Déda – Acredito que o início do debate sobre o Proinveste se deu numa conjuntura muito árida e foi muito difícil para que o debate seguisse o caminho da racionalidade. Foi justamente num momento pós-eleitoral. Na primeira semana após eleições, colocamos na pauta um requerimento de urgência sobre a matéria. Havia ainda uma ressaca eleitoral que estava dividindo muito as bancadas, os partidos e os próprios deputados. Não tínhamos, como não temos, maioria na Casa. Temos um processo de construção pontual de maioria. Passamos seis anos com maioria, mas perdemos após o episódio da eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, quando rompemos, e o PSC e os partidos ligados a ele deixaram a base. Então, era natural que aquele momento não era o mais adequado. Acho que nós, do Governo, cometemos um erro estratégico ao colocar o projeto para votar em um momento tão sensível, mas o fizemos em decorrência da urgência da aprovação. O Proinveste representa a inserção de mais de R$ 560 milhões na nossa realidade, são recursos para serem aplicados em investimentos estruturantes. Então, é geração de empregos na veia, é investimento em infraestrutura na veia, é combate a alguns gargalos que precisamos vencer, para que o ritmo de desenvolvimento do Estado continue. Cito dois exemplos da importância destes recursos: com eles, construiremos duas rodovias importantes. A primeira delas que liga Pirambu a Pacatuba, são os últimos 50 quilômetros que faltam para eu integrar todo o litoral, de Norte a Sul do Estado, é um novo eixo para o turismo. A outra rodovia, a Rota do Agreste, tem um apelo de economia regional e de integração da nossa produção hortifrutigranjeira, da produção do leite e do milho, que vai integrar o Estado pela BR 235 a BR 101.

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247 – Hoje já está superado o momento inicial de crise que levou à rejeição ao projeto?

Déda – Já. Na verdade, depois desse inicio, um pouco tenso, as posições se radicalizaram. O Proinveste se transformou em um campo de batalha, quando na prática, a vocação do programa é o desenvolvimento do Estado, porque os investimentos de hoje serão vitais não apenas para agora, mas indispensáveis para o futuro, porque além dessas duas rodovias que mencionei, nós estamos planejando construir nove centros e escolas de formação profissional. O posicionamento de Sergipe, em estudos publicados até pela revista Veja, sobre os Estados mais preparados para receber investimento do Exterior, é razoável, no meio do campo. Estamos regulares, mas o estudo aponta para dois gargalos: um, de infraestrutura, que estamos superando, e outro, de qualificação profissional, que é a coisa mais grave. Por isso, estamos planejando essas escolas profissionais, distribuídas pelas regiões do Estado, para dar capilaridade. É um passo indispensável para que nós consolidemos esse bom momento que estamos vivendo na economia sergipana.

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247 – O que estava contaminando essa discussão era a eleição de 2014 ou não?

Déda – A questão política presidiu o debate, até porque esse debate se iniciou, repito, depois das eleições, mas a partir de um apelo público que fiz a oposição, as coisas começaram a mudar.

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247 – Foi um apelo pensado?

Déda – Não. Eu nem ia para aquela solenidade, porque estava muito cansado e como é um local muito quente, eu tive medo de desidratar. Resultado: o Eduardo Campos estava vindo e eu combinei de acompanha-lo até o evento, mas chegando lá, eu entrei, fui chamado a participar da mesa e discursei. Quando fui à tribuna e olhei para a mesa, um fato me chamou a atenção. Estavam na mesa três ex-governadores e eu, estavam ali quatro pessoas que desde 1983, há 30 anos, tudo que aconteceu no Estado de Sergipe, pela intervenção governamental, passou pelas mãos deles. Ou tem a marca de João Alves ou tem Valadares ou tem de Albano Franco ou tem a marca de Déda. Então, um fato raro, numa política disputada como a nossa, tinha-se uma mesa com 30 anos de historia de governo. Aquilo me provocou a fazer seguinte afirmação: independentemente, de questões ideológicas, dos programas diferentes, ninguém fez Sergipe sozinho. Cada um colocou um tijolo, que outros vieram para complementar. Então, a partir desta constatação, eu fiz um apelo à oposição, em nome daqueles meninos que estávamos homenageando naquele dia, que nós não jogássemos fora os investimentos do Proinveste. Eu, pessoalmente, solicitei uma audiência com o senador Eduardo Amorim (PSC) e com prefeito João Alves Filho (DEM) para abrir o projeto para negociar, incluindo ou trocando projetos, mas dentro de um debate que tivesse um foco de desenvolvimento do Estado. E a partir deste discurso e de uma conversa que eu tinha mantido, por coincidência, no mesmo dia com a presidente da Assembleia Legislativa, Angélica Guimarães, sobre a convocação extraordinária (e foi muito bom ouvi-la e ela usou de bom senso e teve um comportamento muito correto) criou-se um clima de negociação. Falta pouco para aprovar. Já há uma resposta positiva da oposição a respeito dos investimentos do Proinveste.

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247 – Toda esta discussão mostra que 2014 está a todo vapor aqui no Estado. As candidaturas já estão colocadas?

Déda – Eu diria que certas pré-candidaturas estão colocadas com certa solidez. O vice-governador Jackson Barreto é o candidato natural do bloco. É claro que quando se diz candidatura natural não quer dizer que as coisas estão resolvidas, porque se o candidato natural não trabalhar com a habilidade necessária para consolidar e ampliar a base, as vezes, as coisas não ficam tão naturais assim. Além disso, há na oposição, uma candidatura também natural que é a do senador Eduardo Amorim, que é discutida com muita propriedade pela sua base. E o resultado das eleições de 2012 colocou ali, em condição favorável, o prefeito João Alves Filho, que nem nega, nem afirma que será candidato.

247 – E na defesa acentuada que Valadares fez do Proinveste, ele também não acabou se cacifando para ser candidato?

Déda – Valadares, talvez seja o líder da nossa base, que tenha afirmado com mais segurança o seu apoio à candidatura de Jackson Barreto. Talvez, tenha sido o primeiro a defender isto.

247 – Mas o senhor não acha que ele queira ser candidato?

Déda – Eu acredito naquilo que ele diz. E ele diz que o candidato dele é Jackson Barreto.

247 – Mas olhando de fora, depois de oito anos de um governo petista, não é natural que o PT pleiteie espaço?

Déda – Eu sou de uma geração que leu muito Mafalda e ela tem uma frase que dizia “Nunca diga que isso é natural”. No caso concreto de construção de candidatura aqui em Sergipe, vemos diferença daquilo que vemos em outros Estados. Em primeiro lugar, o PT tem uma compreensão de que a tarefa de governar o Estado e construir uma hegemonia de centro-esquerda não é exclusiva de um partido isolado. É uma tarefa de bloco histórico, e setores políticos que pelos menos desde 1962 buscaram colaborar com um programa de governo capaz de combater as oligarquias e abrir espaço para a classe media e consolidar a prioridade nas classes populares. Essa herança política atravessou o regime militar e chegou na reforma partidária, com a consolidação do PT também como força hegemônica. E foi um processo que traduziu a historia recente do Estado. O PT expressou a ampliação dos setores médios, da defesa da classe operaria e da consciência política no interior do Estado. Então hoje há um candidato natural, mas que precisa ser consolidado. Nenhum candidato será empurrado goela abaixo pelo governador e pelos seus aliados. É preciso discutir com o PT, com os aliados e dar mais um passo nesse sentido, de que nós temos uma responsabilidade geracional, de consolidar um bloco mudancista, de centro-esquerda, capaz de cumprir tarefas que ainda não se esgotaram, que passam pelo desenvolvimento do Estado e ação da inclusão social, para a cidadania.

247 – E neste contexto há espaço para o apoio de João Alves?

Déda – É muito cedo para projetar este apoio. Eu ainda não tenho certeza sobre que passo será dado pelo prefeito.

247 – Zé Eduardo Dutra tem a missão de ser, eventualmente, candidato a governador?

Déda – Ele deixou a política, foi uma decisão pessoal.

247 – E o seu projeto pessoal? Em 2014, o senhor será candidato a senador?

Déda – O meu projeto pessoal mais relevante é recuperar minha saúde e eu acho que vou conseguir. Estou lutando para isso. Superado este problema de saúde, naturalmente, eu devo pensar em que papel eu posso cumprir, primeiro, na manutenção deste projeto a frente do Governo em Sergipe nas eleições de 2014 e, em segundo, uma participação mais ativa minha dentro do esforço nacional do PT de garantir ao futuro Governo da presidente Dilma condições de governabilidade e suporte político então PE obvio a hipótese de uma candidatura ao senado passa pela minha cabeça mas é uma discussão que eu ainda não abri.

Clique aqui e confira a segunda parte da entrevista, onde Déda fala sobre política nacional. 


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