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Kotscho: Aécio baixa a bola e volta a ser mais Tancredo

"Dois meses após a derrota, agora Aécio deu uma nova guinada. Deve ter pensado melhor sobre o que anda fazendo e falando. Sem deixar de desferir duras críticas à presidente reeleita Dilma Rousseff e ao seu governo, o candidato derrotado procurou se afastar do que chamou de "nossos black blocs", alguns companheiros de partido e de campanha que, em várias manifestações nas ruas e no Congresso, defenderam o impeachment", diz o jornalista Ricardo Kotscho

"Dois meses após a derrota, agora Aécio deu uma nova guinada. Deve ter pensado melhor sobre o que anda fazendo e falando. Sem deixar de desferir duras críticas à presidente reeleita Dilma Rousseff e ao seu governo, o candidato derrotado procurou se afastar do que chamou de "nossos black blocs", alguns companheiros de partido e de campanha que, em várias manifestações nas ruas e no Congresso, defenderam o impeachment", diz o jornalista Ricardo Kotscho (Foto: Leonardo Attuch)
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Minas 247 - Em novo artigo do Balaio do Kotscho, o jornalista Ricardo Kotscho aplaude o novo figurino do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que deixou de ser Carlos Lacerda, para voltar a seguir a linha de Tancredo Neves. Leia abaixo:

Aécio baixa a bola e volta a ser mais Tancredo

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Por Ricardo Kotscho

Na reta final do segundo turno e após as eleições, o tucano Aécio Neves foi ficando cada vez mais radical, em nada lembrando o político cordato de outros carnavais. Partiu para o tudo ou nada contra Dilma _ e perdeu, mas não se conformou.

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Aécio tinha um bom exemplo na família de político ponderado, que sabia ganhar ou perder. "Governo e oposição, acima dos seus objetivos políticos, têm deveres inalienáveis com nosso povo", ensinava Tancredo Neves, o ex-governador mineiro que foi presidente da República, sem nunca ter sido.

Em lugar de Tancredo, porém, Aécio preferiu adotar o modelito Carlos Lacerda dos anos 50 do século passado, adversário histórico do seu avô, um homem que lutou até o último dia ao lado de Getúlio Vargas contra os golpistas da UDN, os mesmos que chegariam com os militares ao poder em 1964. Estimulado pelo guru FHC e por blogueiros furiosos da velha mídia, o senador mineiro vestiu um figurino que não combinava com ele, e se deu mal.

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Dois meses após a derrota, agora Aécio deu uma nova guinada nesta segunda-feira, em entrevista a Valdo Cruz e Daniela Lima, publicada na Folha. Deve ter pensado melhor sobre o que anda fazendo e falando. Sem deixar de desferir duras críticas à presidente reeleita Dilma Rousseff e ao seu governo, o candidato derrotado procurou se afastar do que chamou de "nossos black blocs", alguns companheiros de partido e de campanha que, em várias manifestações nas ruas e no Congresso, defenderam o impeachment e até a volta dos militares ao poder. "Fora da democracia, nada nos interessa", resumiu Aécio.

Melhor assim. Melhor para Aécio, para o seu partido e para o país. Na entrevista, o ex-governador mineiro se permitiu discordar até de FHC, que outro dia qualificou Dilma como uma presidente ilegítima.

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"Não chego neste termo. Acho que é uma presidente apequenada pela forma como venceu as eleições e pela _ usando um termo adequado _ dependência da sua base. No momento em que era necessário um presidente que conduzisse o país, nós temos uma presidente conduzida. Ela começará o segundo mandato de uma forma pior do que termina o primeiro".

Em outro trecho, afirmou que "o governo vai provar do seu próprio veneno", ao falar da nova equipe econômica, que já anunciou a necessidade de aumentar impostos e cortar despesas. "Vamos conhecer o neoliberalismo petista..."

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Quando os repórteres lhe perguntaram se existem elementos para o PSDB pedir o impeachment, discordou frontalmente de líderes do seu partido, como Carlos Sampaio, deputado federal paulista e uma espécie de advogado-geral dos inconformados, ao assumir o posto do impetuoso senador Álvaro Dias, do Paraná, que misteriosamente sumiu de cena.

No dia da diplomação da presidente reeleita, na sexta-feira, Sampaio chegou a apresentar um novo recurso ao TSE pedindo a cassação de Dilma e a entrega da faixa para Aécio. "Não, não trabalho com esta hipótese. Estamos fazendo aquilo que na democracia é permitido: acionar a Justiça pedindo investigação".

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Aécio só não explicou o que exatamente deveria ser investigado, mas deixou claro que não pretende ir aos atos anti-Dilma que estão sendo programados até para a cerimônia da nova posse, dia 1º de janeiro, em Brasília.

Se Aécio prefere manter distância dos seus aliados sinceros mas radicais, resta saber o que dirão agora os líderes da tropa de choque oposicionista, comandada por figuras como o democrata Ronaldo Caiado, o ex-candidato a vice Aloysio Nunes, o ex-coordenador-geral da campanha presidencial José Agripino Maia, outro bravo democrata, o ensandecido capitão Jair Bolsonaro e o cantante Lobão, novo porta-voz do udenismo redivivo.

Esta turma e a banda de música da mídia panfletária vão ter que procurar outro líder. Que, certamente, não será Geraldo Alckmin, que até já confirmou presença na festa da posse de Dilma. Cada vez mais mineiro do que o próprio Aécio e mais moderado do que Tancredo Neves, o governador paulista, reeleito com expressiva votação no primeiro turno, já está perfilado para a corrida de 2018.

Para quem imaginava uma renhida disputa com Aécio para ver quem será o candidato tucano na sucessão de Dilma, a entrevista pode ter servido também de estímulo aos aliados de Alckmin. Perguntado se será candidato novamente em 2018, Aécio foi taxativo ao negar esta possibilidade:

"Não mesmo. Talvez já tenha cumprido o meu papel. O candidato vai ser aquele que tiver as melhores condições de enfrentar o governo. Meu papel é manter a oposição forte. O governador de São Paulo Geraldo Alckmin é um nome colocado e tem todas as condições".

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