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Lula garantiu a Wagner que "Dilma é a candidata dele"

Governador da Bahia afirma que o ex-presidente Lula lhe garantiu que não será candidato em 2014; "A Dilma é a candidata dele. Ele trabalha fortemente para garantir a reeleição dela"; Wagner minimiza possível proveito que os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) teriam com a insatisfação popular; "Pode beneficiar quem aparenta ser outsider. Talvez a Marina (Silva). Mas o Aécio (Neves) e o Eduardo Campos? Um era governador o outro ainda é. Eles estão no sistema"; governador diz ainda que os petistas se preparam para o "PT mais 10"; leia íntegra da entrevista

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Bahia 247

Em mais uma entrevista em que analisa o cenário político brasileiro e as quedas de popularidade e de avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff, o governador Jaques Wagner afirma que o ex-presidente Lula lhe garantiu pessoalmente que não será candidato em 2014 e que seu foco é trabalhar pela reeleição da presidente.

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"Acabei de conversar com ele, e a Dilma é a candidata dele. Não vou lhe dizer que é impossível porque o futuro ninguém sabe como é. Mas ele trabalha fortemente para garantir a reeleição dela. Ele acha que devemos acelerar o passo e trabalhar por ela. Óbvio que tem aliados que preferem a liderança do Lula neste momento, mas não tem jogo jogado nem aqui nem em Brasília para 2014. O cenário Lula pode ser muito mais a vontade de uma classe política incomodada com o estilo dela, que se dedica menos a essa parte da política", diz Jaques Wagner em entrevista ao jornal A Tarde.

Possível coordenador da campanha de reeleição de Dilma no ano que vem, Wagner volta a admitir o mau momento do governo diante das manifestações populares que tomaram as ruas no mês passado e avalia que o impacto não será tão decisivo no pleito quanto aposta a oposição e minimiza possível proveito que os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) teriam com a insatisfação popular. Para o petista, apenas Marina Silva teria "um pouco" de vantagem.

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"Pode beneficiar quem aparenta ser outsider. Talvez a Marina (Silva). Mas o Aécio (Neves) e o Eduardo Campos? Um era governador o outro ainda é. Eles estão no sistema. Mas na minha opinião é cedo para definir algum prejuízo. A Dilma foi candidata do Lula. Ela caiu, mas o Lula é o único que ganharia no primeiro turno, só que os dois representam o mesmo conjunto de propostas para o Brasil".

Wagner volta a defender a proposta de plebiscito da presidente Dilma e diz que, se depender do Congresso, o Brasil só terá mudanças a partir de 2022. "Então pode tomar nota, vai ser para 2022. Acho muito difícil que o Congresso vote, mas se votar eu vou bater palmas, vou queimar a minha língua. Veja bem, se a mudança ameaça aquele que vai votar, o que é que vai acontecer? Não vai votar".

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Governador da Bahia comenta ainda do momento econômico e das articulações do governo da presidente com os aliados. Abaixo a íntegra da entrevista ao jornal A Tarde.

Em 2008, o Brasil se viu diante da crise econômica e reagiu estimulando o consumo das famílias. Hoje o governo tenta enfrentar a crise com o estímulo ao consumo, mas os resultados não são aqueles. O modelo cansou?

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Eu não acho que cansou. Acredito que devamos continuar investindo na política de geração de empregos porque cada emprego gerado amplia a massa salarial e cria mais consumidores. Aí não é só política pública. O empresariado também precisa participar. Eu quero bater muito nessa tecla: se tem um sistema que cansou é o de concentração de renda. Nós ainda estamos longe demais de um padrão de consumo minimamente razoável. Estão aí as periferias das grandes cidades e as cidades pobres que não me deixam mentir. A gente está batendo palma por ter tirado quase todo mundo da linha abaixo de R$ 70 por cabeça por mês, mas isso é 'dois contos' por dia. A política de desonerar da Dilma é correta. O problema é saber se os empresários estão repassando. Eu posso garantir que as margens de lucro aqui estão acima da média mundial.

Essa situação não é provocada pela excessiva carga tributária brasileira?

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Metade disso é conversa fiada. A Ford paga imposto aqui? Ela é toda desonerada. Todo mundo que eu trouxe para cá, ou eu ou os outros governadores, está todo mundo desonerado de imposto estadual. Então que carga tributária é essa? A carga tributária está indo para os bolsos deles.

Mas aí não entra o chamado "custo Brasil"?

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Não estou dizendo que não existem problemas, mas sempre se coloca a culpa da porta para fora da empresa. Eu também acho que o custo Brasil precisa ser resolvido. Deveríamos aumentar estupidamente o imposto de renda e tributar as grandes fortunas e diminuir estupidamente a cobrança sobre o consumo porque isso é injusto. O imposto no produto tem a mesma incidência se você recebe R$ 1 mil ou R$ 1 milhão. Isso é uma maluquice brasileira. Eu reconheço que o custo Brasil é um problema, mas as empresas aqui estão falindo? Conheço multinacional que paga o prejuízo que tem lá fora com o que ganha aqui. Fica todo mundo repetindo 'impostômetro', mas deviam colocar também o 'lucrômetro'. A rua pede mais saúde, segurança e educação. De onde vem o dinheiro para isso? É do imposto. Eu não tenho outra fonte para asfaltar rua etc. Com o fim da CPMF (Cobrança Provisória sobre Movimentações Financeiras), o Brasil perdeu R$ 250 bilhões. Eram R$ 50 bilhões por ano para a saúde.

E a sensação de que os recursos poderiam ser mais bem utilizados?

Posso lhe garantir que no meu governo não existe mau uso. Eu tenho é um orçamento que não me permite investir em quase nada. Eu não ando contratando graciosamente. Ao contrário, apanhei porque não dei aumentos. A 'Geni' de tudo é o imposto, o custo Brasil e o resto... Eu fui condutor do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social no governo Lula. Passei um ano e meio para definir um obstáculo para o crescimento brasileiro. Não é imposto, é desigualdade. É uma realidade cruel. Existe um problema da sociedade brasileira. Uma parte da nossa elite sempre foi vagabunda.

Qual seria o caminho?

Eu sou amplamente favorável a uma reforma tributária. Na Europa, o imposto é sobre o valor agregado. Com o IVA, acaba-se com o ICMS, que é uma crueldade. O cidadão do Piauí compra um carro produzido em São Paulo e manda 7% do valor do carro para São Paulo. O nosso grande problema é o formato dos nossos impostos, que geram uma série de injustiças tributárias. Isso é custo Brasil. Uma empresa como a Nestlé deve ter cinco pessoas no setor de contabilidade dela na Suíça. Aqui tem uns 130. Esse papo de impostômetro é furado. O que você tinha que fazer é cobrar mais de quem ganha mais. Imposto é ferramenta de justiça social. Temos que procurar cobrar melhor e mais e gastar melhor. Aqui na Bahia, modéstia à parte, gasta-se muito bem tudo o que a gente recebe.

O Brasil vive um momento econômico conturbado, com inflação alta e baixo crescimento, o que leva a muitos questionamentos a respeito de um desgaste do PT no poder. Como o senhor vê esse cenário?

Nós estamos comemorando 10 anos do PT no poder. Isso foi antes do que está acontecendo nas ruas. Então, agora eu diria que, como fiz na comemoração dos 35 anos do Polo, que disse que iriamos comemorar o Polo mais 30, acho que temos que refletir o que será o PT mais 10.

O partido tem fôlego para mais 10 anos no poder?

Projetar isso é nossa obrigação. Você tem que projetar. Se vai conquistar, o futuro a Deus pertence. Eu acho que o PT tem que se revisitar e essa é a sugestão do Lula. Conversei com ele agora há pouco (na quinta-feira à tarde). Nós não temos nenhuma vergonha de ter construído essa trajetória há 33 anos e de ter contribuído com a democracia brasileira, com a economia brasileira, com a inclusão social. Não fomos os únicos, não fizemos sozinhos. Para mim é claro que nós demos a nossa contribuição, mas é como o Lula gosta de dizer, 'quem nasceu junto com o PT hoje está com 33 anos'.

E a avaliação dos protestos nas ruas?

Eu considero que quem está indo para a rua, pelo menos o que eu chamo de a 'rua boa', que não é a da depredação, mas é a da contestação, está contestando o sistema político, social e econômico brasileiro. E não é para menos. Nós temos 124 anos de República. Andamos, mas continuamos com uma das maiores taxas de desigualdade. A verdade é que o Brasil ainda hoje é uma fotografia de desigualdade muito grande. É óbvio que ainda estamos muito longes de onde a gente sonha chegar. A democracia vai bem, a economia vai razoavelmente bem, mas a distribuição de renda ainda é muito ruim no Brasil.

E os questionamentos aos políticos?

Esse modelo de representação política atual é uma loucura. A democracia representativa da maneira como ela está no Brasil, cansou. É por isso que a presidente Dilma está certa quando defende a realização de um plebiscito com dois ou três pontos fundamentais. Se tentar fazer uma reforma política por dentro do Congresso não vai sair nada.

O cenário que está se formando não indica que será pelo Congresso?

Então pode tomar nota, vai ser para 2022. Acho muito difícil que o Congresso vote, mas se votar eu vou bater palmas, vou queimar a minha língua. Veja bem, se a mudança ameaça aquele que vai votar, o que é que vai acontecer? Não vai votar. Uma opção ao plebiscito é o pessoal que é acostumado a fazer projetos de lei de iniciativa popular, seguramente vai reunir CNBB, OAB, sindicatos e coletar cinco milhões de assinaturas. O Ficha Limpa não entrou assim? Então, eu até sugeriria que os que pensam que a reforma política é a mãe de todas as outras, que tomem essa iniciativa.

Qual é a principal mudança em sua opinião?

Para mim são dois pontos, a coligação proporcional e o financiamento público de campanha. Esses são os dois pilares de tudo o que a gente vê de ruim. Não tem jeito, uma eleição a este preço de dois em dois anos, faz o caboclo ficar passando a cuia para empresário e querendo ou não gera uma situação ruim. O começo da promiscuidade é o financiamento. O povo diz que o financiamento vai fazer dar mais dinheiro a vagabundo? É pra não dar dinheiro para vagabundo.

Os movimentos de contestação vão impactar as eleições do ano que vem?

Para mim deve ser muito pequeno porque eu não acho que as pessoas estão indo para as ruas preocupadas com eleição. Mas é evidente que o momento traz um desgaste não só para a presidente Dilma, como para os governantes de maneira geral. Quem está sentado na cadeira apanha mais. Quem está fora da cadeira apanha menos, mas também apanha.

O que está fora da cadeira tende a se beneficiar com os protestos?

Eu não acho. Pode beneficiar quem aparenta ser outsider. Talvez a Marina (Silva). Mas o Aécio (Neves) e o Eduardo Campos? Um era governador o outro ainda é. Eles estão no sistema. Mas na minha opinião é cedo para definir algum prejuízo. A Dilma foi candidata do Lula. Ela caiu, mas o Lula é o único que ganharia no primeiro turno, só que os dois representam o mesmo conjunto de propostas para o Brasil.

Qual é a chance de Lula se tornar o plano A em 2014 e substituir Dilma?

Hoje, nenhuma. Acabei de conversar com ele, e a Dilma é a candidata dele. Não vou lhe dizer que é impossível porque o futuro ninguém sabe como é. Mas ele trabalha fortemente para garantir a reeleição dela. Ele acha que devemos acelerar o passo e trabalhar por ela. Óbvio que tem aliados que preferem a liderança do Lula neste momento, mas não tem jogo jogado nem aqui nem em Brasília para 2014. O cenário Lula pode ser muito mais a vontade de uma classe política incomodada com o estilo dela, que se dedica menos a essa parte da política.

É um espaço que o senhor está ocupando, não é governador?

Não, pelo amor de Deus. Eu tenho ajudado no que eu posso. Eu chamei a minha bancada de sustentação e perguntei aos federais se eles iriam ficar só repetindo o que os outros estão dizendo que está ruim. Eu não gosto de meter a mão porque nesta coisa de articulação política, se tiver três ou quatro mexendo só dá confusão.

O senhor vai receber o pessoal do MPL na terça-feira (23)?

As pessoas conhecem o meu estilo. Eu estou sempre aberto e estou colocando o meu gabinete à disposição na terça, na segunda, ou no dia que quiserem. Me interessa deixar isso muito claro.

Qual é a definição do Estado para essa questão do passe livre?

Olha, está todo mundo fazendo conta porque não adianta prometer e não cumprir. Existe uma discussão para que o transporte urbano tenha um custeio compartilhado. Nenhum ente vai conseguir dar conta sozinho. Chegar no passe livre é impossível. Vamos lembrar, o estudante já tem a meia, o trabalhador já tem uma forma de subsídio. Agora se da meia vai para 25% ou chegar para zero, vamos estudar.

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