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Movimentos sociais do TO: "Katia é ameaça às conquistas do campo"

Carta aberta à presidente Dilma Rousseff assinada por 20 entidades sociais do Tocantins defende que a luta pela reforma agrária e as conquistas dos povos indígenas, trabalhadores do campo estão "totalmente ameaçadas" com o possível ingresso da senadora Kátia Abreu (PMDB) no Ministério da Agricultura; respondendo ao suplente de senador Donizeti Nogueira (PT), movimentos disseram que são contra Kátia não por ela ser mulher, "Somos, sim, contra o que ela politicamente representa, defende e apoia"; em Brasília, cerca de 70 militantes ocupam a sede da Confederação Nacional da Agricultura, no dia em que Kátia toma posse, com presença da presidente Dilma

Carta aberta à presidente Dilma Rousseff assinada por 20 entidades sociais do Tocantins defende que a luta pela reforma agrária e as conquistas dos povos indígenas, trabalhadores do campo estão "totalmente ameaçadas" com o possível ingresso da senadora Kátia Abreu (PMDB) no Ministério da Agricultura; respondendo ao suplente de senador Donizeti Nogueira (PT), movimentos disseram que são contra Kátia não por ela ser mulher, "Somos, sim, contra o que ela politicamente representa, defende e apoia"; em Brasília, cerca de 70 militantes ocupam a sede da Confederação Nacional da Agricultura, no dia em que Kátia toma posse, com presença da presidente Dilma (Foto: Aquiles Lins)
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Tocantins 247 - Movimentos sociais do Tocantins defendem em carta para a presidente Dilma Rousseff (PT) que a luta pela reforma agrária e as conquistas garantidas pelos direitos constitucionais dos povos indígenas e pelos povos quilombolas e trabalhadores do campo estão "totalmente ameaçadas" com o possível ingresso da senadora Kátia Abreu (PMDB) no Ministério da Agricultura.

A carta é assinada por 20 entidades sociais e foi elaborada no sábado, 13, durante reunião na sede do Centro de Direitos Humanos de Palmas. Na reunião, o grupo discutiu a conjuntura atual do Estado e do Brasil e construiu uma agenda unificada de lutas para 2015.

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Ainda segundo a carta, a indicação de Kátia para o ministério "vai na contramão das reivindicações dos movimentos sociais brasileiro". "Nossa preocupação não está apenas na suposta chegada da referida senadora ao Ministério da Agricultura e sua provável facilitação na liberação de agrotóxicos e transgênicos, tão nocivos à saúde da população brasileira, mas sim de toda a sua repulsa aos Movimentos Sociais que provavelmente sofrerão mais ainda com a criminalização das lutas e da pobreza", afirma o documento.

Os movimentos sociais dizem não ter preconceitos contra a senadora Katia Abreu pelo fato de ela ser mulher ou por ser da região Norte. "Somos, sim, contra o que ela politicamente representa, defende e apoia", afirma a carta. Foi uma resposta ao suplente de Kátia Abreu, Donizeti Nogueira (PT), que afirmou que ao jornal O Estado de S.Paulo, que a rejeição se deveria ao fato de ela ser mulher e de um Estado pequeno, o Tocantins. "Estão reclamando primeiro porque ela é mulher e segundo porque é de Tocantins, um Estado pequeno", afirmou.

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CNA ocupada

Nesta segunda-feira, 15, militantes ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer) invadiram por volta de 11 horas a sede da Confederação Nacional da Agricultura, em Brasília.

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São cerca de 70 pessoas com bandeiras e cartazes que, aos gritos de "Fora Kátia", protestam contra a possibilidade da senadora Kátia Abreu (PMDB)-TO) seja confirmada como ministra da Agricultura.

O protesto dos movimentos sociais acontece no mesmo dia que Kátia será empossada para mais um mandato à frente da CNA, numa solenidade com a presença da presidente Dilma Rousseff, que pode convidá-la oficialmente para o Ministério da Agricultura.

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Confira a seguir a íntegra da carta:

"CARTA DA PLATAFORMA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO ESTADO DO TOCANTINS

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À PRESIDENTA DILMA RUSSEFF

Nós, dos Movimentos Sociais do Campo, da Cidade, de Juventude, de Mulheres, de Indígenas, de Quilombolas e dos Direitos Humanos, que vivemos no Tocantins, reunidos durante a Plenária Estadual dos Movimentos Sociais que atuam no campo e na cidade, bem como a dos demais movimentos sociais do país, entendemos que a luta pela reforma agrária e as conquistas garantidas pelos direitos constitucionais adquiridos pelos povos indígenas e pelos povos quilombolas e trabalhadores do campo estão totalmente ameaçadas com o possível ingresso da senadora Kátia Abreu no Ministério da Agricultura. Afirmamos que a luta dos povos do campo contra o agronegócio/agrotóxico/transgênico na região amazônica tem como inimiga a Senadora Kátia Abreu, representante principal da bancada ruralista.

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Para nós essa indicação vai na contra mão das reivindicações dos movimentos sociais brasileiro. Nossa preocupação não está apenas na suposta chegada da referida senadora ao Ministério da Agricultura e sua provável facilitação na liberação de agrotóxicos e transgênicos, tão nocivos à saúde da população brasileira, mas sim de toda a sua repulsa aos Movimentos Sociais que provavelmente sofrerão mais ainda com a criminalização das lutas e da pobreza.

Os movimentos sociais do campo, da cidade, de juventude, de mulheres, indígena, quilombola e dos direitos humanos não têm preconceitos contra a senadora Katia Abreu pelo fato dela ser mulher ou por ser da região Norte, somos, sim, contra o que ela politicamente representa, defende e apoia.

Todos os movimentos sociais e organizações presentes na Plenária Estadual dos Movimentos Sociais são veementemente contra a aprovação da PEC 215 e a ADI 3239 por representar um retrocesso aos direitos humanos, dos povos indígenas e quilombolas, uma ameaça a seus territórios, a sua vida e sua reprodução social-cultural-econômica, subjugando-os ainda mais a concepção autoritária de desenvolvimento adotado pelo governo.

Exigimos que o novo mandato seja pautado pelas rupturas necessárias para enfrentar as grandes questões estruturais da sociedade, apontem a natureza de nossos problemas e as soluções necessárias, principalmente no que diz respeito às transformações políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais que interessam ao povo brasileiro.

Entendemos que a Reforma do Sistema Político, a partir de uma constituinte exclusiva e soberana, proposta pelos movimentos sociais é o ponto principal para eliminarmos o "voto" do Poder Econômico nas eleições e nas definições das políticas públicas; que fortaleça os programas partidários, que enfrente a sub-representação dos/as trabalhadores/as, das mulheres, dos jovens, da população negra, indígena e LGBT; que regulamente e efetive os mecanismos de Democracia Direta; com a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo 1508/2014 que convoca um plebiscito oficial com a mesma pergunta do plebiscito popular que obteve mais de 7 milhões e meio de votos: "você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?" A Constituinte deve ter como prerrogativa central a soberania popular.

Por tudo que foi exposto acima é que defendemos e exigimos:

1. Democratização da Educação: com universalização do acesso à educação em todos os níveis, principalmente a educação infantil, ensino médio e superior; erradicação do analfabetismo de 14 milhões de trabalhadores/as; garantir a efetividade dos 10% do PIB para educação pública.

2. Democratização dos Meios de Comunicação: implementação das propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação e pela descriminalização dos veículos de mídia independente.

3. Programa Massivo de Moradia Popular, que supere o déficit de 8 milhões de moradias à curto prazo.

4. Investimentos Prioritários em Transporte Público de Qualidade, implementando a tarifa zero. Entendemos que é o transporte público que dá acesso a todos os outros direitos sociais constitucionalmente conquistados, como saúde, educação trabalho e cultura.

5. Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas semanais.

6. Reforma Agrária, que de fato democratize a estrutura da propriedade fundiária e garanta terra a todos/as os/as sem-terra. Pela publicação do decreto que atualize o índice de produtividade, facilitando a desapropriação do latifúndio.

7. Por um Plano Nacional de Erradicação do Uso de Agrotóxicos e Transgênicos, em defesa dos bens naturais e da biodiversidade a partir da agroecológia.

8. Por um Plano de Desenvolvimento da Indústria Nacional, em todos os municípios, com estímulo a Agroindústria Cooperativa e Economia Solidária. Este plano deve apontar para um novo modelo de desenvolvimento, baseado em novas formas de produção, distribuição e consumo.

9. Pelo compromisso real com o pleno emprego. Pensar a política econômica como elemento essencial para o pleno emprego, garantia de melhores salários e trabalho decente. Contra qualquer tentativa de precarização do trabalho e dos direitos trabalhistas. Garantia de uma política para os/as trabalhadores/as estrangeiros/as que se encontram no país em situações de violação de direitos humanos.

10. Desmilitarização das PM´s e a favor do PL 4471/2012 que propõe o fim dos autos de resistência: defesa de uma Polícia desmilitarizada e uma nova concepção de política de segurança que não criminalize a pobreza e a juventude, principalmente os negros.

11. Legalização da Maconha; combate a discriminação e a violência contra os usuários e ampliação dos espaços de tratamentos para aqueles que desejarem.

12. Pelo fim do Genocídio da Juventude Negra e contra Projetos de Redução da Maioridade Penal.

13. Pelo fortalecimento do sistema público de Previdência, pelo fim do fator previdenciário que prejudica o direito à aposentadoria dos/as trabalhadores/as brasileiros/as.

14. Pelo fim das Privatizações e das concessões dos bens e serviços públicos. O Estado precisa ter instrumentos eficazes de controle das tarifas de água, energia elétrica, combustíveis.

15. Por Políticas de Enfrentamento ao Machismo, Racismo e Homofobia. Defesa da criminalização da homofobia, da união civil igualitária, implementação real da Lei Maria da Penha e políticas para a autonomia econômica e pessoal das mulheres, pela criação do Fundo Nacional de Combate ao Racismo.

16. Pela demarcação imediata das terras indígenas e titularidade e regularização das terras das comunidades quilombolas. Rejeição a todos os projetos e PEC's em tramitação no Congresso contra os direitos indígenas e quilombolas. Pelo efetivo cumprimento da Convenção 169 da OIT.

17. Pela criação da Política Nacional dos atingidos pelos grandes projetos.

Assinam:

Alternativa para Pequena Agricultura no Tocantins – APA-TO
Associação dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis da Região Centro Norte de Palmas – ASCAMPA-TO
Casa 8 de Março Organização Feminista do Tocantins
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - ABONG-Tocantins
Centro de Direitos Humanos de Palmas – CDHP
Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins - COEQ-TO
Coletivo Cultural Canábico
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Conselho Indigenista Missionário - CIMI
Consulta Popular
Instituto de Direitos Humanos e Meio Ambiente – IDHMA
Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais – IPDMS Seção Tocantins
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Movimento Independente de Luta pela Moradia - MILM
Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH
Movimento Estadual dos Direitos Humanos - MEDH
Rede de Educação Cidadã - RECID"

Leia também: No dia da posse de Kátia, militantes invadem CNA

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