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O preconceito contra os cabelos coloridos

Um olhar diferente sobre o Carnaval, onde jovens da periferia colorem seus cabelos como uma espécie de fantasia; ensaio fotográfico e uma matéria publicada pelo Diário de Pernambuco sobre o tema geraram centenas de comentários na página do jornal na internet em uma demonstração explícita de intolerância; a repercussão acabou por gerar uma campanha contra o preconceito que tornou-se um viral nas redes sociais, além de reacender a discussão sobre o assunto; afinal, o preconceito crescente e cada vez mas explícito de parte da sociedade brasileira é de raça ou de classe social?

Um olhar diferente sobre o Carnaval, onde jovens da periferia colorem seus cabelos como uma espécie de fantasia; ensaio fotográfico e uma matéria publicada pelo Diário de Pernambuco sobre o tema geraram centenas de comentários na página do jornal na internet em uma demonstração explícita de intolerância; a repercussão acabou por gerar uma campanha contra o preconceito que tornou-se um viral nas redes sociais, além de reacender a discussão sobre o assunto; afinal, o preconceito crescente e cada vez mas explícito de parte da sociedade brasileira é de raça ou de classe social? (Foto: Paulo Emílio)
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Paulo Emílio, Pernambuco 247 - Um olhar diferente sobre o Carnaval, onde jovens da periferia colorem seus cabelos como uma espécie de fantasia. Um ensaio fotográfico e uma matéria publicada pelo Diário de Pernambuco sobre o tema acabaram rendendo bem mais do que uma outra forma de encarar a folia ou mesmo o cotidiano das periferias dos grandes centros urbanos. Poucas horas após a matéria ser veiculada, centenas de comentários pipocaram na página do jornal na internet em uma demonstração explícita de intolerância. A repercussão acabou por gerar uma campanha contra o preconceito que tornou-se um viral nas redes sociais.

O ensaio que reacendeu o debate sobre o preconceito que ainda permeia a sociedade brasileira vem sendo trabalhado pela repórter fotográfica Alcione Ferreira há cerca de um ano. O material faz parte de um projeto chamado “No Contra Fluxo”, que mostra o cotidiano dos jovens da periferia que colorem os cabelos perto do Carnaval e os carregadores-mirins dos bonecos gigantes de Olinda. Com 14 anos de atividade, Alcione já ganhou diversos prêmios, entre eles o Vladimir Herzog, de direitos humanos.

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“É uma espécie de cultura de resistência. Como eles não podem comprar fantasias caras, usam o que está à mão como papel crepom, água oxigenada e pó de madeira, por exemplo. Foi quando o assunto chamou a atenção do jornal e resolvemos fazer a matéria”, diz Alcione.

Coube à repórter Marcionila Teixeira vender a pauta. Com a pauta aceita, deu-se início ao trabalho de buscar os personagens e fazer a matéria. “Marcamos a “transformação” de um deles, colorindo os cabelos e fizemos as entrevistas e as fotos. Quando a matéria foi publicada no último domingo (23), choveram os comentários preconceituosos, incluindo ofensas pessoais, contra os garotos, contra mim e também contra a Alcione”, conta Marcionila.

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“A sociedade está ficando careta demais, reacionária ao extremo. E parece que quanto mais elevada a classe social, maior parece ser o preconceito. Isto é até mais assustador que um criminoso em si. Dele se espera tudo. Mas não saber quem está ao seu lado, o que de fato ele pensa, é terrível. Neste caso, o preconceito não é racial, mas social”, desabafa. Segundo ela, é “como se os personagens deste tipo de matéria entrassem na casa das pessoas sem pedir licença.

“É quase como uma ofensa. Não se pode mostrar o lado legal da periferia, como este pessoal vive e o que fazem de interessante. Muitos pensam que eles têm que ficar escondidos, mantidos à distância. Tenho que acreditar esta situação vai mudar em breve. Se isso não acontecer, não sei se terei mais como em acreditar em fazer matérias assim”, lamenta a jornalista que já ganhou diversos prêmios com reportagens ligadas a temática social.

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E se os comentários irados ganharam a web, a resposta veio rápida. Tanto Marcionila como Alcione questionaram o fato nas redes sociais. Logo em seguida, muitos começaram a compartilhar as fotos do ensaio fotográfico, chegando a trocar a foto do perfil de suas páginas pessoais no Facebook por uma dos “garotos de cabelos coloridos”.

A editora-executiva do Diario de Pernambuco, Paula Losada, ressalta que o problema não está concentrado nas redes sociais. “O problema não é rede social ou a internet. O problema são as pessoas que levam os seus preconceitos, sua intolerância e idiossincrasias às redes sociais. Uma coisa é a liberdade de expressão, outra coisa é ser preconceituoso e intolerante. O que aconteceu em torno desta matéria é puro preconceito de classe”, observa.

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Segundo ela, a ideia do jornal era mostrar “algo bacana e diferente”, dando espaço para “os jovens invisíveis da periferia”. “É como se estes jovens só pudessem aparecer nos jornais quando são mortos ou presos. A imprensa é cobrada por só mostrar o lado negativo e quando faz algo bacana aparece este tipo de reação. Mas de certa forma é até bom que isto tenha acontecido para reabrir a discussão em torno de uma situação que perdura há séculos no Brasil, que é o preconceito, seja de raça, classe social, cultural ou de nível econômico”, diz.

Paula diz que o jornal estuda fazer uma nova matéria sobre os jovens de cabelos coloridos. Desta vez, porém, repercutindo, o preconceito explicitado por uma parcela da sociedade que insiste em não aceitar que este tipo de comportamento não passa de um cancro que já deveria ter sido extirpado há muito tempo.

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Assista abaixo o vídeo que integra a matéria:

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 "Cabelos coloridos". Reportagem: Marcionila Teixeira. Imagens: Alcione Ferreira. Edição: Jaíne Cintra.

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