O que confabulavam os algozes de Teori Zavascki?
O jornalista Paulinho Oliveira enviou uma crônica para o Ceará 247, sobre como poderiam ter sido sido os diálogos furtivos, no velório de Teori Zavascki. "Claro que todo o diálogo e os pensamentos são ficcionais. Mas qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade", ironiza o jornalista
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Por Paulinho Oliveira - Durante o velório de Teori Zavascki, em Porto Alegre, essas figuras foram flagradas em atitude circunspecta.
Na primeira fileira, da esquerda para a direita, Alexandre Kojak de Moraes, Michel Temer, José Ivo Sartori e Eliseu Quadrilha Padilha traçavam suas diretrizes para o futuro do nosso amado Brasil:
- E aí, Quadrilha, o que será agora? - perguntava Sartori, mal disfarçando a falsidade por debaixo de seu bigode, a Eliseu.
- O que será já foi. Já era. Ganhamos tempo. Agora é tocar pra frente a obra.
- Silêncio, os dois! Estou concentrado! - balbuciou Temer, quase um ventríloquo.
Cinco segundos de pausa. Alexandre, ao lado do presidente, não resistiu e deu um cutucão, com o cotovelo esquerdo, no braço direito do seu chefe maior:
- Que foi, ministro?
- Nada, presidente... Só queria saber se...
- Tranquiliza-te, rapaz, podes ser tu, pode ser outro... Mas tu és forte, rapaz, és dos nossos.
- O senhor sabe que pode contar comigo sempre, não é, presidente?
- Estás nos meus planos, Kojak, não te apoquentes. No momento certo, passar-te-ei a missão, quando julgar necessário.
Alexandre e o presidente voltam a fechar a cara, na direção do caixão. Em pensamento, Temer confabulava consigo mesmo: "Será que finalmente pulei a grande fogueira do meu mandato?"
Por trás, Geraldo Alckmin e Rodrigo Maia olhavam para o mesmo lado - para a esquerda:
- Pegaram a gente, Geraldo?
- Qualquer coisa, sorria e acene, Rodrigo, sorria e acene.
- Se não der certo?
- Saída pela direita, Rodrigo... Saída pela direita... Quem vai pela direita nunca é pego. Veja-me em São Paulo: governo lépido e fagueiro, e ainda elegi um aprendiz de gari e pintor de muros para prefeito da capital...
O presidente continuava concentrado, olhando fixamente para o "Ordem e Progresso" da bandeira brasileira sobre o esquife de Zavascki. Pensava no seu próprio "slogan" de mandato e, internamente, rezava. Não por Teori, mas por si mesmo e pelos seus.
Porque, no fundo, bem no fundo, quase além da camada do pré-sal das águas de Paraty, Temer sentia que a fogueira do seu mandato ainda haveria de arder muito.
P. S.: Claro que todo o diálogo e os pensamentos são ficcionais. Mas qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade.
PAULINHO OLIVEIRA
Jornalista e escritor
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