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Poluição por medicamentos. Ameaça invisível presente nas nossas águas

Na Europa, por causa da relativa pobreza das reservas hídricas potáveis, lança-se mão largamente da reciclagem das águas. Mas há sérios indícios de que certas substâncias presentes nos medicamentos resistam aos tratamentos e permaneçam no líquido que será entregue ao consumidor. As consequências disso podem ser bastante nefastas.

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Por:  Soline Roy - Le Figaro

 

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Reunidos a semana em Paris para a Primeira Conferência Internacional sobre os resíduos de medicamentos que permanecem no meio ambiente, cerca de 250 especialistas fizeram um balanço bastante acurado sobre a realidade da situação. Suas conclusões estão longe de ser tranquilizadoras.

Antidepressivos, antibióticos, anti-inflamatórios, anticancerígenos, produtos de contraste utilizados na produção de imagens médicas, etc. Desde 1976, quando ocorreu a primeira evidência da presença de resíduos medicamentosos na saída de uma estação de águas de Kansas City, nos Estados Unidos, os conhecimentos avançaram muito pouco a respeito dos agentes químicos indesejáveis encontrados na água e no meio ambiente em doses geralmente infinitesimais. Mas na verdade ainda pouco se sabe sobre o problema.

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Ségolène Royal, ministra francesa do Meio Ambiente, compareceu e se manifestou durante a Conferência para anunciar um “Projeto Micropoluidores” que será desenvolvido ao longo de 2016 até 2012. Objetivo: Proteger as águas subterrâneas e da superfície reduzindo as emissões de poluentes já na fonte, e auxiliar os perigos representados pelos PCB – resíduos medicamentosos e outros micropoluentes.

Um balanço feito em 2014 pelo Ministério francês do Meio Ambiente a respeito da situação química das águas revelou uma triste constatação: apenas 50% das águas continentais de superfície estariam em bom estado químico. Essa taxa é aproximadamente a mesma para as águas dos estuários. As águas subterrâneas e do mar estão um pouco melhores: 67% das águas subterrâneas e três quartos das águas costeiras foram julgadas em bom estado.

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Os estudos ainda são poucos e incompletos

O campo de pesquisa continua gigantesco. Como analisar as 110 mil moléculas suscetíveis de causar problemas segundo a Comissão Europeia, e as 4 mil moléculas medicamentosas recenseadas? E quanto às suas interações? Moléculas oriundas de medicamentos fornecidos aos homens e aos animais e excretadas após a metabolização? E quanto às multi-exposições ao longo da vida, em particular para as pessoas mais frágeis, através da água das torneiras, e da alimentação, frutas e legumes contaminados pelos dejetos descartados pelas estações de tratamento de água e que se espalham pelos campos, os animais que recebem medicamentos? Como conhecer precisamente os desgastes provocados na fauna e na flora, a tal ponto a diversidade dos organismos e as interações dos ecossistemas são difíceis de reproduzir em laboratório?

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No que concerne a saúde humana, os expertos se dividem entre os que exclamam “não existir motivos para maiores preocupações” e os que clamam “socorro, vamos todos morrer!”

“Continuo a beber água da torneira”, diz Klaus Kümmerer, professor de química durável na Universidade de Leuphana, em Lüneburg, na Alemanha. Yves Lévi, por seu lado, tenta tranquilizar: “Nos países que possuem um sistema de depuração, as concentrações de resíduos medicamentosos nas águas potáveis são extremamente fracas e os riscos humanos também. Mas a verdade é que sobre tudo isso paira uma grande nuvem de incerteza”. Todos admitem que os estudos são escassos e que os dados disponíveis são pouco disponíveis ou até inexistentes. Assim sendo, a toxidade em doses fracas e a longo termo de um medicamento não foram estudadas antes que os produtos fossem colocados a venda no mercado. Da mesma forma, estudos quanto ao impacto ambiental dessas substâncias também são parciais e fragmentados. Quanto à água potável, ela é julgada de boa qualidade... Mas nenhuma regulamentação impõe a verificação dos resíduos medicamentosos...

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Melhorar a reciclagem

Podemos sonhar com o dia em que nos livraremos do petróleo e demais combustíveis fósseis, mas ainda não é possível, sonhar com o banimento dos medicamentos indispensáveis para a nossa saúde. Encorajar os industriais a conceber produtos mais biodegradáveis, diminuir as doses prescritas, informar a população sobre o uso seguro dos cosméticos, melhorar a reciclagem dos produtos não utilizados ainda são as melhores opções.

Quanto às estações de tratamento de água, ninguém pretende a obtenção de uma água absolutamente pura: as técnicas existentes para isso custariam fortunas, e isso na verdade não seria desejável nem mesmo para a preservação dos rios (eles têm necessidade de matérias orgânicas, nem para os nossos corpos  (eles precisam de minerais). “Temos outras prioridades, sobretudo fazer as coisas de modo que nenhuma estação de tratamento das águas transborde quando chegam as grandes chuvas”, declarou à imprensa a representante do Ministério do Meio Ambiente. Enquanto isso, o Ministério da Saúde da França recusou com um seco não o convite para participar da Primeira Conferência Internacional sobre os resíduos de medicamentos no meio ambiente...

 

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