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Transtornos psíquicos. Aceitar a doença é condição fundamental para o tratamento

Depressão, bipolaridade, esquizofrenia. Aceitar que a doença existe e é real permite a muitos pacientes o reinserimento numa situação social de normalidade.

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Por: Pascale Senk – Le Figaro Santé

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Em 2002, quando era estudante, Rachid manifestou uma forte depressão. Após fazer um tratamento com medicamentos, ele conseguiu sair dela... Mas houve recidivas em 2004, em 2009, em 2016. Nessa época as várias licenças do trabalho e hospitalizações desenhavam o panorama de uma existência agora estreitamente ligada à existência de uma doença psíquica. Durante todo esse tempo, ele diz, “eu permanecia em casa sem fazer nada; ou então internado em clínicas, demasiado entupido de remédios para voltar às atividades”.

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Hoje, aos 42 anos, Rachid está bem melhor: “A esperança voltou”. E, paradoxalmente, o fato de ter finalmente conseguido um reconhecimento oficial de “trabalhador com problema de saúde” parece tê-lo acalmado e deixado mais seguro: “Não vivo mais na negação da moléstia, ele explica, e sei que preciso redefinir minhas prioridades. Reorganizar meus horários, mudar de função agora se tornaram possíveis para mim”. Rachid certamente poderá retomar seu trabalho no seio do grupo de proteção social que o emprega há mais de dez anos.

Dar sentido à própria ajuda na cura

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Rachid tornou-se membro do Clubhouse France, associação que facilita a reinserção de pessoas fragilizadas por complicações psíquicas. Céline Aimetti, delegada geral, se congratula pelos excelentes resultados alcançados por essa ação: “Em 2016, 30% das pessoas que se beneficiaram do nossos trabalho em Paris tiveram acesso a uma atividade profissional normal”.

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Entre seus 200 membros existem, fotógrafos, diretores de empresa, enfermeiros, artesãos, contadores, etc. Todos eles, em certos momentos de suas vidas, ficaram paralisados por causa de algum transtorno psíquicos que se tornara crônico. É preciso constatar que, até há pouco, quase não se falava dessas doenças complexas.

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Reinserimento profissional

Céline Aimetti considera que chegou o momento em que é preciso ter a ousadia de encarar de frente essas afecções bastante comuns. Na França, e em quase toda a Europa, uma pessoa de cada cinco corre o risco de viver algum transtorno psíquico ao longo de suas vidas: depressão, ansiedade, adicção, transtorno alimentar, esquizofrenia, transtorno bipolar, etc.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) há pouco demonstrou com clareza que cinco de cada dez patologias preocupantes no mundo contemporâneo são de ordem psíquica. No entanto, até há cerca de dez anos, essa mesma Organização não considerava os distúrbios psíquicos como suficientemente frequentes e graves a ponto de serem seriamente levados em conta fora dos meios médicos. O fato de que, hoje, no mundo desenvolvido, uma pessoa de cada três solicitar o reconhecimento do seu handicap psíquico à sua empresa ou organização de trabalho – e geralmente conseguir esse reconhecimento – é prova de que uma evolução está acontecendo no sentido de uma mais correta valoração da seriedade da moléstia psíquica.

Tais progressos permitem por exemplo aos membros do Clubhouse Paris não desfrutar apenas de uma reinserção profissional, mas também aproveitar outros efeitos positivos em suas vidas. Rachid é testemunha disso: “Participar de projetos com outros pacientes, aprender a chegar sempre na hora marcada, preparar as refeições em conjunto, etc, me levou a redefinir muitas outras coisas em minha vida”.

“Tais atividades frequentemente se tornam uma ‘ponte’ entre o hospital psiquiátrico e uma vida autônoma e responsável”, afirma Céline Aimett, ao descrever a potência do modelo Clubhouse. A instituição surgiu nos Estados Unidos em 1948, sob o slogan “We are not alone” (Nós não estamos sozinhos) e hoje ela atua em mais de 35 países. Sua existência e a importância da sua proposta – o tratamento não medicamentoso - e sim predominantemente através da interação social - das moléstias psíquicas foi reconhecido pela OMS. “Tratam-se de lugares ao mesmo tempo sociais e estruturantes”, diz Céline.

Autoestima e confiança em si mesmo

A série de atividades oferecida pelo Clubhouse e organizações congêneres são chamadas de “jornadas de trabalho”. Elas se desenrolam normalmente das 9H30 da manhã até as 18 horas da tarde, e permitem às pessoas participantes que estejam presentes, dentro dessa faixa horária, num ritmo que lhes seja conveniente e confortável. Todos os dias, às 10 horas e às 14 horas, uma reunião permite distribuir as diferentes tarefas relativas àquela jornada.

Para Mathieu, esquizofrênico de 40 anos, e que há 15 anos vive entre a casa da mãe e a clínica psiquiátrica, ter frequentado um curso de aprendizagem de informática no Clubhouse foi um fator determinante para que ele voltasse a entrar em contato próximo com os outros membros. Para os pacientes, como regra geral, essas atividades fazem crescer a confiança em si mesmos, a autoestima, e a qualidade das relações com os outros. Os membros são ao mesmo tempo livres e responsáveis por tudo que fazem. “Quando a pessoa se engaja com os outros em um projeto, ela passa a ter dificuldade em faltar nas reuniões importantes”, estima Céline Aimett. Um outro efeito desses trabalhos realizados em comum: a solidariedade aumenta mais e mais. “Nos cuidamos uns dos outros”, observa Rachid. “Se um membro desaparece durante alguns dias, nós o procuramos, começamos por enviar um pequeno SMS para saber se tudo vai bem. Se não houver resposta, combinamos alguma forma para ir ao encontro dele”. Um slogan dos Clubhouses americanos - Needed, wanted, valued (Necessário, querido, valorizado) – representa bem a mentalidade que se quer desenvolver. Três palavras para evocar um verdadeiro resgate em face do transtorno psíquico.

 

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