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Tratamentos do câncer. Como eles atuam sobre a memória e a atenção

OPINIÃO DE ESPECIALISTA - A doutora Hélène Castel, oncologista, explica os vários distúrbios cognitivos que podem ocorrer durante tratamentos contra o câncer e as estratégias implementadas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes

Tratamentos do câncer. Como eles atuam sobre a memória e a atenção (Foto: Trent Bona Photography)
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Por Hélène Castel -  Le Figaro 

A eficácia dos tratamentos em cancerologia levou à melhoria nos cuidados dos pacientes tratados contra um câncer. No entanto, estes tratamentos podem causar efeitos colaterais, alguns dos quais ainda não são conhecidos o suficiente. De fato, a radioterapia cerebral pode causar efeitos colaterais  cerebrais mas as quimioterapias e as novas terapias alvo também são suscetíveis a induzir distúrbios da memória ou concentração. Estes distúrbios cognitivos estão agrupados sob o termo «Chemofog». Cerca de 75% dos pacientes se queixam destes distúrbios cognitivos durante a quimioterapia e/ou radioterapia com impacto na sua qualidade de vida e nos contatos sociais.

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Tais distúrbios estão mais frequentemente relacionados a um estado de cansaço subjacente, induzido pelo câncer e os tratamentos. No entanto, em alguns casos, anomalias cerebrais medidas por testes neuropsicológicos mostram mais especificamente perturbações da memória de trabalho, concentração, atenção, velocidade do processamento da informação e das funções executivas. Estes distúrbios são, na sua maioria, moderados e transitórios, mas alguns pacientes apresentam um déficit após a interrupção do tratamento que pode se prolongar por vários anos.

Pacientes submetidos a quimioterapia podem ficar «desnorteados»

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Hoje é possível observar nesses pacientes, através de imagens funcionais por ressonância magnética (IRM), uma ativação mais extensa dos circuitos neurais envolvidos na memória de trabalho. Uma diminuição do volume da substância cinzenta e branca no córtex pré-frontal também é constatada, após a interrupção do tratamento.

Para estudar o efeito do câncer e seus tratamentos nas funções cognitivas, equipes de pesquisa do Inserm se uniram sob a coordenação da professora Florence Joly, médica oncologista e chefe do departamento da Unidade de pesquisa clínica (Centro F. Baclesse, Caen) em um consórcio francês no Canceropôle Nord-Ouest. Os pesquisadores têm trabalhado com médicos e neurologistas de vários centros de luta contra o câncer (centro F. Baclesse em Caen, centro H. Becquerel em Rouen, Instituto Gustave-Roussy em Paris).

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Melhorar os distúrbios

Estudos clínicos foram conduzidos em Caen sob a liderança do Prof. Joly para avaliar, por exemplo, o impacto da quimioterapia sobre as funções cognitivas e a qualidade de vida de pacientes idosas tratadas contra o câncer de mama. Mais de 40 % delas desenvolveram distúrbios cognitivos durante o tratamento. Estratégias para tratar e melhorar os distúrbios sofridos por pacientes, como a reabilitação cognitiva na forma de oficinas, também estão sendo estudadas.

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Paralelamente, estudos realizados em nossa unidade Inserm em Rouen em modelos animais, visam evidenciar os mecanismos neurobiológicos e os distúrbios associados à utilização de diversas terapias bem como detectar biomarcadores. Por exemplo, um estudo que tínhamos realizado em ratos, mostra uma modificação das capacidades de ajuste do comportamento em função das circunstâncias com uma molécula de quimioterapia geralmente utilizada no câncer de mama e do cólon, o 5 Fluorouracile (5-FU). Assim, no espaço de quatro anos, a comunidade científica internacional em oncologia reconheceu a importância de desenvolver pesquisas sobre essa questão, devido às queixas relatadas pelos pacientes. Estas pesquisas que estamos realizando em colaboração visam prevenir alterações cognitivas ou tratá-las, e assim, melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Elas são essenciais para acompanhar os tratamentos cujos benefícios continuam a ser importantes para a cura dos pacientes.

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