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Uma infecção pode ser útil. Ela pode prevenir contra doenças autoimunes e alérgicas

Jean-François Bach, professor emérito de imunologia, secretário permanente da Academia de Ciências, da França, diz que, ao reduzir a incidência de doenças infecciosas, os avanços na medicina e higiene irão deixar mais espaço para as doenças autoimunes

Uma infecção pode ser útil. Ela pode prevenir contra doenças autoimunes e alérgicas
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Por: Damien Mascret - Le Figaro

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Le Figaro - De onde surgiu a ideia de inocular parasitas que provocam infecções para se lutar contra doenças autoimunes e outras?

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Jean-François Bach – No final de 1980, o Dr. Strachan, da London School of Hygiene & Tropical Medicine (Reino Unido) observou que, em muitas famílias, o risco de acessos de rinite alérgica diminuía à medida que os irmãos cresciam. Curiosamente, o irmão mais velho estava quase sempre mais propenso a ser alérgico do que a terceira ou quarta criança! Strachan, a seguir, especulou se o fato de o primogênito ter sido mais protegidos do que os outros, e dessa forma menos vítima de síndromes infecciosas na sua infância tinha algo a ver com essa relativa diminuição da resistência a elementos alergênicos. Os resultados da pesquisa, com efeito, apontavam nessa direção. Mais recentemente, verificou-se que as crianças criadas no campo, em fazendas, em contato direto com animais, eram menos vítimas de asma alérgica do que outras crianças criadas em ambientes mais assépticos e protegidos, sem muito contato com bichos e com o mundo natural. Essa correlação parece então estar bem confirmada, mas isso não deve colocar em questão os benefícios de higiene diária. Ela só muda a frequência das doenças alérgicas, que é bem menor nas crianças criadas no ambiente natural.

Essa mesma correlação pode ser aplicada a toda a população, e não apenas às crianças?

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Há anos percebemos que quando há um grande número de doenças infecciosas se manifestando em um país, há menos ocorrências de doenças alérgicas (asma, rinite, eczema em crianças, alergias alimentares) e menos doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, esclerose múltipla, doença inflamatória do intestino (doença de Crohn, colite ulcerativa). Isto foi atribuído às condições de saúde (teoria higienista), ou seja, à falta de acesso à água potável, ao fato de não se usar tanto os antibióticos para o tratamento de qualquer moléstia infecciosa, mesmo as mais corriqueiras como um simples resfriado, etc.

Como pode ser benéfico ter infecções?

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Há cerca de 15 anos, temos demonstrado com a minha equipe que um camundongo destinado a se tornar diabético, infectado em laboratório com vírus, bactérias e parasitas pode ter esse destino evitado! Ou seja, a diabetes prevista não se manifesta. Com isto em mente, algumas pessoas portadoras de doenças autoimunes que vivem em países desenvolvidos tiveram a ideia de se auto-infestar com ovos de parasitas na esperança de reduzir os sintomas e o desenvolvimento da doença. Isso, obviamente, não é aconselhável como uma solução em larga escala, mas o conceito existe. No entanto, devemos permanecer cautelosos no contexto da prevenção, pois, se por um lado existem pistas promissoras para o homem, esse não é necessariamente o caso para todas as doenças infecciosas ou doenças autoimunes. Em segundo lugar, este não é, provavelmente, o único fator que desempenha um papel no desencadeamento de moléstias autoimunes.

 

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