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“Valeu a pena”, diz Ana Paula em Porto Alegre

Ativista do Greenpeace afirmou em coletiva de imprensa neste sábado, ao chegar à capital gaúcha, que os dois meses em que ficou presa na Rússia foram os mais difíceis de sua vida, mas que a ação "valeu a pena"; bióloga foi presa com outros 29 tripulantes do navio Arctic Sunrise, durante manifestação em setembro; Ana Paula Maciel disse ainda não temer um novo incidente e que seguirá trabalhando pelas causas da organização ambientalista

***FOTO EMBARGADA PARA VE�CULOS DO RS E SC*** PORTO ALEGRE, RS. 28.12.2013: ATIVISTA/GREENPEACE - A ativista ga�cha Ana Paula Maciel � recepcionada por familiares em Porto Alegre ap�s ficar presa por 2 meses na R�ssia; Ana Paula e outras 29 pessoas foram (Foto: Gisele Federicce)
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Nícolas Pasinato, do Sul 21 - A bióloga gaúcha Ana Paula Maciel desembarcou às 11h deste sábado (28) no aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, onde era aguardada pelos seus familiares. A ativista do Greenpeace, de 31 anos, ficou dois meses presa e 40 dias sob custódia do governo russo, após participar de um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico. Ao chegar na Capital, com um ursinho polar na mochila e um cartaz dizendo "Salve o Ártico", Ana Paula concedeu entrevista coletiva à imprensa e disse que os meses em que ficou presa na Rússia foram os mais difíceis de sua vida, mas que a ação "valeu a pena".

"Foram os dois meses mais difíceis da minha vida. Mesmo esse último mês em que fiquei solta sob fiança, a tensão em volta era muito grande. Nos observavam o tempo inteiro", relata. A bióloga foi presa com outros 29 tripulantes do navio Arctic Sunrise, durante manifestação em setembro. O grupo ficou detido inicialmente na cidade de Murmansk sob a acusação de pirataria marítima. Posteriormente, foram transferidos para São Petersburgo, onde acabaram soltos sob fiança no final de novembro. Na semana passada, eles receberam anistia da acusação de vandalismo.

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"Os dois meses na prisão valeram a pena porque foi uma tentativa frustrada da Rússia de calar o Greenpeace, uma organização pacífica e reconhecida mundialmente. Tiveram que admitir que não éramos piratas e não conseguiram provar quando nos acusaram de vandalismo", declarou Ana Paula. Para ela, a anistia foi a forma que o país encontrou de sair do "buraco que cavou". "A reação da Rússia foi exagerada. A única maneira de saírem desse buraco foi concedendo a anistia. É difícil dizer que a Rússia é uma democracia. O sistema judiciário russo não é independente. Muitas vezes as decisões eram tomadas por um telefonema de alguém que ninguém sabia quem era", criticou.

Ela também condenou o sistema carcerário do país que, segundo ela, funciona para "humilhar e destruir psicologicamente". A bióloga conta que passou por diversas humilhações. "Nós éramos transportados sempre algemados em caixinhas de metal dentro de caminhões e quando chegávamos na corte éramos colocados para esperar em uma solitária de 1m20 cm por 0,90m junto de quatro ou cinco pessoas", descreve.

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Ela lembra também que não havia paz na prisão. De acordo com a ativista, os prisioneiros eram acordados às 6h com uma música alta que era tocada até o horário de dormirem, às 22h. "Não tínhamos paz em nenhum momento da prisão. A noite nós íamos dormir e todos os outros presos acordavam para se comunicar entre eles através de um sistema. E durante o dia era impossível dormir por causa do rádio. Fiquei muito desesperada um dia que começou a chover e eu queria escutar o barulho da chuva", recorda.

Ana Paula também quis esclarecer que a ação do Greenpeace não foi contra a Rússia nem contra a empresa Gazprom, proprietária da plataforma petroleira onde ocorreu o protesto. "Estamos contra o sistema das empresas de petróleo, o lobby petrolífero e o uso do óleo, porque é isso que está causando o aquecimento global", afirma. Ela explica que o Ártico é como um refrigerador do planeta e se ele derreter completamente a Amazônia vira um deserto e todos os regimes de corrente marítima irão se alterar.

A bióloga diz ainda não temer em passar novamente pelo mesmo incidente e afirma que seguirá trabalhando. "Meu objetivo é mudar o mundo para melhor. Para mim, para os que estão por vir e para os que ficam. É preciso assumir os riscos. Vou seguir trabalhando e navegando", declara ela, informando que irá descansar com a família durante um período para depois escolher seu próximo destino.
No final da coletiva, ela também ressaltou a influência do governo brasileiro e da imprensa no caso. "Se não fossem vocês e o governo a nos apoiarem eu ainda estaria atrás das grades. A bola fora que a Rússia deu com suas decisões arbitrárias foi que ela não esperava a repercussão mundial que tivemos", concluiu.

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O aguardo da família

Antes da chegada de Ana Paula a Porto Alegre, os seus familiares a aguardavam com uma mistura de ansiedade e tranquilidade, por saber que o pior já tinha passado. A ativista havia desembarcado em São Paulo por volta das 7h, após uma viagem que levou 12 horas.

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Rosângela Maciel, mãe de Ana, ao ser questionada como estava o coração momentos antes de rever a filha respondeu: "Está batendo calminho. Porque foi tão turbulento em noventa dias que hoje ele está aliviado, calmo e sereno. Só com a emoção de uma mãe esperando por sua filha", disse. Ela garante que seguirá a apoiando em novas viagens e acredita que o trabalho da filha será intensificado. "Acredito que agora ela vai se engajar muito mais. Vai tirar proveito dessa descoberta, pois muita gente não sabia nem que o Ártico existia. A luta vai ser melhor, porque vai ter muito mais gente apoiando", diz.

O pai de Ana, Jaires Maciel, o aguardava com uma orca de pelúcia para dar de presente e não escondia o orgulho da filha. "Tenho mais que orgulho. Tenho respeito pela causa que ela defende. Desde pequena ela pensa nos animais. Sempre foi inquieta", diz. A irmã Telma Maciel também destacou a personalidade de Ana. "Ela sai e a gente fica com o coração apertado. Desde pequena foi assim. Ela vai e faz. Se tiver que correr riscos, por ela tudo bem. Essa é a vida dela. Não poderia ser diferente", diz Telma, que junto da avó e de outros familiares aguardavam Ana Paula com um cartaz dizendo: "A nossa Porto está mais Alegre com o teu retorno. Te amamos".

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