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Vice do agronegócio é essencial para Padilha

Para setores mais pragmáticos do PT, política de alianças deve proporcionar diálogo com eleitorado 'um pouco mais conservador que não vota no partido', repetindo estratégia Lula-Alencar em 2002; nome mais cotado é o de Maurilio Biagi Filho

BRASILIA, DF, 13.11.2013: PADILHA/MEDICOS CUBANOS/DF - O ministro Alexandre Padilha (Saúde) participa da aula inaugural do curso de treinamento da nova leva de 557 médicos cubanos que chegaram ao país nesta semana. O grupo, que soma 3.000 no total, será d (Foto: Leonardo Attuch)
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Por Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, algumas das principais lideranças do Partido dos Trabalhadores e aliados históricos consideram que a viabilização do segundo turno na eleição para o governo de São Paulo em 2014 depende decisivamente da ampliação das alianças com setores conservadores do estado. O alvo principal é o interior, onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que disputará a reeleição, chega a 51% das intenções de voto, segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha no início de dezembro. Em todo o estado, Alckmin tem 43% e, na capital, 36%.

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Após a vitória de Dilma Rousseff na disputa pelo Planalto, em 2010, e da retomada do comando da prefeitura de São Paulo por Fernando Haddad, em 2012, as atenções do partido se voltaram para a conquista do Palácio dos Bandeirantes, objetivo até hoje muito distante. 

As lideranças mais pragmáticas do PT e Lula devem apostar no agronegócio para ocupar a vice na chapa encabeçada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e tentar superar o favoritismo do tucano ao romper o monopólio de Alckmin em um setor fundamental da economia paulista. A lógica é a mesma utilizada em 2002, quando Lula foi eleito presidente da República tendo o então empresário mineiro José Alencar como vice.

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Para o deputado estadual Edinho Silva, presidente estadual do PT até o domingo 8 de dezembro, quando foi substituído pelo ex-prefeito de Osasco Emidio de Souza, sem o chamado pragmatismo é muito difícil superar os 35% a 37% que a legenda conseguiu atingir em algumas eleições e ameaçar a hegemonia tucana de duas décadas.

“O grande desafio do PT é efetivamente ampliar seu eleitorado. E há uma leitura de que é necessário trazermos setores, na política de alianças, que dialoguem com esse eleitorado um pouco mais conservador que não vota no PT”, avalia Edinho. “E aí se trava o debate de um perfil de vice que tenha capacidade de ampliação, principalmente no interior do estado, onde, em muitas regiões, o PT chega a ter dois votos por um negativamente, e em muitas regiões chega a quase três por um.”

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Apontado como nome cotado para ser vice de Padilha ou disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PCdoB, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), está fora do páreo, segundo o vereador e presidente do partido no estado, Orlando Silva. “O Aldo decidiu junto com a presidenta Dilma que não será candidato. Seguirá no Ministério do Esporte em 2014. A presidenta pediu, em função da realização do Mundial de 2014. É uma decisão política que já foi tomada entre Aldo e a presidenta Dilma”, garante. A conversa entre a presidenta e o ministro ocorreu em meados de outubro. Dificilmente o PCdoB terá candidato próprio. “Sem o Aldo é difícil”, diz o vereador.

Com ou sem Aldo, a estratégia passa por atrair o setor do agronegócio, do qual o ministro do Esporte angariou simpatias como relator do Código Florestal, e ao mesmo tempo lançar o maior número de candidaturas possível para dividir o eleitorado ao máximo, o que aumenta as chances de segundo turno.

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“O presidente Lula me falou uma vez: ‘Temos que ganhar os votos que não temos. Os votos da esquerda nós já temos’”, conta Orlando Silva. “Essa é a lógica. Temos de fazer algum movimento, e eu concordo, para atrair o eleitorado que não temos, senão não vamos disputar a eleição para valer.”

O empresário Maurilio Biagi Filho, do setor sucroalcooleiro paulista, é um nome cotado para representar as forças empresariais na chapa encabeçada por Padilha. Observadores atentos aos “movimentos” políticos no estado não deixaram de notar a filiação de Biagi ao Partido da República (PR), no início de outubro. Presidente do grupo Maubisa, o empresário tem em seu perfil outro dado significativo: é integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da Presidência da República, o chamado "Conselhão".

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O deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), de Ribeirão Preto, conhecido representante do agronegócio na política paulista e presidente do diretório tucano de São Paulo, desconversa sobre as movimentações que disputam o voto do setor no interior do estado. “Ouvi alguma coisa na imprensa. Sempre há especulação para gerar notícias e criar fatos”, avalia.

Para ele, os processos decisórios ainda estão “longe”. “As convenções vão acontecer somente em junho. Todas essas estratégias antecipadas podem não se confirmar, porque o cenário da política às vezes é muito dinâmico”, diz Nogueira. “Cada partido constrói as suas alianças em cima de uma estratégia que lhe parecer mais pertinente. Não sei qual vai ser a estratégia do PT. Nós vamos concentrar nossas energias na montagem da nossa aliança em torno do nome do governador Geraldo Alckmin.”

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Sem consenso

Mas, do lado do PT, a estratégia está longe de ser consensual. A RBA ouviu de um deputado petista que a aliança com setores conservadores como o agronegócio “é útil para ganhar, mas ruim para governar” e reproduziria em São Paulo uma política de alianças que impede o governo federal de desenvolver políticas mais “à esquerda”. Segundo essa ala descontente, do ponto de vista eleitoral a lógica está certa. Mas, considerando a questão política, é uma solução equivocada. O agronegócio não dá emprego, mas subemprego, dizem os defensores do chamado “PT histórico”.

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), reeleita em 2012 em disputa acirrada justamente contra Duarte Nogueira, é apontada como uma solução mais política do que eleitoreira, e mais aceitável diante de uma opção que contemplaria um setor considerado antagônico às bandeiras petistas. A solução Dárcy, que é radialista, agrada devido ao perfil politicamente correto (é mulher) e mais neutro. Contra ela pesa um processo movido pelo Ministério Público Eleitoral, que a acusa de, como prefeita na gestão anterior, ter utilizado servidores comissionados na campanha de reeleição. Seja como for, o que mais incomoda é mesmo a aliança com o agronegócio.

“Não existe um debate específico sobre agronegócio. O que existe é uma leitura de que, para se ganhar o governo de São Paulo, é preciso o PT conseguir 50% mais um dos votos do estado. É difícil distinguir o eleitoral do político”, justifica Edinho Silva, que considera “um equívoco” a avaliação de que a estratégia seja mais eleitoral do que política. “É difícil distinguir o eleitoral do político. Se queremos governar São Paulo, implantar no estado a mesma política transformadora implantada no Brasil, temos que ganhar o governo do estado. E para isso, temos que ampliar eleitoralmente, mas sem abrir mão do nosso projeto.”

O líder do PT na Assembleia Legislativa, Luiz Claudio Marcolino, tem entendimento semelhante. “O PT sozinho não consegue ganhar uma disputa eleitoral no estado de São Paulo. É necessário dialogar com outros segmentos da sociedade. Um governador precisa dialogar com todo o estado de São Paulo”, diz.

“Nosso foco é montar uma estratégia para derrotar os tucanos no estado. Para nós é importante ter múltiplas candidaturas”, acrescenta o comunista Orlando Silva. Nesse contexto, além de Alexandre Padilha, ele cita as possíveis candidaturas de Paulo Skaf, pelo PMDB, e de Gilberto Kassab, pelo PSD, como as que farão parte da estratégia de dividir o eleitorado. “Vemos com bons olhos as candidaturas do Skaf e do Kassab, porque são lideranças que tiram votos do campo de lá, do PSDB.  A primeira questão é estimular essas candidaturas e, no segundo turno, fazer uma aliança mais ampla para derrotá-los.”

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