Zezinho a Venâncio: "acusação à citricultura não condiz com realidade"

Valter Lima - Sergipe 247 - Nesta semana, o deputado estadual Venâncio Fonseca (PP) fez um duro discurso contra o governo acusando-o de destruir a citricultura no Estado. "Governo atual assinou a certidão de óbito da citricultura", disse o parlamentar, que lidera a oposição na Assembleia Legislativa. Ele também afirmou que os supostos problemas no setor são "a prova inconteste da incompetência do governo". Procurado pelo Sergipe 247, o secretário estadual da Agricultura, José Sobral, rechaçou as acusações feitas pelo deputado. 

" Trata-se de uma acusação infundada e, para comprovar a atuação do governo na região, basta observar os números. A citricultura tem sido amparada, assistida com assistência técnica, com a defesa vegetal, em investimentos que passam de R$ 15 milhões ao ano em todo parque citrícola. Nunca se registrou esses valores de investimento em toda historia de Sergipe", afirmou Zezinho Sobral, apresentando uma extensa lista de ações do governo na citricultura. 

Para o secretário, "a fala do deputado transcreve trechos isolados e desconexos, além de palavras que nunca foram verbalizadas por mim". "Trata-se de um discurso de cunho político oposicionista, fazendo seu papel crítico, mas que não condiz com a realidade", diz.

Confira a entrevista na íntegra: 

Sergipe 247 - Secretário, que resposta o senhor tem a dar ao deputado Venâncio Fonseca em relação ao que ele define como "descaso do governo com a citricultura"?
José Sobral - Trata-se de uma acusação infundada e, para comprovar a atuação do Governo na região, basta observar os números. A citricultura tem sido amparada, assistida com assistência técnica, com a defesa vegetal, em investimentos que passam de R$ 15 milhões ao ano em todo parque citrícola. Nunca se registrou esses valores de investimento em toda historia de Sergipe.

247 - Qual a situação real da citricultura em Sergipe atualmente? E que ações a Seagri tem desenvolvido no sentido de fortalecer este setor produtivo?
JS - Durante os últimos 3 anos, mesmo em 2012 (ano muito seco) o estado teve uma safra média de 800 mil toneladas/ano sem alteração. Este é o resultado de uma séria de ações. Uma delas iniciou nos anos de 2010 e 2011,quando o Governo de Sergipe começou um projeto nunca antes desenvolvido na região foi lançado e executado, denominado Mão Amiga. O programa envolve ajuda pecuniária mensal de R$ 190 durante no período da entresafra da laranja, além de capacitações e alfabetização. Abrangendo 5 mil catadores de laranja, o programa atua em 14 municípios da região citrícola integrado com o Sergipe alfabetizado e outras ações do governo estadual, o secretário lembra que integrou a equipe que concebeu e e formatou o projeto junto o Governador Marcelo Deda e teve a oportunidade de participar nos dois primeiros anos do programa visitando pessoalmente os 14 municípios onde se desenvolve o projeto e entrando em contato direto com os cinco mil beneficiários, disse ainda que são investidos R$ 8 milhões de reais anualmente, nenhum governo passado tem números sequer parecidos para ofertar.
Não bastasse este fato, também se iniciou em 2010 um programa inédito de apoio ao pequeno citricultor, em parceria com o Governo Federal o Programa Suco de Laranja no Estado de Sergipe, em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), lançado inicialmente no município de Santa Luzia e com investimento inicial de R$ 1 milhão de reais, este programa, adquire a laranja, pagando ao produtor um preço diferenciado e produzindo o suco para ser distribuído nas escolas e para as famílias cadastradas na segurança alimentar. Já entre os anos de 2012 e 2013, quando nos tivemos o menor preço pago à tonelada de laranja no valor médio de mercado de R$ 169,00 o Governo de Sergipe, junto ao Governo Federal, executou Programa (PAA da laranja), via Conab, investindo R$ 6 milhões e atingindo 1.370 produtores de toda a região, entre agricultores familiares, além de pequenos produtores pronafianos. Além de ser um incentivo, o PAA também tem a função de garantir o preço da produção. A tonelada de laranja está sendo comercializada hoje a R$ 500. Ou seja, muito acima dos R$ 169 pagos em 2012 e também acima do preço médio de R$ 380 pago pelo programa. Isso porque o PAA pagava, em média, R$ 380 por tonelada, enquanto o mercado estava comprando a R$ 169,00. Tive a oportunidade de ser o secretário de Estado que tava na pasta quando nós conseguimos trazer o maior volume de recursos aplicados no PAA numa única ação no Estado de Sergipe. Somente nestas duas ações o governo investiu em 2012/2013 R$ 14 milhões de reais, algo nunca registrado em Sergipe.
Dando sequência na citricultura há outro ponto importante a ser destacado. Sergipe mantém ações muito eficientes no controle de doenças e pragas do citros, gozando do status de Estado livre de pragas quarentenárias, a exemplo do greene, pinta preta e correlatas, destacando-se Sergipe inclusive no contexto nacional de controle de pragas. - Em 2013, inspecionamos mais de 1.000 propriedades, produzindo laudos, orientando produtores e controlando a entrada de frutos e de mudas no Estado, evitando até este momento, que essas doenças chegassem ao Estado de Sergipe. Sendo assim, este governo cuida da defesa e da saúde dos citros dos vegetais. Enquanto secretário da Agricultura, eu estive na Câmara Nacional, defendendo o decreto que proibiu a entrada de partes vegetativas, inclusive de frutos oriundos de regiões contaminadas por essas pragas, tudo isso garantiu ao Estado o status de isento de praga quarentenária.
Também há a parceria dos citricultores com outros tipos de frutas e até de grãos para a diversificação da produção. Ressalta-se que a produção de grãos alcançou a região sul do Estado e hoje é plantada de forma consociada. O milho, por exemplo, em consórcio com a laranja. Desta forma, a produção de milho custeia a implantação de novos pomares. Temos experiências extraordinárias na diversificação dos citros (tangerina e outros) e de outras frutas como cacau, mamão, acerola, cupuaçu, entre outras, o que tem oferecido dado ao produtor mais tranquilidade e força perante o mercado. São, ao todo, 112 comunidades assistidas em programas de diversificação, com resultados muitos bons. Permanece também o subsídio para venda de mudas teladas e nossos viveiristas estão exportando para Alagoas e Paraíba muitas mudas produzidas nos viveiros, assistidos pela Emdagro.

247 - Neste trecho, ele o acusa indiretamente de incompetente: "O secretário vai na região e faz um discurso infeliz, dizendo que os pomares de Boquim tem muita lenha dizimada por pragas e que os citricultores são verdadeiros saudosistas. É a prova inconteste da incompetência deste governo. É muita incompetência! É um desgoverno! Não se tem um programa voltado para a citricultura". O que o senhor tem a dizer sobre isto?
JS - A fala do deputado transcreve trechos isolados e desconexos, além de palavras que nunca foram verbalizadas por mim. Trata-se de um discurso de cunho político oposicionista, fazendo seu papel crítico, mas que não condiz com a realidade. Talvez alguém tenha lhe passado uma visão distorcida dos fatos. Inclusive, quando estive em Boquim, na ocasião da última edição da Festa da Laranja, o governador em exercício Jackson Barreto foi homenageado, como fruto prova das ações que o Governo de Sergipe empenha naquela região. O que o deputado repercutiu foi um discurso isolado de um ex-citricultor que, há muitos anos, não obtendo sucesso em sua investida na produção de citros, veio a perder sua terra e pomares e, desde então, culpa não somente este, mas todos os governos que estiveram no poder desde então. Finalmente, no mesmo rio em que uns matam a sede, outros morrem afogados. Dizer que este governo é incompetente é de grande seriedade, pois mancha o trabalho dos técnicos e servidores tanto da Seagri como da Emdagro, que têm realizado um excelente papel para a agricultura familiar. Não me sinto pessoalmente atingido por esta fala porque tenho plena convicção no meu trabalho e nas minhas potencialidades, bem como confio nos técnicos que desempenham seu papel, dedicando suas vidas ao trabalho junto a agricultura.