ONG financiada pelos EUA, replica e inocula veneno antirrevolucionário
Este artigo é uma denúncia da tentativa de aplicar na Bolívia o esquema subversivo elaborado contra Cuba

Por José A. Amesty, 247 - A ONG argentina Cultura Democrática divulgou o documento “Apoio à sociedade civil cubana como método de pressão sobre governos totalitários. Sua possível aplicação à Bolívia”. Esta organização, com seu desgastado discurso humanista, por democracia e pela sociedade desenvolvida, justa e livre, pretende agora alinhar suas baterias contra a Bolívia, como cópia do que fizeram em Cuba.
Antes de compartilhar suas ações como organização antierevolucionária, queremos levantar algumas considerações e linhas de ação, que reiteramos e destacamos como parte do esquema midiático utilizado pelos Estados Unidos para esmagar a revolução cubana, e que desejam repetir na Bolívia, como estão fazendo igualmente, em menor medida, na Venezuela.
Observemos que, no jogo político dos Estados Unidos, vê-se com preocupação o deslocamento à esquerda na América Latina, que se deve ao fato de que os governos promovidos por Washington como modelos democráticos para a região fracassaram, pois só respondem aos interesses da direita e dos EUA, como instrumentos políticos e econômicos de suas transnacionais.
Por outro lado, os valores democráticos que os EUA apoiam só são aplicados fora do território dos EUA, para serem usados como justificação, apoiando partidos de oposição e usando-os como bandeiras de guerras não convencionais na mudança de regime, sutilmente ou pela força.
Lembremos que depois do golpe de Estado fracassado na Bolívia, e diante da virada para o progressismo na região, a ditadura neoliberal aperta seus tentáculos para mudar o status quo, tentando replicar receitas aplicadas a países como Cuba, país que eles continuam tentando dobrar.
A política de mudança de regime dos Estados Unidos baseia-se principalmente em influenciar os diversos setores da população cubana, para subtrair apoio do governo e direcioná-los de forma dissimulada para destruir o sistema político que os cubanos escolheram, semeando uma narrativa que os mobilize inequivocamente, com base nas condições criadas artificialmente pelo próprio mentor estadunidense.
A política externa dos EUA depende de um amplo sistema de organizações, aparentemente não governamentais, que são alimentadas pelo contribuinte americano e respondem ao governo para influenciar a política americana e mundial, eliminando aqueles que não se alinham e fortalecendo os aliados. As leis e marcos internacionais funcionam nos salões da ONU, fora deles, é a lei do mundo civilizado.
Por sua vez, o treinamento de mercenários e a formação de agentes de mudança é fruto de anos de evolução de um mecanismo diabólico que remonta à guerra fria e às lutas entre o Ocidente e a antiga União Soviética. Organizações como essas que lançaram as bases para o colapso do socialismo na Europa Oriental e hoje se erguem como flâmulas da liberdade escondendo seus interesses mundanos.
Essas organizações não escondem seus objetivos obscuros, chamam-nas livremente de lideranças e agentes de mudança, sem definir o que vão mudar, pois são projetadas para influenciar e mudar os governos que os EUA desprezam. O mínimo que lhes importa é a população sobre a qual atuam, mesmo quando dela saem os jovens que se preparam e doutrinam para realizar suas ações.
Assim, neste caso, por meio de um colaborador ligado à Cultura Democrática, revoltado com a ONG por seus métodos de guerra fria, que trouxe tanto sangue como resultado dela, obtivemos um documento que narra o procedimento a ser implementado em países de tipo revolucionário.
O documento descreve em detalhes como, a partir da alta política americana, é aprovada a preparação de líderes, que mais tarde se tornarão agentes de mudança, que, sem saber, estarão servindo aos interesses do autointitulado "hegemon mundial". É o novo conceito de guerra não convencional, destruindo o inimigo com suas próprias forças, aplicando as teorias do político americano Gene Sharp e o golpe suave.
De forma desrespeitosa, menciona-se no documento o sistema de medidas de bloqueio financeiro e econômico contra Cuba, que não são aplicáveis na Bolívia, porque exporiam o carrasco quase imediatamente, embora com o nível que se manipula hoje a comunidade internacional não há dúvida de que poderiam aplicá-lo contra qualquer país, independentemente das implicações éticas e violações do direito internacional.
Da mesma forma, no documento, mostra-se que esse modelo de mudança de governo vem sendo aplicado indistintamente na América Latina. Embora não na medida em que é aplicado em Cuba. Certamente, há muitos exemplos em que o apoio dos militares foi suficiente para promover um golpe de Estado, como foi no Chile contra Allende, o golpe judicial contra Dilma Rousseff no Brasil e a consequente prisão de Lula da Silva.
Sem dúvida, os Estados Unidos mantêm sua política de quintal em relação à América Latina e a de mudança de regime durante a guerra fria na região, consequência natural de seu desejo de dominação, após as experiências na preparação e execução das revoluções coloridas.
Hoje os EUA preferem quebrar uma nação sem o uso de assassinatos seletivos e em massa, como aconteceu com o Japão com as duas bombas nucleares. Após uma evolução para um estilo mais civilizado, os EUA preferem destruir quem ele considera seu inimigo, de seus bens mais importantes: seu povo, sua juventude, sem danos colaterais que afetem sua imagem como país hegemônico.
Finalmente, o documento indica que, no caso da Bolívia, estão sendo tomadas medidas, entre muitas outras, para fortalecer os partidos políticos da oposição e vinculá-los aos parlamentares cubano-americanos em uma causa comum, a de replicar as medidas antirrevolucionárias na Bolívia.
Por fim, anexo a prova do referido documento: “Apoio à sociedade civil cubana como forma de pressionar os governos totalitários. Sua possível aplicação à Bolívia”.
Este artigo foi publicado originalmente no Rebelion.org.
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