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Meio Ambiente

Expedição na Chapada Diamantina mostra diversidade dos pássaros brasileiros a estrangeiros

As biólogas ornitólogas Cristine Prates e Tati Pongiluppi têm se destacado na atividade de guiar turistas interessados em conhecer a exuberante diversidade de pássaros brasileiros

Cristine Prates e Tati Pongiluppi
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Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

Elas parecem “conversar” com os pássaros, de tão familiarizadas que são com os pequenos animais. As experientes biólogas ornitólogas Cristine Prates e Tati Pongiluppi têm se destacado na atividade de guiar turistas interessados em conhecer a exuberante diversidade de pássaros brasileiros. E marcaram presença, no fim de 2021, em uma expedição para observadores de aves norte-americanos pelo Nordeste que iniciou no estado do Ceará e terminando no sul da Bahia (quase 4000km percorridos). Passaram por locais exuberantes como a Chapada Diamantina (onde Tati e Cris trabalharam juntas) e Canudos na Bahia. Com direito a avistamento de espécies típicas da região e bem especiais, como o beija-flor-de-gravata-vermelha e o tapaculo-da-chapada-diamantina.

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“Passarinhada”, como os apaixonados chamam, apresentam nossos pássaros para americanos, alemães e outros povos encantados com tamanha variedade, nos mais variados biomas nacionais. E o potencial só cresce, lá fora e aqui. Para quem não sabe, estima-se que, apenas nos EUA, existam 70 milhões de observadores de aves, segundo dados dos anos 2000, que com certeza já estão defasados. No Brasil, a atividade está em franco crescimento: em 2004, a estimativa era de 500 observadores de aves - hoje já aumentou para 100 mil pessoas observando aves pelo país.

Mesmo com um número ainda reduzido de observadores de aves,comparado com outros países, existe uma estimativa de que a atividade tenha potencial para gerar, anualmente, entre R$ 90,3 milhões a R$ 153,9 milhões, apenas pelos observadores de aves brasileiros (Booth, 2015). Agências de várias partes do mundo operam roteiros de observação de aves no Brasil. Além disso, contamos também com agências nacionais e guias locais espalhados pelo país.

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A atividade acabou se tornando um ramo do turismo, pois a maioria dos observadores almeja observar espécies diferentes e precisa viajar para isso. Em cada tipo de ambiente, as espécies de aves encontradas vão se diferenciando. São mais de 10 mil espécies, espalhadas pelos seis continentes. Aqui no Brasil, contamos com quase duas mil espécies. A “brincadeira” entre os observadores é tão séria que existe um ranking mundial no site www.surfbirds.com das aves observadas, em que o primeiro lugar contabiliza a observação de 9.761 espécies! Imagina em quantos lugares foi preciso estar, para chegar nessa marca! No Brasil não é diferente: um dos rankings mais populares é do WiKiAves: seus top 3 já fotografaram praticamente 80% da avifauna brasileira. Vale destacar que o segundo e o terceiro lugar do ranking são ocupados por mulheres: Silvia Linhares e Ester Ramirez, respectivamente.

Mulheres rompendo barreiras - A novidade é que Cris e Tati estão começando a romper barreiras e tabus, ao liderar expedições. “O universo do turismo de observação de aves, especialmente quando se trata de grandes expedições, é predominantemente masculino”, lembra Cris. De acordo com os dados levantados para a criação do coletivo de guias de observação de vida silvestre, “Brasil Silvestre”, apenas 16% dos integrantes são do sexo feminino. “Quando encontramos com grupos sendo guiados para a prática, raramente vemos mulheres liderando. Ao fazer reservas ou chegar em lugares para a observação, muitas vezes o fato de uma mulher estar liderando causa certa estranheza nas pessoas. “Algumas até perguntam: quem é ‘o’ guia?”, conta Tati.

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Experiência e conhecimento não faltam para as duas guias biólogas e ornitólogas. Tanto que estão sendo cada vez mais conhecidas e procuradas por turistas especialistas no avistamento. Tati, 37 anos, é bióloga e observadora de aves. Trabalhou por 10 anos em projetos de conservação de aves em várias localidades do Brasil, através da ONG SAVE Brasil (afiliada da BirdLife International), onde teve a oportunidade de atuar no monitoramento de espécies ameaçadas, na elaboração de ações para a conservação, na articulação com governos locais e, especialmente, em ações de educação para a conservação com comunidades locais. Atualmente é co-fundadora da empresa de turismo de observação de aves Brazil Birding Experts, pela qual liderou viagens de observação de aves pelas regiões Sudeste e Nordeste do país. Cristine, 37 anos, formada pela Universidade Federal da Paraíba, atuou em Projetos de Pesquisa e Conservação de Aves da Caatinga. Trabalhou no Projeto Ararinha na Natureza, que tem como objetivo reintroduzir a ararinha-azul no seu habitat natural. Desde 2013 acompanha o guia Ciro Albano, da Brazil Birding Experts, adquirindo conhecimento na área de turismo de natureza. Em 2020 fundou a Birding Chapada Diamantina, que opera roteiros de observação de aves naquela região da Bahia.

“Duas mulheres liderando grupos de observadores de aves é especial por ser algo pouco ocupado por mulheres. Não temos notícias de outras viagens de observação de aves sendo lideradas por duas mulheres. Eu já liderei viagens pelo Sudeste, Nordeste e Pantanal - e é apenas na Chapada Diamantina que tenho a grande oportunidade de liderar a viagem com a Cristine. Na Serra da Canastra, tive a oportunidade de liderar com outra mulher, que não atua mais na região”, relata Tati, que tem filha pequena, de um ano e meio, mas conta com todo o apoio do companheiro, o também biólogo e guia Caio Brito. “Ele se responsabiliza por todos os cuidados com ela durante as minhas viagens, que variam de oito a 16 dias, com o apoio das nossas famílias. Confesso que não é nada fácil; como ainda amamento, é preciso toda uma logística para tirar leite durante as viagens.”

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Nos meses de novembro de 2021 e janeiro de 2022, Tati realizou duas longas expedições pelo Nordeste, de 10 dias cada uma, com observadores norte-americanos. O roteiro se iniciava em Fortaleza e foi finalizado no litoral da Bahia. “Normalmente – explica Tati - em roteiros longos de observação de aves, guias locais são contratados, na intenção de deixar a tour ainda melhor. O guia local, por estar presente na área, terá informações importantes sobre as áreas de vida das espécies, se alguma frutificação ou floração ativa está atraindo as aves, se elas estão ativas ao playback (técnica usada para a atração das aves). Isso sem falar nas arenas de cópula e nos ninhos, dentre outros pontos importantes. Além disso, a contratação do guia local é uma forma de distribuir renda nos lugares por onde a expedição passa, além dos gastos com hotéis, pousadas e restaurantes.

Conhecimento - Na Chapada Diamantina, Cris e Tati marcaram presença pela liderança feminina. O resultado encantou os turistas norte- -americanos - não só pelos pássaros, mas pelo conhecimento das duas experientes guias. “A Tati é a única mulher no Brasil que opera expedições de observação de aves tão longas em tempo e distância. E sonha em poder realizar suas viagens contratando guias locais mulheres - e em encontrar com outras guias mulheres pela estrada. É uma grande incentivadora do meu trabalho como guia e uma das responsáveis, eu diria”, orgulha-se Cristine. Nos últimos meses fizeram duas guiadas juntas na Chapada Diamantina. Algo totalmente novo: duas guias de observação de aves atuando juntas no nosso país. Foram dois dias com cada grupo, observando aproximadamente 110 espécies de aves, dentre elas o beija-flor-de-gravata-vermelha (que é símbolo da Chapada), o tapaculo-da-chapada-diamantina e o papa-formiga-do-sincorá, que só existem naquela região. Observaram também aves noturnas, como corujas, bacuraus e urutaus; foram sete espécies no total. “A expedição nos motivou a querer ver, no Brasil, mais mulheres operando no turismo de observação de aves.” No começo, para as duas guias, foi difícil acreditar no potencial como guias e encarar essa atividade, devido aos medos ainda impostos por uma sociedade machista, num mercado ainda tão masculino. “Mas quando decidimos iniciar a atividade, apesar de todos os desafios que a profissão de guia envolve, percebemos que tem espaço para mulheres sim - e que muitas limitações estavam apenas no nosso imaginário”, destaca Tati.

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“O resultado das duas expedições que fizemos juntas não poderia ter sido melhor: os dois grupos que guiamos ficaram felizes por terem sido guiados por duas mulheres (fato inédito para eles) e com muito sucesso, observando todas as espécies que desejavam e proporcionando experiências incríveis no cenário exuberante da Chapada Diamantina” – completa Cris. “Comentaram, inclusive, que o turismo de observação de aves tem muito a ganhar com uma maior presença feminina, com a organização, a precisão nas informações, a atenção em campo para perceber as aves e também pela harmonia nas relações” conclui Cris.

Saiba mais sobre Tati e Cris em seus perfis:

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@tatipongiluppi

@brazilbirdingexperts

@experienciasnomato

@cristineprates

@birding_chapadadiamantina

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