A democracia brasileira está em crise, diz colunista da Folha
Para Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, "não há mais como discordar que a democracia brasileira está em crise há vários anos"
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247 - O colunista da Folha de S.Paulo, Celso Rocha de Barros, repercute em seu artigo desta segunda-feira (12), a entrevista concedida pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, à revista Veja desta semana.
"A revista Veja desta semana publicou uma entrevista com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Na introdução à entrevista, Veja fez uma série de revelações importantes: entre abril e maio deste ano, tivemos militares e civis falando em impeachment, empresários tentando achar uma brecha para convocar novas eleições e, o que é incomparavelmente mais grave, 'oficiais de baixa patente' falando em uma 'sublevação contra as instituições corruptas' " - escreve o colunista.
"Enfim, o risco de golpe militar voltou a existir no Brasil, ao menos por alguns meses. É possível que já tenha passado, é provável que o golpe em questão fracassasse. Mas golpes fracassados também são perigosos. Talvez os oficiais de baixa patente tenham planejado um negócio sem chance de dar certo por serem idiotas. Mas também é possível que o tenham feito por terem percebido que, na atual administração, sinalizar golpismo pode ajudar nas promoções futuras", escreve o colunista.
"No recém-lançado livraço “Os Onze – o STF, seus bastidores e suas crises”, os jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber contam uma história aterradora: quando a Folha revelou a fraude bolsonarista do WhatsApp, um general da reserva publicou ofensas à ministra Rosa Weber, porque ela recebeu parlamentares de esquerda que pediam investigação do esquema".
"Em uma reunião em 23 de outubro de 2018, militares e ministros do STF se reuniram para discutir o assunto. Ao fim do encontro, Dias Toffoli dirigiu-se a seus colegas de corte e lembrou que Villas-Bôas tinha à sua disposição 300 mil homens armados que, em sua grande maioria, votariam em Bolsonaro. Tem prova maior da saúde institucional de uma democracia do que o presidente da suprema corte dizendo a seus colegas o equivalente a 'rapaziada, ó só, os militares tão com raiva, é melhor fazer o que eles mandam' ?"
"O golpe de Estado voltou a fazer parte do repertório de gente que quer subir na vida. Quando Bolsonaro homenageia Ustra, que mensagem está passando para os jovens oficiais? Não tem como saber se a turbulência de abril passou. O que está claro é que Bolsonaro quer que ela volte".
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