Agência Brasil cobra posicionamento do Datafolha
"Fraude jornalística" que favoreceu o interino Michel Temer no último fim de semana, ou "imprecisão", como definiu o Datafolha, repercutiu também na Agência Brasil, da EBC, que cobra um posicionamento do instituto da família Frias; instituto publicou que apenas 3% dos brasileiros querem novas eleições, quando o número real é de 60%; credibilidade do Datafolha nunca foi tão contestada como agora
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247 - A "fraude jornalística" que favoreceu o interino Michel Temer no último fim de semana, ou "imprecisão", como definiu o próprio Datafolha, repercutiu também na Agência Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que cobra um posicionamento do instituto da família Frias.
O instituto Datafolha publicou que apenas 3% dos brasileiros querem novas eleições, quando o número real é de 60%. O tema teve grande repercussão nas redes sociais desde o fim de semana e a credibilidade do Datafolha nunca foi tão contestada como agora.
A Agência Brasil, que repercute reportagem do The Intercept, do jornalista Glenn Greenwald, em sua matéria, disse ter feito "contato com o Instituto Datafolha e o jornal Folha de S.Paulo, mas ainda não obteve resposta". O 247 também aguarda respostas.
Leia abaixo a reportagem da Ag. Brasil:
Datafolha admite que houve imprecisão em pesquisa sobre Temer, diz site
Da Agência Brasil - Depois de questionado pelo site independente de notícias Intercept, sobre os dados de pesquisa do Instituto Datafolha, divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, no último fim de semana, sobre a preferência do brasileiro em relação à permanência de Michel Temer ou a volta de Dilma Rousseff, o Instituto Datafolha admitiu imprecisão na análise dos dados. O site diz que o jornal cometeu uma "fraude jornalística".
"Ontem [19], os dados completos e as perguntas complementares [da pequisa] foram divulgados. Tornou-se evidente que, seja por desonestidade ou incompetência extrema, a Folha cometeu uma fraude jornalística. Apenas 3% dos entrevistados disseram que desejavam a realização de novas eleições, e apenas 4% disseram que não queriam nem Temer nem Dilma como presidentes, porque nenhuma dessas opções de resposta encontrava-se disponível na pesquisa", diz o texto do site de notícias.
Em entrevista ao Intercept, Luciana Schong, do Datafolha, disse que "qualquer análise desses dados que alegue que 50% dos brasileiros querem Temer como presidente seriam imprecisos, sem a informação de que as opções de resposta estavam limitadas a apenas duas." Luciana afirmou à agência de notícias que foi a Folha, e não o instituto de pesquisa, quem estabeleceu as perguntas a serem feitas aos entrevistas e reconheceu "o aspecto enganoso na afirmação de que 3% dos brasileiros querem novas eleições", "já que essa pergunta não foi feita aos entrevistados".
A pesquisa foi divulgada no sábado (16) na Folha Online e no domingo (17) no jornal Folha de S.Paulo. A agência de notícias Intercept foi lançada em 2014 pelos jornalistas Glenn Greenwald, Laura Poitras and Jeremy Scahill. Greenwald foi o jornalista que, em parceria com Edward Snowden revelou a existência dos programas secretos de vigilância dos Estados Unidos, executados pela Agência de Segurança Nacional (NSA).
A pesquisa, segundo tabela divulgada pelo jornalista norte-americano Alex Cuadros, fez a seguinte pergunta aos entrevistados: "Na sua opinião, o que seria melhor para o país? Que Dilma voltasse à presidência ou que Michel Temer continuasse no mandato até 2018". Pela tabela, as informações dão conta de que 50% dos entrevistados querem que Temer continue na Presidência até 2018. E 32% dos entrevistados preferem que Dilma volte ao Palácio do Planalto. Os 18% restantes não escolheram nenhum dos dois, disseram não saber ou que preferiam novas eleições.
A Intercept observa que a Folha de S.Paulo não divulgou as perguntas realizadas, nem os dados de suporte, impossibilitando, assim, segundo o site, a verificação dos fatos que sustentam as afirmações. A matéria da Folha afirma que 3% dos entrevistados disseram que desejavam novas eleições, e 4% que não queriam nem Temer nem Dilma como presidentes, porque nenhuma dessas opções de resposta encontrava-se disponível na pesquisa.
Dessa forma, o site avalia como incorreta a afirmação de que 3% dos brasileiros acreditam que "novas eleições são o melhor para o país", pois a pesquisa não colocou essa pergunta aos entrevistados. Sendo uma pergunta binária, a Intercept avalia que, ao perguntar se Temer fica quando a única opção restante é Dilma ficar, é "incorreto dizer que 50% dos brasileiros acreditam que a permanência de Temer seja melhor para o país" até o fim do mandato de Dilma. Só é possível afirmar que 50% da população deseja a permanência de Temer se a única outra opção for o retorno de Dilma." O site entrevistou a professora de ciência política da Unicamp Andréa Freitas, para quem: "como as novas eleições são uma opção viável, deveriam ter sido incluídas como uma das opções".
O site lembra ainda que a possibilidade novas eleições foram aventadas tanto em pesquisa anterior do instituto, de 9 de abril, como por várias personalidades políticas, como Marina Silva. Na pesquisa da Datafolha de abril, feita antes da análise do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, 60% da população apoiavam o impeachment, enquanto 58% eram favoráveis ao impeachment de Temer. A sondagem também mostrou que 60% dos entrevistados queriam a renúncia de Temer após o impeachment de Dilma, e 79% defendiam novas eleições após a saída de ambos.
CNI/Ibope
Pesquisa CNI/Ibope, publicada pela Agência Brasil no dia 1º de julho, indicou que o governo Michel Temer foi considerado ruim ou péssimo por 39% da população. O percentual de pessoas que consideravam o governo de Michel Temer ótimo ou bom foi então de 13%, contra 10% de Dilma. Já os que avaliaram o governo Temer como regular foram 36%. Em março, 19% disseram que o governo de Dilma era regular. Na última pesquisa CNI/Ibope que avaliou o governo de Dilma, em março deste ano, 69% dos entrevistados consideraram o governo da petista ruim ou péssimo.
A Agência Brasil fez contato com o Instituto Datafolha e o jornal Folha de S.Paulo, mas ainda não obteve resposta.
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