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Mídia

Âncora da Globo em Goiás pede demissão em carta onde relata abusos e baixo salário

O jornalista Matheus Ribeiro, âncora da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás, como perseguição pela forma como ele usava as redes sociais e até cortes não justificáveis na folha de pagamento

Matheus Ribeiro (Foto: Reprodução)
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247 - O jornalista Matheus Ribeiro, âncora da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás, pediu demissão, nesta quarta-feira (8). Ele ficou conhecido nacionalmente, no ano passado, por ter sido o primeiro assumidamente homossexual a ocupar a bancada do Jornal Nacional.

O jornalista apontou abusos da emissora, como perseguição de chefe, na forma como ele usava as redes sociais, o baixo salário, inferior ao de profissionais com menos responsabilidades e até cortes não justificáveis na folha de pagamento.

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Confira a carta publicada no site Catraca Livre:

“Brenda,

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Diante de todos os fatos das últimas semanas, irei solicitar a rescisão indireta do meu contrato de trabalho com a emissora.

A forma como venho sendo tratado aqui, as restrições que vêm sendo impostas, as ilegalidades que foram cometidas e o tratamento incompatível à minha entrega como âncora do principal jornal da casa me obrigam a tomar essa decisão.

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Você sabe, mas não custa lembrar:

1) Há um mês, você mandou o chefe de redação aplicar uma advertência a mim por causa de uma foto com a moça com quem faço massagem, com o argumento de que isso seria “publicidade”. Além da estultice na interpretação (já que tenho dezenas de fotos com a dona Elna, nossa maquiadora, e isso nunca foi visto como divulgação alguma), a emissora parece não saber o valor de seu profissional. Eu não faria publicidade por uma massagem que custa 100 reais. Postei a foto porque é alguém que eu gosto e redes sociais servem para compartilharmos nosso dia a dia.

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2) Você mandou cortar meu salário sem me avisar, após fazer pressão para cumprir uma carga-horária que, na prática, nunca existiu. Se havia horas-extras contratuais no meu salário, isso foi um cambalacho que a própria empresa arrumou para compensar o salário ínfimo que sempre me foi pago. Nem eu, nem os demais colegas do Jornalismo temos a obrigatoriedade de bater ponto, devido às mudanças diárias feitas nos nossos horários. Está documentado. Mesmo assim, ilegalmente, usaram o controle de acesso da catraca como argumento. Se eu mesmo disse que o caminho era cortar essas horas-extras, esperava uma postura sensata da direção, em respeito à minha dedicação e história na casa. Com colegas que exercem funções inferiores à minha e não entregam o mesmo resultado que eu entrego ganhando salários acima de 15 mil reais, a TV me pagar um salário de R$ 3.900,00 é acintoso.

3) A pressão para que eu deixasse de exercer atividades na minha empresa que sequer têm conflito ético com minha atuação jornalística. Há mais de um ano, você e demais diretores têm total ciência de que minha empresa comprava mídia para alguns clientes aqui no grupo. Considerava até que isso era bem visto, já que informei que não havia outros veículos de comunicação nos planos de mídia desenvolvidos pela minha agência: sempre trouxe a verba de meus clientes para esta empresa, pela qual sempre tive gratidão e apreço. O pedido do Ronaldo para que eu fizesse uma escolha entre o jornal e os meus contratos de mídia foi desrespeitoso, já que sempre houve conhecimento pleno das atividades que desenvolvo, algo que está documentado com contratos, e-mails, cartas de credenciamento, notas fiscais e até brindes que ganhei por ser proprietário de agência.

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4) Por fim, mas não menos lastimável, esse cabresto ridículo que a direção deseja impor sobre minha atuação nas redes sociais, algo que foi e é bastante explorado pela emissora para beneficiar seus produtos. Tenho o maior número de seguidores entre os nossos colegas, minhas redes superam as da própria emissora, tenho uma relação legal com o meu público, converto isso em resultados para o jornal… Me proibir de fazer uma live para conversar com meus amigos e bater papo com os seguidores beira a censura desmotivada, pelo simples prazer de exercer o poder.

Some a tudo isso problemas mais antigos, que jamais foram “lembrados” nas nossas conversas, como o fato de eu apresentar o jornal há anos e ter no meu contrato a função de repórter.

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Eu cheguei aqui um menino, cru e precisando aprender. Sou muito grato pelas oportunidades que me foram dadas e creio que demonstrei isso por um bom tempo. Tenho certeza de que já retribui tudo o que a empresa fez por mim. Só que há tempos essa relação está desigual e tóxica. Estou infeliz com este ambiente de trabalho, me sinto desrespeitado, menosprezado e subutilizado.

Gostaria, apenas, de entender qual a motivação de uma postura tão beligerante, arbitrária e exagerada em relação à mim. Fico curioso e intrigado para entender o porque da perseguição, dessa necessidade de colocar rédeas… Alguma atitude minha gerou essa necessidade? Algo está incomodando a ponto de gerar isso tudo?

Preferências pessoais à parte, sou um profissional que cumpre suas funções e entrega resultados além do esperado. Não custa lembrar que, com o trabalho de um time extremamente competente do qual tenho orgulho de fazer, o JA2 alcançou recentemente uma das suas maiores audiências da história. Recorde que, caso não lembre, batemos outras vezes desde que comecei a apresentar.

Ouvir, como ouvi do Ronaldo, na sua frente, que tenho “um grande futuro pela frente na empresa” é incompatível com a realidade. Apresento o jornal de maior audiência de Goiás há cinco anos. O meu futuro é hoje. Para mim, a TV ficou no passado.Atenciosamente,
Matheus Ribeiro”.

Com informações do Catraca Livre

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