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Bloomberg: Impeachment não resolve problemas do Brasil

"O Congresso do Brasil abriu um processo de impeachment contra a presidente da República. As acusações podem ser justificadas ou não, mas, se existe uma cultura política que merece ser julgada, é a do Brasil", diz o início do editorial da agência de notícias econômicas; texto aponta ainda que a presidente brasileira é "uma mera ilustração do problema maior: o pouco saudável modelo de Estado do Brasil, que incentiva a corrupção e retarda o desenvolvimento e o crescimento"

Brasília- DF 02-12-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Presidenta Dilma durante pronunciamento. (Foto: Gisele Federicce)
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(Bloomberg) -- O Congresso do Brasil abriu um processo de impeachment contra a presidente da República. As acusações podem ser justificadas ou não, mas, se existe uma cultura política que merece ser julgada, é a do Brasil.

Os eleitores brasileiros -- e os parlamentares menos -- quase não têm culpa de seu descontentamento com a presidente Dilma Rousseff. A economia que ela gerencia está piorando e a presidente se viu salpicada (embora não implicada até o momento) por um longo escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, a empresa petrolífera estatal do Brasil. Mas Dilma é também uma mera ilustração do problema maior: o pouco saudável modelo de Estado do Brasil, que incentiva a corrupção e retarda o desenvolvimento e o crescimento.

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O movimento em direção ao impeachment surgiu após mais notícias sombrias a respeito da situação econômica do Brasil e dos escândalos de corrupção que tornaram mais difícil resolvê-la. Na terça-feira, o governo anunciou que a economia havia encolhido 1,7 por cento no terceiro trimestre -- terceiro declínio seguido.

Enquanto isso, o mais importante dos jovens financistas do Brasil, o bilionário André Esteves, foi preso juntamente com o senador Delcídio do Amaral-- primeiro senador detido durante o mandato desde o retorno do Brasil à democracia nos anos 1980 e o último alvo da investigação sobre a Petrobras. A prisão de Amaral é a prova A de como a investigação sobre a corrupção, que até o momento atingiu mais de 100 executivos e políticos, está paralisando as tomadas de decisões: ele liderava as negociações no Senado para a aprovação de medidas de austeridade fiscal que Dilma precisava aprovar.

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Uma das fontes das crônicas e generalizadas condutas ilegais é a profunda relação entre o Estado brasileiro e sua economia. O maior doador de campanha da eleição de 2014 do Brasil, por exemplo, foi o frigorífico JBS, que anteriormente havia recebido uma injeção de US$ 4 bilhões do BNDES. E o escândalo ainda em metástase na Petrobras, onde um cartel de fornecedoras subornava altos funcionários para conseguir contratos a preços inflados que custaram US$ 7,6 bilhões à empresa, é apenas o exemplo mais flagrante de como as doações políticas lícitas e ilícitas renderam retornos consideráveis.

Infelizmente, a maior parte das recompensas do controle do Estado sobre a economia não chegou aos brasileiros comuns. A maioria dos empréstimos do BNDES, por exemplo, foi para grandes conglomerados que poderiam captar o dinheiro em outras partes. E essefinanciamento vem com uma pesada etiqueta de preço para o público: o banco concede empréstimos às empresas mais ricas do Brasil a uma taxa muito mais baixa do que aquela paga pelo Tesouro para poder emprestar ao banco.

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Pode ser demais pedir que Dilma abandone a ideologia que sustentou o seu governo e o de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, para tirar a economia do Brasil do fundo do poço, será preciso uma análise rígida das políticas que a ajudaram a chegar lá. E manter o país fora do poço exigirá medidas mais fortes contra a corrupção e uma reforma do modelo de financiamento de campanha -- ambas áreas para as quais Dilma prometeu avanços após sua reeleição em 2014.

Dilma provavelmente não terá muito tempo para isso agora. Até mesmo a conquista do apoio para o doloroso ajuste fiscal necessário para interromper a queda do Brasil terá que ficar em segundo plano porque ela precisa garantir sua sobrevivência política. É cedo demais para dizer se ela merece sobreviver. Mas independentemente de como será esse processo complicado, os meses de manobras políticas tornarão a crise fiscal imediata do Brasil mais difícil de consertar.

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