Bolsonaro autoriza aumento da violência policial, aponta o Guardian
Principal jornal da Inglaterra, The Guardian destaca declaração de Jair Bolsonaro de que suspeitos devem morrer "como baratas"; "As declarações, inflamatórias até mesmo pelos padrões bolsonarianos, foram aplaudidas pelos apoiadores, mas provocaram indignação entre ativistas e a oposição", diz o Guardian; leia reportagem na íntegra
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247 - O jornal inglês The Guardian publicou nessa terça-feira, 7, reportagem destacando declaração de Jair Bolsonaro que incentiva o aumento da violência policial no Brasil.
"O presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que espera que os criminosos 'morram nas ruas como baratas' como resultado de uma legislação rígida que quer impor a fim de proteger de processos penais forças de segurança e cidadãos que atirarem em supostos infratores", diz o texto do correspondente Tom Philips.
Leia, abaixo, a reportagem na íntegra, traduzida para o 247 por O. Ramos:
Jair Bolsonaro afirma que criminosos ‘morrerão como baratas’ no âmbito das novas leis propostas
Tom Phillips
O presidente do Brasil exige que forças de segurança e cidadãos que atirarem em supostos infratores sejam protegidos de processos penais
O presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro*, disse que espera que os criminosos “morram nas ruas como baratas” como resultado de uma legislação rígida que quer impor a fim de proteger de processos penais forças de segurança e cidadãos que atirarem em supostos infratores.
Em uma entrevista transmitida na segunda-feira, Bolsonaro afirmou que esperava que o Congresso aprovasse seus planos controversos para expandir a suposta excludente de ilicitude – artigo no código penal brasileiro que torna permissíveis alguns atos normalmente considerados ilegais.
Ativistas temem que isso possa causar um banho de sangue, mas Bolsonaro alegou que forneceria “cobertura legal” muito necessária a policiais que usaram força letal no cumprimento do dever e causaram uma queda “dramática” nos índices de violência.
“Esses caras [criminosos] vão morrer nas ruas como baratas [se tais proteções forem aprovadas] – e é assim que deve ser”, disse ele.
Bolsonaro argumentou que a polícia brasileira estava travando uma batalha "desigual" contra o crime e deveria ser condecorada por usar suas armas, e não ser levada à justiça.
“Cidadãos honestos” também mereciam proteção se precisassem usar força letal para proteger suas vidas ou propriedades.
As declarações, inflamatórias até mesmo pelos padrões bolsonarianos*, foram aplaudidas pelos apoiadores, mas provocaram indignação entre ativistas e a oposição.
“Esses são comentários repugnantes”, disse Ariel de Castro Alves, veterano ativista de direitos humanos e advogado em São Paulo.
Alves alegou que o discurso truculento e desumano de Bolsonaro já havia causado um aumento na violência policial mortal – em grande parte contra homens pobres, jovens e negros – e temia que a legislação planejada piorasse as coisas ainda mais.
“Já tivemos 414 assassinatos cometidos por policiais militares em São Paulo [no primeiro semestre de 2019] – o maior número desde 2003 (...) Ele está incentivando a violência e acaba atuando como uma espécie de instigador da brutalidade”, disse Alves.
Robert Muggah, chefe do Instituto Igarapé, think tank independente, disse que houve um aumento vertiginoso semelhante de assassinatos no Rio de Janeiro, onde a polícia matou 434 pessoas nos primeiros três meses de 2019.
“Esse é o maior número registrado em mais de duas décadas”, disse Muggah.
Nos primeiros seis meses deste ano, a polícia do Rio supostamente matou 881 pessoas – ou uma pessoa a cada cinco horas.
“Nossa preocupação é que esse tipo de retórica pode encorajar a polícia a mobilizar mais força excessiva e pode resultar, de fato, em mais violência policial do que ocorre atualmente”, acrescentou Muggah.
“Essa é claramente uma preocupação em um país que já registra a maior quantidade absoluta de violência letal e alguns dos mais altos níveis de assassinatos cometidos por policiais no mundo.”
No ano passado, a polícia brasileira matou quase 6.200 pessoas*, em comparação com 5.225 em 2017, mostram números oficiais.
* site em inglês
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