'Brigar com vice é coisa perigosa e traz falta de sorte', diz Elio Gaspari
"É sabido que o presidente e seu vice afastaram-se. Contudo, uma separação pública de Bolsonaro e Mourão conduzirá inevitavelmente a um reflexo no meio militar", avalia o jornalista Elio Gaspari
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247 - O jornalista Elio Gaspari avalia, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo, que os ataques de jair Bolsonaro direcionados ao seu vice-presidente, general Hamilton Mourão, são uma “coisa perigosa que, além de tudo, traz falta de sorte”.
“Fernando Henrique Cardoso e Lula tiveram nos vices Marco Maciel e José Alencar colaboradores exemplares. Nos últimos 50 anos dois presidentes encrencaram com seus vices: Dilma Rousseff e João Baptista Figueiredo. Ambos se deram mal. Ela foi retirada do cargo e Michel Temer tomou-lhe o lugar. Figueiredo saiu do palácio por uma porta lateral, enquanto o vice, Aureliano Chaves, tomava posse no ministério escolhido por Tancredo Neves. Indo mais longe, Jânio Quadros não se dava com João Goulart e renunciou achando que ele não seria empossado. No mínimo, brigar com vice não dá sorte”, observa.
Ainda segundo ele, “Mourão está acima da média da equipe de Bolsonaro e poderia ter ajudado em tarefas mais meritórias do que embarcar para Angola numa missão municipal. Ademais, ele só foi colocado na chapa porque traria consigo um apoio militar. Fosse qual fosse o tamanho desse apoio, também não dá sorte perdê-lo. Sobretudo numa fase durante a qual, para um militar, a associação com Bolsonaro pode trazer vantagens, mas cobra prestígio”.
“É sabido que o presidente e seu vice afastaram-se. Contudo, uma separação pública de Bolsonaro e Mourão conduzirá inevitavelmente a um reflexo no meio militar. Quando esse veneno entra nos quartéis, a desintoxicação custa caro e demora anos para cicatrizar”, afirma.
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