Cuidado: você está sendo julgado

Lucas Reginato _247 - Diversas ferramentas já surgiram durante a breve vida da internet na tentativa de classificar internautas em plataformas distintas. O objetivo, igualmente variável, pode incluir instrumentos para campanhas de marketing e até uma espécie de jogo no qual os usuários lutam pelo topo da lista. Uma novidade que arrematou esse mercado foi o Klout, que fez sucesso por trazer não apenas informações numéricas, mas uma espécie de interpretação desses dados em um perfil do usuário. A ferramenta foi objeto de discussão no segundo dia da Social Media Week São Paulo, organizada no Museu da Imagem e do Som.

“O Klout foi algo revolucionário por transformar números em conceitos humanos”, diz Fábio Rex, think thanker da agência Babushka. Quanto mais popularizado, no entanto, o Klout remete a uma discussão sobre para quais fins ele está sendo utilizado. Qual, afinal, pode ser a necessidade real de uma ferramenta como essa quando sua lógica pode ser deturpada pelos usuários. “Ele deveria render alguma coisa, mas as pessoas já aprenderam que podem manipulá-lo”, explica Rosana Hermann, blogueira e gerente de Inovação do R7. Isso acontece porque a base de dados em que o Klout se baseia já é conhecida pelos internautas, que têm métodos para aumentar sua “nota”.

Se parece uma ferramenta nova, é apenas um reflexo daquilo que existe desde o início dos tempos. “A Kloutificação sempre existiu na sociedade, porque as pessoas sempre se julgaram”, explica Rex. Um programa de computador que trabalha julgando as pessoas online baseado nas informações que elas disponibilizam pelas mídias sociais é quase uma institucionalização de tão antiga prática. Com o Klout, o julgamento, mecânico, não apenas é público, disponível para qualquer um, como mesmo aqueles que nunca ouviram falar do Klout também estão sendo monitorados e recebem nota de um programa que analisa todas as informações disponibilizadas pelas mídias sociais.