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Gaspari diz que Lula confia demais em seu taco

E afirma que um de seus erros foi passar o trator sobre Marta Suplicy; agora terá que eleger o “poste” Haddad e “atarraxar a lâmpada

Gaspari diz que Lula confia demais em seu taco (Foto: Folhapress)
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247 – A ausência de Marta Suplicy na festa de lançamento de Fernando Haddad não surpreendeu o colunista Elio Gaspari. Ao tratorar a senadora em São Paulo, que era favorita na disputa, Lula teria conseguido passar a perna nele mesmo. Terá todo o trabalhado de eleger o “poste” Haddad e de também “atarraxar a lâmpada”. Leia:

A fé de Lula em seu taco - ELIO GASPARI

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Lula tem uma infinita fé no seu taco. Já transformou greve derrotada em vitória política. Em 2008 jogou o peso de sua presidência pedindo à população que consumisse, no auge da depressão mundial. Acertou e prevaleceu. Em janeiro passado deixou-se atrair pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que parecia disposto a aliar-se ao PT na eleição de outubro, apoiando a candidatura do ex-ministro Fernando Haddad. Lula contrariou uma parte de sua base e, sobretudo, a senadora Marta Suplicy. Passou-lhes o rolo compressor do Guia Genial dos Povos e armou até mesmo uma entrada triunfal de Kassab na cerimônia do 32 aniversário do PT. Um mês depois o prefeito aninhou-se com o tucanato. Consagrou sua fama de articulador com um título raro: passara a perna em Lula, que ficou com a carga de lutar pela eleição de um poste no qual deverá até mesmo atarraxar a lâmpada.

Ao encontrar-se com o ministro Gilmar Mendes para tratar do mensalão, com direito a comentários impróprios sobre juízes do STF, Lula sabia que corria riscos. Confiou no que supunha ser uma relação recíproca de amizade. (Nosso Guia e o ministro têm uma relação de afeto ofídico.) Deu no que deu. Essa autoconfiança vem de longe, do tempo em que, no meio de uma crise, ao fim de uma reunião com empresários, um deles pediu-lhe um autógrafo, pois prometera-o a um filho.

Em cinco meses, duas bolas fora, em casos onde prevaleceu o que acreditava ser o seu instinto infalível. No episódio de Kassab, pode ter atrapalhado o próprio partido, nada mais que isso. No de Gilmar Mendes, transbordou, e o encontro dos dois só serviu para criar um clima de feijoada no Supremo Tribunal Federal. Lula fez seu périplo pelos ministros sem discutir a tática com os réus do mensalão, ou com seus advogados. Quis levar a coisa no peito. A esta altura da vida, não é de se esperar que mude, mas seria o caso de ele próprio se perguntar se não está exagerando. Como ele já disse: "Quando a gente pensa que vira vanguarda, vira mesmo é desastre".

Ele

Durante a campanha eleitoral, quando um de seus amigos começou a dizer bobagens, ele o procurou, pedindo que ficasse calado. Mais: antes da gestão pessoal, mandara um intermediário oferecer um bom dinheiro para calá-lo.

Quando ele é apanhado num erro, culpa os outros, preferencialmente a imprensa. Velhos companheiros garantem que se trata de um megalomaníaco, que só acredita em si, craque numa campanha, medíocre na administração.

Ele é Barack Obama, segundo o livro "The Amateur" (o e-Book está por US$ 9,99), do jornalista americano Edward Klein, que disparou para o primeiro lugar na lista de mais vendidos do The New York Times.

O amigo que dizia bobagens era o pastor Jeremiah Wright. O dinheiro (US$ 150 mil) foi oferecido por Eric Whitaker, que ainda hoje é um dos mais próximos conselheiros pessoais do companheiro.

Fé no taco contagia

A cadeira do ministro da Fazenda, Guido Mantega, já teve diversos tipos de ocupantes. Havia os que falavam pouco (Pedro Malan e Octavio Gouvêa de Bulhões), dois mestres da arte de falar para dar a entender (Delfim Netto e Mario Henrique Simonsen) e os que falavam o que não deviam (Rubens Ricupero e Ciro Gomes). O ministro Guido Mantega esteve no primeiro grupo, habilitou-se ao segundo e está escorregado para o terceiro.

Outro dia, ele exigiu que a banca reduza os juros em até 40%, deu um prazo de 30 dias e informou: "Eu vou cobrar. Em mais um mês, tudo isso tem que estar rodando". Mantega sabe que não é assim que se faz e, se faz assim, está fazendo outra coisa. Acredita que pode transformar o ministério num comissariado que dá ordens ao mercado. Ou, numa versão benigna, acredita que pode dar essa impressão.

Mantega fez um trabalho exemplar baixando a crista da banca na discussão das taxas de juros, mas nunca fez ameaças, com metas e prazos. A diferença está no detalhe mandão. Se o ministro da Fazenda acha que pode dominar o mercado financeiro ameaçando-o dessa forma, de duas, uma: ou não consegue e se desmoraliza, ou consegue e acaba acreditando que é o rei do pedaço. Mais adiante, virá a conta. Houve uma época em que a banca mandava na ekipekonômica, pensar que se pode construir um modelo onde ocorra o contrário também não dá certo.

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