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Globo ignora Lula e se homenageia no Senado. Toffoli elogia novelas

"Quem se entregou, voltando ao tema que originou esse artigo, foi o JN. Ao se omitir sintomaticamente, ferindo qualquer preceito ético, diante da entrevista de Lula, um óbvio fato jornalístico, o dito principal telejornal do país repetiu o que mais tem feito: tentar manipular a história. Na maioria das vezes, omitindo-a ou distorcendo-a. Foi assim em 1984, com as Diretas Já, em 1989, com o debate manipulado, e foi assim agora", aponta o blog Gilberto Pão Doce

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Do blog Gilberto Pão Doce A primeira entrevista de Lula depois de preso – na verdade, entrevistas, já que pelo tempo escasso, Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e Florestan Fernandes Jr, do El País – filho do grande sociólogo e escritor Florestan Fernandes, deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores -, toparam sabatiná-lo ao mesmo tempo, na Polícia Federal em Curitiba (assista aqui), confirmou um fato de uma pobreza absoluta, embora não surpreendente, sobre a TV Globo, e seu principal telejornal, o Jornal Nacional. Sentado em uma mesinha atarracada de madeira clara, com alguns celulares, microfones, um óculos de grau e um copo d’água colocados sobre a mesa – do outro lado estavam Mônica e Floresta -, Lula foi Lula. Bom de frases, muito bem informado sobre as políticas nacional e internacional, alvos bem determinados, obsessões expostas – Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, mais o primeiro – sofrimento à flor da pele – revelado mais fortemente quando falou da perda do neto Arthur, 7 anos – e um evidente (pra mim) sentimento de que sua vida política não acabou. Quando Mônica perguntou se sabia que poderia ficar o resto da vida preso, e mesmo admitindo ficar 100 anos se for para provar sua inocência, ela o desconcertou. Lula tem planos para o futuro, e sobrevive graças a eles. Não se entregou. Como disse um experiente jornalista que respeito muito, Lula poderia ter optado por posar de estadista e fortalecer a candidatura Haddad 2022. Não o fez porque ela não existe. Lula é o candidato. 

Quem se entregou, voltando ao tema que originou esse artigo, foi o JN. Ao se omitir sintomaticamente, ferindo qualquer preceito ético, diante da entrevista de Lula, um óbvio fato jornalístico, o dito principal telejornal do país repetiu o que mais tem feito: tentar manipular a história. Na maioria das vezes, omitindo-a ou distorcendo-a. Foi assim em 1984, com as Diretas Já, em 1989, com o debate manipulado, e foi assim agora.

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Leia a “Deep Weeb de Alexandre Garcia (Aqui)

Eu não poderia me esquivar, sendo jornalista, com amplo tempo de cobertura em Brasília, e conhecendo, com algum grau de proximidade, boa parte dos jornalistas globais da velha guarda, além de ex-jornalistas da emissora que tomaram novos – e melhores – rumos. Excluo Alexandre Garcia, Ali Kamel‎ e William Bonner desse grupo, nunca os tive em nenhum tipo de convívio. A entrevista de Lula repercutiu não apenas por aqui, mas em todo o mundo – teve recorde de acessos no site do El País -, mas foi solenemente ignorada pelo Jornal Nacional. Não vou nem mencionar o jornal O Globo, que poderia, ridiculamente esquivar-se por não ser um furo seu – o que não cola porque até o Estadão fez seu registro.

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Uma das principais matérias da edição do JN no dia da entrevista de Lula, vejam como são as coincidências, “Senado faz sessão especial em homenagem aos 54 anos da TV Globo” – chamada internamente de ‘Operação Portugal’ quando envolve gente da casa -, teve quase 5 minutos e um discurso subserviente de Davi Alcolumbre, ao lado do vice-presidente do Grupo Globo, José Roberto Marinho: “O jornalismo da emissora é (…) reconhecido pelo respeito, pela verdade, pela seriedade, pela visão crítica e pelo comprometimento de seus profissional”. O senador Randolfe Rodrigues, da Rede (um ex-Psol que migrou para o centro para vender-se como a “cara” palatável da oposição quando a Globo quer esconder o PT), foi, vexame completo, a escalado para pedir a sessão para homenagear a Rede Globo. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, também presente, não se sabe se por falta de inspiração ou ironia, não destacou o jornalismo, mas a contribuição das novelas da Globo.

Enquanto isso, na edição do JN, que não teve temas particularmente importantes, não faltaram matérias onde Lula poderia ter entrado, mesmo como nota. A  reportagem “Participação dos homens nas tarefas domésticas cresceu, diz IBGE” teve intermináveis 3 minutos. “Tentativa de furto de gasolina deixa criança gravemente ferida no RJ”, exatos 2,49 minutos. “Explosões e tiroteio entre suspeitos e policiais assustam Sri Lanka”, 30 segundos. Quem sabe ali Lula poderia ter entrado, numa “nota coberta”, como dizem. A previsão do tempo, dessa vez sem Maju Coutinho, mas com Eliana Marques, durou 2,32 minutos. Esqueceu-se do maior vendaval do dia.

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