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Globo oficializa sua lei da mordaça interna

Em comunicado interno, João Roberto Marinho, diretor editorial da Globo, impôs a censura aos jornalistas da casa, em nome da "isenção". Na prática, trata-se da "lei Chico Pinheiro", baixada na Globo depois que uma fala do apresentador num grupo de Whatsapp explicitou a indignação do apresentador com a prisão política do ex-presidente Lula. Agora, os jornalistas da Globo passam a ser vigiados em sua vida privada para que não tenham uma opinião diferente da do patrão

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247 – Em comunicado interno, João Roberto Marinho, diretor editorial da Globo, impôs a censura aos jornalistas da casa, em nome da "isenção". Na prática, trata-se da "lei Chico Pinheiro", baixada na Globo depois que uma fala do apresentador num grupo de Whatsapp explicitou a indignação do apresentador com a prisão política do ex-presidente Lula. Agora, os jornalistas da Globo passam a ser vigiados em sua vida privada para que não tenham uma opinião diferente da do patrão. Leia, abaixo, o comunicado de João Roberto Marinho:

"Caros companheiras e companheiros,

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Ninguém discordará de que o advento das redes sociais é um dos fenômenos que definem o século XXI. De uma maneira inédita na história da humanidade, elas conectaram pessoas em nível planetário, permitindo a formação de comunidades, o compartilhamento de ideias, fatos e opiniões, a aproximação de pessoas que frequentemente nem se conhecem. É algo extremamente positivo e bem-vindo.

Como tudo, porém, logo descobrimos que elas têm também um lado sombrio: podem ser usadas para manipular grupos, disseminar boatos e mentiras com fins antidemocráticos e permitir que a intimidade das pessoas seja clandestinamente conhecida. Com a consciência desses defeitos, porém, seus usuários se tornam cada vez mais capazes de produzir anticorpos para esses males. Na balança entre o bem e o mal, nós acreditamos que o lado bom das redes sociais supera o lado mau, embora seja necessário ainda muito estudo e atenção para combater os malefícios. Somos, enfim, entusiastas do potencial positivo das redes sociais.

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Nós, jornalistas, como todos os cidadãos, podemos fazer parte delas seja do ponto de vista pessoal ou profissional. Podemos compartilhar impressões, sentimentos, fatos do nosso dia a dia, assim como utilizá-las para fazer fontes, garimpar notícias, descobrir tendências. Não é novidade para nenhum de nós, no entanto, que o jornalismo traz bônus e ônus.

O bônus é o prazer de exercer uma atividade fascinante cujo objetivo último é informar o público, para que possa escolher melhor como quer viver, como fazer livremente escolhas, uma atividade que nós, sem modéstia, consideramos absolutamente nobre. O ônus é justamente aquele que nos impomos para poder fazer um bom jornalismo: em resumo, tentar ao máximo nos despir de tudo aquilo que possa pôr em dúvida a nossa isenção.

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Sei que não é preciso, mas dou aqui um ou dois exemplos. Todos os jornalistas que cobrem economia (e aqueles que compõem a chefia da redação), por exemplo, se privam da liberdade de aplicar em papéis de empresas específicas para que jamais levantem a suspeita no público de que determinada notícia sobre esta ou aquela empresa tem por trás um interesse pessoal. Um jornalista de cultura que seja parente de algum artista se considerará impedido de cobrir as atividades dele. Nós conhecemos bem as nossas restrições, aliás descritas em nossos princípios editoriais que o Grupo Globo publicou em 6 de agosto de 2011. E nada disso nos perturba ou incomoda porque temos a consciência de que o propósito é permitir que façamos um bom jornalismo e que sejamos reconhecidos por isso.

As redes sociais nos impõem também algumas restrições. Diferentemente das outras pessoas, sabemos que não podemos atuar nelas desconsiderando o fato de que somos jornalistas e de que precisamos agir de tal modo que nossa isenção não seja questionada. Já no lançamento dos princípios editoriais, previmos isso quando estabelecemos o seguinte: "A participação de jornalistas do Grupo Globo em plataformas da internet como blogs pessoais, redes sociais e sites colaborativos deve levar em conta três pressupostos: (...) 3- os jornalistas são em grande medida responsáveis pela imagem dos veículos para os quais trabalham e devem levar isso em conta em suas atividades públicas, evitando tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção."

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Desde então, porém, o uso de redes sociais se universalizou de tal forma que é necessário detalhar melhor como nós jornalistas devemos utilizá-las de modo a não ferir, de maneira alguma, aquele que é um pilar da nossa profissão: a isenção. É por essa razão que estamos acrescentando uma seção aos nossos Princípios Editoriais sobre o uso das redes sociais.

Essas recomendações sobre como devemos nos comportar nas redes não têm nada de idiossincrático ou exclusivo. Na verdade, estão rigorosamente em linha com o que praticam os mais prestigiados veículos jornalísticos do mundo, como The New York Times e BBC, para citar apenas dois de dezenas de exemplos.

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É fundamental que todos leiamos com atenção essas diretrizes e as sigamos com o rigor que nos caracteriza em nossas atividades profissionais.

Dito isso, a Seção II de nossos Princípios Editoriais terá um novo item, de número 5, apresentado ao fim desta carta.

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Tenho absoluta convicção de que todos nós entenderemos as razões dessas diretrizes mais detalhadas e as seguiremos. Agradeço pela atenção e disponibilizo a seguir o texto que será acrescentado, a partir de hoje, aos nossos Princípios Editoriais.

Rio de Janeiro, dia 1 de julho de 2018

João Roberto Marinho

Presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo

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