Jornalistas viraram roteiristas da Lava Jato, denuncia Chaer
"A exaltação aos protagonistas do fenômeno apelidado Operação Lava Jato não faz justiça a um herói quase anônimo dessa história: os jornalistas, que deixaram a cômoda posição de meros observadores para se tornarem participantes ativos do processo.O jogo mudou o eixo de poder nas redações. (...) Os profissionais mais valorizados do mercado são os que têm relações com procuradores. O preço: divulgar a informação oficial como verdade absoluta. Os jornalistas que integram a "força-tarefa" são os roteiristas da Lava Jato", escreve Márcio Chaer
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247 - Márcio Chaer, assessor de clientes investigados na Lava Jato, publicou um artigo nesta segunda-feira chamando a atenção para o fato de como denúncias sem substância ganham eco —e muitas vezes respaldo jurídico— através da ação de jornalistas.
Confira abaixo trechos do texto:
"A exaltação aos protagonistas do fenômeno apelidado Operação Lava Jato não faz justiça a um herói quase anônimo dessa história: os jornalistas, que deixaram a cômoda posição de meros observadores para se tornarem participantes ativos do processo.
Nessa gangorra, a notícia alavanca o inquérito, que gera outra notícia, que dá à luz a denúncia, que, por sua vez, proporciona manchetes. Na falta de investigação, suposição vira verdade absoluta com a publicação da notícia.
A Revolução Judicial brasileira segue a trilha da Revolução Cultural Chinesa: denuncismo, execração e condenações sem julgamento. Falta queimar livros.
(...)
O jogo mudou o eixo de poder nas redações. Os profissionais mais valorizados do mercado são os que têm relações com procuradores. O preço: divulgar a informação oficial como verdade absoluta. Os jornalistas que integram a "força-tarefa" são os roteiristas da Lava Jato.
O processo judicial está sob julgamento moral -não da norma jurídica. Fatos apenas constrangedores são promovidos à condição de "escândalo".
Ao descrever a chama de um fósforo como incêndio na floresta amazônica, a imprensa leva um general voluntarista a dizer que os militares podem tomar o poder para conter tanta corrupção. Se um general não compreende a ilusão de ótica produzida pelo populismo de jornalistas que fraudam notícias, quem compreenderá?"
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