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Kotscho: 'PT contra Levy é o caminho para um autogolpe'

"Concluo que o partido está caminhando para um autogolpe, pois isto certamente não ajuda a presidente Dilma Rousseff a superar as imensas dificuldades que vem enfrentando para vencer a crise político-econômica do seu segundo mandato. Ao contrário, as declarações de Falcão se destinam a aprofundá-la ainda mais", afirma o jornalista, ao comentar a entrevista concedida pelo presidente do PT neste domingo

"Concluo que o partido está caminhando para um autogolpe, pois isto certamente não ajuda a presidente Dilma Rousseff a superar as imensas dificuldades que vem enfrentando para vencer a crise político-econômica do seu segundo mandato. Ao contrário, as declarações de Falcão se destinam a aprofundá-la ainda mais", afirma o jornalista, ao comentar a entrevista concedida pelo presidente do PT neste domingo (Foto: Gisele Federicce)
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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho

O que está ruim sempre pode piorar. Nunca se repetiu tanto esta frase como agora. É o que acontece com a entrevista exclusiva concedida pelo presidente do PT, Rui Falcão, à Folha de S. Paulo, publicada na edição deste domingo, com o título: "Levy deve sair se não quiser mudar a política econômica".

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Como até o momento em que começo a escrever, às oito da manhã, não houve nenhum desmentido nem dele nem do governo, concluo que o partido está caminhando para um autogolpe, pois isto certamente não ajuda a presidente Dilma Rousseff a superar as imensas dificuldades que vem enfrentando para vencer a crise político-econômica do seu segundo mandato. Ao contrário, as declarações de Falcão se destinam a aprofundá-la ainda mais:

"Acho que ela (a presidente) vai determinar a liberação de crédito com responsabilidade. Se o Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído".

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Não se sabe se o presidente do PT conversou com a presidente da República antes de dar esta entrevista, mas o fato é que o cenário político e econômico amanhecerá ainda mais tumultuado e sombrio na segunda-feira, como aconteceu na última sexta, quando se espalharam os boatos sobre uma possível saída de Levy.

Mesmo quem não tem nenhum outro motivo para defender o Ministro da Fazenda, sabe que a sua permanência no posto neste momento é imprescindível para garantir o mínimo que resta de governabilidade. E ninguém do governo, do PT e da base aliada saiu em sua defesa até agora. Levy está sozinho na estrada.

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As principais lideranças do partido do governo, a começar pelo ex-presidente Lula, dedicaram-se nos últimos dias a atacar de forma cada vez mais contundente a política econômica baseada no ajuste fiscal proposto por Joaquim Levy ao assumir o cargo. Nenhum líder da oposição foi capaz de causar mais estragos à já precária estabilidade do governo.

Os dois eixos para as mudanças defendidas por Falcão _ queda de juros e maior oferta de crédito _ foram exatamente as principais causas do desajuste fiscal registrado no final do primeiro governo Dilma e que só se agravou ao longo deste ano. Continuamos gastando mais do que arrecadamos e o deficit só faz crescer , enquanto os ajustes propostos por Levy continuam encalhados no Congresso Nacional, por absoluta falta de apoio ao ministro.

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Foi com juros mais baixos e crédito a rodo que governo, empresas e famílias se endividaram nos empréstimos e financiamentos, e todos entraram no cheque especial, do qual não conseguem mais sair. O problema é que a grana acabou. Rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de risco, inadimplência, desemprego, falências e recessão crescentes foram as consequências de uma "nova matriz econômica" que não deu certo e o PT quer trazer de volta.

Apresentado por dez entre dez petistas como o salvador da lavoura no lugar de Levy, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos governos Lula, faz um alerta em sua coluna de domingo, no mesmo jornal, sobre outra grave ameaça ao futuro do Brasil. Sob o título "Êxodo", escreve Meirelles:

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"Escuto com frequência cada vez maior brasileiros falando em deixar o país. As razões citadas são diversas: falta de perspectiva econômica, desânimo com a situação política, corrupção, desconfiança do futuro. Permeando tudo isso, existe uma grande frustração depois da sensação na década passada de que o Brasil tinha conseguido finalmente superar suas dificuldades históricas e entrado numa rota de crescimento, criação de empregos, geração de riqueza e estabilidade econômica".

"A reversão rápida e brutal dessas expectativas deixa um sabor amargo nas pessoas e traz sentimentos de decepção e até revolta que estimulam o desejo de desistir e deixar o país".

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"(...) Se este sentimento crescente de frustração e desencanto não for estancado, a perda de talentos e cérebros se tornará uma realidade a comprometer o futuro do Brasil".

Estancar como? Meirelles não aponta caminhos, mas a simples troca de Joaquim Levy por outro ministro, neste momento, certamente não reverterá este sentimento nem o processo de êxodo dele decorrente. Pode ser pior.

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Protestos fracassam

Marcadas para este sábado, manifestações em defesa do impeachment juntaram uns poucos gatos pingados. Em São Paulo, o movimento Vem Pra Rua só conseguiu reunir 30 pessoas na avenida Paulista. A PM mobilizou 20 policiais para acompanhar o protesto.

Em Belo Horizonte, ato marcado pelas oposições diante da casa do governador Fernando Pimentel, do PT, teve a participação de 16 manifestantes.

Eles prometem voltar nos próximos dias.

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Em tempo:

Em Estocolmo, na Suécia, onde se encontra em viagem oficial, a presidente Dilma Rousseff confirmou neste domingo que Joaquim Levy continua no cargo, deu apoio ao ministro da Fazenda e desautorizou as declarações de Rui Falcão, presidente do PT: "A opinião do PT não é a opinião do governo".

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