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Le Monde afirma que um 'desastre econômico sem precedentes' afetará o Brasil

"O gigante sul-americano também deve enfrentar um colapso econômico de gravidade sem precedentes”, diz o jornal francês ao listar os impactos econômicos da pandemia e a falta de ação do governo Jair Bolsonaro

(Foto: André Penner/AP | Reprodução)
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Por Nathalia Bignon, para o 247 - “O Brasil não tem só uma crise. Duramente abatido pela pandemia da covid-19, presa das confusões políticas de seu presidente, Jair Bolsonaro, o gigante sul-americano também deve enfrentar um colapso econômico de gravidade sem precedentes”.

É com estas palavras que o jornal francês Le Monde traduz o cenário econômico do Brasil e projeta a extensão da crise que deverá se aprofundar no país. De acordo com a edição desta sexta-feira (12), a perspectiva do país “é muito sombria”.

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“O Ministério da Economia conta agora com uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 4,7% em 2020. Previsões dramáticas, mas que parecem muito otimistas para a maioria dos estudos e economistas. Em vez disso, eles preveem uma queda de 6% a 10% da riqueza nacional este ano: uma recessão nunca registrada na história do Brasil”, diz.

Segundo o periódico, ainda faltam dados oficiais para saber o impacto que a pandemia causará no desemprego e na pobreza, mas “em meados de maio”, a “Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou números preocupantes”, no qual cita que “40% das empresas dos setores de comércio, indústria, serviços e construção já foram forçados a demitir todos ou parte de seus funcionários por causa da crise”.

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“Mais de uma em cada duas famílias teve um de seus membros afetados pelo desemprego ou pela redução de salários”. “Hoje, quase oito em cada dez brasileiros sentem que limitam suas compras a bens essenciais”, diz adiante.

O diário traz a análise de Monica de Bolle, economista e professora da Universidade Johns Hopkins, que narra que a “situação é ainda mais difícil, pois a crise atinge um país que mal se recuperou da “grande recessão de 2016-2017”, onde vigoram o alto desemprego, “acima de 11%”, “e desigualdades muito profundas, onde dois terços da população vive em condições de pobreza ou precariedade”.

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“Acima de tudo, segundo ela, ‘o Brasil é infelizmente liderado por um governo passivo, que negou durante semanas a severidade da pandemia, bem como seu impacto na economia e que reage hoje de maneira improvisada", diz o relato da economista.

"Nenhum projeto estruturado"

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Analisando as medidas para conter o avanço da crise econômica, o diário sublinha que a única medida efetiva tomada pelo poder de extrema direita de Jair Bolsonaro “é uma ajuda de emergência mensal de R$ 600 reais. “Mas o governo adotou com relutância essa medida, sob pressão da sociedade civil e do Parlamento”.

“Hoje, não há mais projetos estruturados sobre como ajudar a economia a lidar com a recessão ", afirmou De Bolle. "O ministro da economia anunciou, terça-feira, 9 de junho, que a ajuda emergencial ainda seria paga por mais dois meses, mas seriam apenas 300 reais”, cita o jornal.

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Referindo-se a uma outra análise coordenada pelo economista Marcos Lisboa e publicada na Folha de S. Paulo, o francês também dá conta que de que o Brasil deverá enfrentar um déficit em contas públicas em 2020 superior a R$ 1,2 trilhão, e uma dívida que sem dúvida deve explodir e exceder a barra simbólica dos 100% do PIB (contra 76% antes da crise)”.

Adiante, destaca que para piorar a situação, uma luta interna coloca duas percepções distintas no topo do governo. “De um lado está o ministro da economia ultraliberal Paulo Guedes, que gostaria de desregular ainda mais o mercado de trabalho e seguir um vasto plano de privatização. Por outro lado, a ala militar, representada por Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, que ganhou um grande programa de investimentos em infraestrutura, concebido como um ‘Plano Marshall Brasileiro’, estimado em R$ 300 bilhões”.

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“No momento, Jair Bolsonaro concordou com seu ministro da Economia: ‘Um homem decide sobre a direção da economia no Brasil: o nome dele é Paulo Guedes’, disse ele no final de abril”.

A publicação ainda repercute que “desde o início da crise, o chefe de Estado nega a gravidade da pandemia e pede a reabertura total da economia”. “Após vários conflitos com prefeitos e governadores”, o presidente brasileiro parece haver ganhado a aposta: “diante da extensão da recessão, vários estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, começaram uma reabertura gradual dos negócios e atividades não essenciais”.

O jornal finaliza com a afirmação de que tudo isso, no entanto, não significa um retorno ao crescimento. “A recuperação será lenta”. Mesmo que a pandemia desacelere, o Brasil não encontrará sua situação para além do vírus por vários anos. Até o final de seu mandato em 2022, Jair Bolsonaro poderia, portanto, ser reduzir a ter que lidar com a crise. Uma pena para um homem que se gabava de ‘não entender nada’ sobre economia.

Colaborou Ivan Chicoski, graduado em Direito e mestre em Filosofia pela Universidade de Paris-Sorbonne IV.

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