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Le Monde critica humilhação de Bolsonaro ao chanceler francês

Com um título tão provocador quanto factual, o jornal francês Le Monde estampou a perplexidade dos franceses diante da grosseria do presidente brasileiro; "Por um corte de cabelo, Jair Bolsonaro cancela encontro com Jean-Yves Le Drian" é o título da matéria que relata uma dos episódios mais humilhantes da dimplomacia internacional

(Foto: Reprodução)
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247 - Com um título tão provocador quanto factual, o jornal francês Le Monde estampou a perplexidade dos franceses diante da grosseria do presidente brasileiro. "Por um corte de cabelo, Jair Bolsonaro cancela encontro com Jean-Yves Le Drian" é o título da matéria que relata uma dos episódios mais humilhantes da dimplomacia internacional. 

Confira a matéria do Le Monde na íntegra, com tradução para o 247 de Sylvie Giroud: 

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Para afirmar sua independência em relação a Paris, o presidente brasileiro multiplicou palavras e atos de desconfiança em relação ao Chanceler francês.

Ao invés da diplomacia, Jair Bolsonaro prefere a provocação, mas evita o confronto direto, privilegiando a humilhação do adversário.

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Na segunda-feira 29 de julho, alguns minutos após cancelar "por razões de agenda" uma reunião com o Ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves le Drian - atualmente em turnê na América Latina - o presidente de extrema-direita apareceu nas redes sociais cortando o cabelo, o que causo imenso assombro no Quai d'Orsay.

"O Presidente [Bolsonaro] começa a trabalhar às 4 da manhã e termina à meia-noite. Ele precisa encontrar tempo para cortar o cabelo entre as 4 da manhã e a meia-noite", disse, como um arremedo de explicação, um porta-voz do governo.

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A ânsia do Chefe de Estado em ajustar a risca lateral de seu cabelo não deve nada ao acaso. Ao aparecer publicamente no cabeleireiro ao invés de estar ao lado de um dos pesos-pesados do governo francês, Jair Bolsonaro afirma tanto seu soberanismo quanto seu desprezo pelo discurso moralizador de Paris em relação ao meio ambiente.

"Não existe mais submissão"

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No início do dia, o presidente brasileiro já havia evocado em termos não muito amigáveis a reunião planejada com o chefe da diplomacia francesa, falando de uma entrevista com "o primeiro-ministro francês, se não me engano, para tratar de problemas como os do meio- ambiente". Irritado e ameaçador, ele acrescentou: "Ele não deve ser desrespeitoso comigo. Ele terá de entender que o governo no Brasil mudou. A submissão dos chefes de estado anteriores ao primeiro mundo não existe mais."

Jair Bolsonaro não apreciara ter sido repreendido no G20 em Osaka (Japão) em junho. O presidente francês, Emmanuel Macron, lhe tinha feito prometer que respeitaria o Acordo de Paris assinado em 2015, tornando este compromisso uma condição sine qua non da conclusão do Acordo de Livre Comércio entre os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai) e União Europeia.

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Desde então, Jair Bolsonaro parece ter esquecido sua promessa, indiferente, até mesmo complacente com os atores de crimes ambientais. Segundo estimativas do INPE, com base em imagens de satélite, cerca de 6.352 km2 de floresta teriam sido destruídos no Brasil desde sua posse, em janeiro, o equivalente a dois terços da Córsega.

Mais próximo de Washington do que Paris

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Será que o brasileiro estaria pronto a torpedear um lucrativo acordo comercial em troca de  alguns minutos de fanfarronice diante de seu eleitorado de extrema direita? É o que alguns de seus parceiros, como a Argentina, parecem temer. "Buenos Aires tem muito medo da postura de Jair Bolsonaro. O presidente parece não apreender os riscos reais de sua atitude", disse Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.

Bravateiro, Jair Bolsonaro também teria, com seu "corte de cabelo fatal", fechado outras portas com Paris, acredita o cientista político Mathias Alencastro. "A França possui uma longa história de pragmatismo em suas relações internacionais", escreve ele no jornal Folha de São Paulo, na terça-feira 30 de julho. Ela raramente hesitou em colaborar com regimes autoritários no Oriente Médio ou na África subsaariana para garantir seus interesses estratégicos. A visita do ex-socialista Jean-Yves Le Drian parecia uma tentativa de aliança entre dois governos ideologicamente antagônicos. (...) Mas diante de um comportamento tão niilista, a França não terá outra escolha senão a de desistir de se aproximar do Brasil."

O Brasil de Jair Bolsonaro parece, na verdade, pouco preocupado em seduzir Paris, favorecendo uma reaproximação com os Estados Unidos de Donald Trump. Na terça-feira, enquanto o chefe de Estado qualificava de "bobagem" o relatório sobre as vítimas da ditadura militar (1964-1985), a imprensa brasileira informava que o país havia enviado um de seus diplomatas para a décima terceira conferência internacional sobre Mudança Climática organizada em Washington em 25 de julho pelo Instituto Heartland, conhecida como uma reunião de especialistas renomados por negarem o aquecimento global.

Após esse encontro perdido, Jean-Yves Le Drian manteve a "calma dos veteranos", ao mesmo tempo em que declarou ter “registrado a mensagem" dirigida à França, disse uma fonte próxima ao ministro, pontuando que a França não tinha pressa em ratificar o Tratado UE-Mercosul.

 

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