Luis Felipe Miguel: o que aconteceu com a pós-verdade?
Para o cientista político Luis Felipe Miguel, a pós-verdade foi deslocada pelas "fake news"; "O deslocamento não é desinteressado. O foco em "fake news" centra a preocupação no noticiário do dia a dia e tem seu remédio claramente indicado: o jornalismo profissional, lar das 'true news'. O principal resultado da campanha incessante contra fake news é reforçar a debilitada credibilidade da mídia corporativa", diz ele
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Por Luis Felipe Miguel, no Jornal GGN - Há pouco tempo, o termo estava em alta - nas capas de revistas, nas falas dos comentaristas de TV, nos ensaios descolados sobre o admirável mundo novo em que vivíamos. Em 2016, "post-truth" foi escolhida "palavra do ano" pelo dicionário Oxford. Embora esse negócio de escolher "palavra do ano" seja quase uma pós-verdade. Ou melhor, um factoide, que, lá se vão 20 anos, Cesar Maia definiu em entrevista memorável, dizendo que, para aparecer na imprensa, "eu lanço factoides no realismo delirante", sendo factoide uma extrapolação fantasiosa a partir de uma base factual [1].
Tenho para mim que a pós-verdade foi deslocada pelas "fake news". O deslocamento não é desinteressado. O foco em "fake news" centra a preocupação no noticiário do dia a dia e tem seu remédio claramente indicado: o jornalismo profissional, lar das "true news". O principal resultado da campanha incessante contra fake news é reforçar a debilitada credibilidade da mídia corporativa.
"Pós-verdade" é mais amplo. Diz respeito não tanto a um fato ou outro - o filho de Lula não é dono da Friboi, Fátima Bernardes não pagou a reforma da casa do esfaqueador de Bolsonaro, as urnas eletrônicas não são controladas por magos do vudu haitianos - e sim a uma narrativa ampla, francamente fantasiosa, que confere sentido a escolhas políticas e que é invulnerável ao debate.
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