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Lula sobre fake news: 'estão fazendo um engodo com o povo brasileiro'

Depois da visita a Lula, a senadora Gleisi Hoffmann verbalizou a percepção do ex-presidente sobre a tática de produzir fake news em massa do adversário de Fernando Haddad à presidência: "o presidente disse que está muito preocupado com esse engodo que estão tentando fazer com o povo brasileiro. Ele disse que essa gente que está atrás da candidatura da fraude do porão é um pessoal que quer tirar o direito das pessoas, que quer tirar a conquista dos trabalhadores. Porque grandes empresários iriam patrocinar isso? Você acha que grandes empresários têm interesse em direito de trabalhador, em direito do povo brasileiro?"

Lula sobre fake news: 'estão fazendo um engodo com o povo brasileiro' (Foto: Ricardo Stuckert)
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Do Brasil de Fato - A denúncia de que a chapa de Jair Bolsonaro (PSL) recebeu financiamento de R$ 12 milhões para compra de pacotes de envio em massa de mensagens via Whatsapp contrárias ao PT desmascarou uma "quadrilha para fraudar as eleições". A afirmação da presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann.

Recém eleita deputada federal pelo estado do Paraná, Hoffman é uma das figuras políticas que constantemente visitam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Nesta quinta (18), após a visita a Lula, a parlamentar concedeu entrevista ao programa Democracia em Rede, transmitido pela Rádio Brasil de Fato e pelo Facebook.

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Na entrevista, Hoffmann fala sobre como o ex-presidente Lula está analisando a denúncia de financiamento ilegal recebido por Bolsonaro; sobre a importância dos veículos de comunicação alternativos frente à disseminação de fake news; comenta os desafios de fazer campanha nas ruas, em um momento de crescimento de atos violentos pelo país; e discorre sobre os projetos políticos que representam Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro e sobre os enfrentamentos que a esquerda terá após o segundo turno.

Brasil de Fato: Uma denúncia da Folha de São Paulo aponta o gasto de R$ 12 milhões, a partir de empresários, na criação de notícias falsas contra a campanha de Fernando Haddad, que pode se configurar caixa-dois. Qual foi sua primeira impressão a respeito desse tema?

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Gleisi Hoffmann: Essa situação que é sequência desse processo de golpe que o Brasil vive: a retirada da Dilma, a prisão do Lula e o impedimento que o PT, com o candidato Haddad, possa ganhar as eleições e vir governar o Brasil.

Veio à tona o candidato fraude dos porões. Bolsonaro é uma fraude, um embuste criado nos porões, nos subterrâneos da internet, com fake news, com mentiras pagas por grupos empresariais que fizeram uma verdadeira quadrilha para fraudar a eleição brasileira. As pessoas foram induzidas a erro ao votar em Bolsonaro, porque receberam notícias que não eram verdadeiras, notícias fabricadas. Ou seja, muita gente colocou muito dinheiro para que vários grupos de Whatsapp fossem ativados, inclusive muitos do exterior, dos Estados Unidos, de Portugal, da Macedônia, para chegar no Brasil um volume imenso dessas notícias e confundir a cabeça do eleitor.

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Na conversa com o ex-presidente Lula, imagino que isso tenha sido um tema. Poderia relatar um pouco como foi?

O presidente disse que está muito preocupado com esse engodo que estão tentando fazer com o povo brasileiro. Ele disse que essa gente que está atrás da candidatura da fraude do porão é um pessoal que quer tirar o direito das pessoas, que quer tirar a conquista dos trabalhadores. Porque grandes empresários iriam patrocinar isso? Você acha que grandes empresários têm interesse em direito de trabalhador, em direito do povo brasileiro? Foram eles que patrocinaram a reforma trabalhista, são eles que querem a reforma da previdência contra o povo, são eles que não querem que o salário tenha reajuste real. Essa gente está patrocinando esse candidato porque tem um interesse claro, que é a retirada de direitos.

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O que está em risco nessa eleição são exatamente os direitos conquistados pelo povo brasileiro nos últimos anos, principalmente com o governo do presidente Lula. Olha, o povo teve direito a ter um salário mínimo digno, a ter acesso a bens de consumo, a melhores condições de vida, comprar coisas melhores no supermercado, financiar um carro, uma casa.

Essa gente que está financiando o candidato da fraude do porão quer exatamente alguém que assine o liberalismo econômico, ou seja, que as coisas sejam feitas só para o andar de cima da sociedade brasileira.

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Qual é o papel dos meios de comunicação alternativos nesse momento?

Fundamental para esclarecer o que está acontecendo, divulgar a fraude que é esse candidato e a fraude que estão tentando colocar nas eleições. Quer dizer, os milhões de recursos que estão sendo disponibilizados sem ser contabilizados na campanha, portanto, caixa dois, recurso irregular, recurso externo, assessoria externa para o candidato. Esse tal de Steve Bannon, que fez a campanha do Trump, deu declarações e entrevistas dizendo que está ajudando na campanha do Bolsonaro. A nossa lei veda ajuda externa, então esse senhor tem que explicar o que ele está fazendo aqui, porque o candidato da fraude de porão trouxe para cá um assessor que foi do Trump. Que interesses estão em jogo nessa eleição? Mostrar quem, efetivamente, está financiando essa campanha e como está sendo utilizado o WhatsApp.

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Acho que isso é fundamental para as pessoas poderem ter liberdade de escolha, se quiserem escolher votar na fraude de porão, que escolham, mas de forma consciente, sabendo o que ele significa. O que não dá pra deixar é que milhões de pessoas sejam induzidas a votar em um candidato que mente, que é um embuste.

Como você está vendo o fator militância frente a essa campanha difícil?

Nossa militância é a alma da campanha e eu tenho certeza que a militância vai estar muito estimulada, principalmente sabendo da forma como o candidato opositor está conseguindo os votos. O que a pesquisa está mostrando pode ser uma realidade da intenção de voto, mas essa intenção de voto é fraudada pela manipulação de meios de comunicação da internet e da forma como está sendo feita a campanha de desconstrução do PT, do Haddad e do Lula.

Então, eu acho que a nossa militância está aguerrida para fazer essa disputa eleitoral, como tem que ser. Nós temos que fazer essa disputa nas redes, nós temos que ir às ruas, falar com o povo. Sabemos que quando mostramos a causa e o projeto a que estamos vinculados, muda a opinião das pessoas.

O Brasil tem vivido situações adversas: a recusa de Bolsonaro de participar dos debates, ataques violentos contra militantes políticos ou pessoas que manifestam opinião política. Como contornar essas dificuldades?

Eu acho que a gente só tem uma coisa para oferecer à população: a verdade. O legado do presidente Lula é muito forte. Mostrar o que Lula fez, mostrar que o que está em jogo são as conquistas que nós tivemos. Qual foi o melhor presidente da República na história do Brasil? Foi Luiz Inácio Lula da Silva. Pela primeira vez, a partir de 2002, o povo brasileiro teve acesso a condições dignas de vida. O povo brasileiro teve acesso a comer três refeições por dia, coisa que grande parte da população não tinha direito. O povo brasileiro teve acesso a emprego. Foram criados mais de 20 milhões de vagas de trabalho. O povo brasileiro teve acesso a renda, teve uma política de valorização do salário mínimo, as pessoas iam ao supermercado e podiam comprar algumas coisas melhores para a família. O povo brasileiro tinha acesso a passear no final de semana, à cultura, ao lazer, tinha acesso ao financiamento do carro, da casa própria, dos bens eletrodomésticos, de móveis.

Hoje, o que nós temos? A população brasileira está entristecida, está com dívida, não tem emprego, não tem renda. E eles querem aprofundar ainda essa situação. Falam em colocar 13º no Bolsa Família, mas eles eram contra o Bolsa Família e se pudessem acabavam com o Bolsa Família.

Deve ser essa a linha que eles vão seguir, falam agora para enganar o povo. Então, nós temos que resgatar essa memória do que foi o nosso governo, o governo do presidente Lula, e dizer para a população é isso que está em risco, as conquistas que nós tivemos.

Alguns analistas da mídia acabam fazendo a leitura de que haveria uma equivalência: dois pólos extremos, Bolsonaro e Haddad. Mas me parece que é preciso explicar que são projetos de natureza distinta. É essa análise que deve ser feita?

Com certeza, são dois projetos que estão em disputa. Dizem que nós somos radicais: o PT governou numa coalizão de partidos, por quase 13 anos no Brasil. Onde nós tivemos radicalismo? Às vezes dizem que vamos transformar o Brasil em uma República comunista, socialista. Nós transformamos? O que nós fizemos nesses 12, 13 anos? Foram tempos de paz social, de bonança na economia, estabilidade política e econômica. Se nós quiséssemos fazer alguma coisa, será que não teríamos feito?

Os projetos são claros: um é o projeto da inclusão, do desenvolvimento econômico que leva todo o povo junto, que investe no Brasil, que faz a defesa do nosso patrimônio, das nossas reservas. E o outro é o projeto da entrega, que quer privatizar a Petrobrás, a Eletrobrás, é o projeto que acha que nós não temos que ter soberania e autonomia. Basta ver pela campanha do candidato, que já tem intervenção internacional, com esse senhor que assessorou o Trump. É um projeto que pensa o desenvolvimento para 30% da população, que não tem preocupação com os direitos trabalhistas e sociais. Quer dizer, é o projeto que retira direitos. Então, é isso que está em jogo: é uma política neoliberal contra uma política de desenvolvimento inclusivo.

E existe um vínculo preocupante entre neoliberalismo e autoritarismo?

Sim, porque o neoliberalismo não combina com a democracia. Porque ele exclui uma parte do povo do seu desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, incluiria só 30% da população. Como vai ter um regime democrático, se 70% não está incluído no desenvolvimento econômico e social? Então você não pode negociar com a população, porque não tem o que oferecer, você já optou por um projeto de exclusão. O que sobra para a população? A violência. E o candidato fraude de porão é exatamente isso. É o estereótipo da violência. Ele defende tortura, defende que todo mundo ande armado, defende bater em gay, em mulher.

Imagina, nós vamos ter o programa e o projeto neoliberal do Temer, que eles apoiam, na base da violência. Vai ser assim que vai funcionar o Brasil se a fraude de porão ganhar. Mas eu acho que a gente tem mecanismos, agora, para mostrar para a população o que eles estavam fazendo em termos de eleição.

Na sua avaliação, qual é a importância, nesse momento, do fator Lula?

Nós vamos fazer um esclarecimento sobre essas mentiras todas, vamos mostrar a história do PT, a história de luta pelos trabalhadores e pelo povo do Brasil. Mas isso é uma outra etapa, porque tem que ter um desagravo ao Partido dos Trabalhadores, esse é o maior partido de esquerda da América Latina, é o maior partido do Brasil, hoje, e está sendo atacado covardemente.

E Lula é o grande líder político desse país, é importantíssimo. É em cima do legado de Lula, do projeto que ele conduziu no Brasil, que nós estamos fazendo essa campanha. Ele nunca precisou de fake news, de indústria do Whatsapp, de financiamento estrangeiro, nunca precisou dessas barbaridades todas aí para fazer uma relação com o povo.

Na sua campanha, você trabalhou muita na rua. Como você tem sentido a população, nesse debate nas ruas?

Claro que a gente tinha reações contrárias, mas muitas reações favoráveis. As pessoas paravam para ouvir, falavam do Lula, da saudade que tinham do governo dele, da forma como ele foi presidente, da forma como ajudou as pessoas. Pronunciamentos muito emocionados. Foi muito boa a experiência de rua. A gente não tem que ter medo de ir para rua, não. Essa gente do Bolsonaro grita muito, mas são todos valentões. Na hora de fazer o enfrentamento, não vem para o debate. Assim como ele, que também não vem para o debate. É um valentão covarde. Esse povo que passa na rua gritando, é tudo valentão que se esconde atrás de armas, atrás da agressão, mas que não tem articulação para fazer um debate, não tem causa, não tem projeto.

Seja qual for o resultado das eleições nesse segundo turno, a polarização política não vai diminuir. Iniciativas como as dessas frentes democráticas que estão se formando deixa uma apontamento futuro sobre o que vai ser necessário para que o autoritarismo não cresça?

Nós estamos construindo uma resistência democrática no Brasil. Eu acho que a candidatura do Haddad está para além do PT, para além do Haddad, ela se tornou um polo de resistência democrática, de não deixar que a gente volte a tempos em que o que mandava era a força bruta. Nós conquistamos a democracia e isso é fundamental para se garantir os direitos do povo. Porque, como eu disse, o neoliberalismo não se sustenta na democracia. Então, lutar pela democracia é lutar para termos espaço para ter os direitos do povo realmente concretizados. Não tenho dúvidas que esse movimento é também de resistência.

Juntar setores amplos do movimento democrático seria uma tarefa do momento?

Com certeza. Tem muitas pessoas que estão vindo aderir à campanha do Haddad que não pensam como o PT, que tem divergências, inclusive, em relação a programas. Mas tem convergências na questão da democracia e sabem que qualquer programa só pode ser debatido e disputado num ambiente democrático. Eu acho que isso é muito importante, porque conscientiza o processo político brasileiro.

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