Nelson Motta visualiza musical do mensalão
No espetáculo imaginado pelo jornalista e escritor, políticos com ternos brilhantes, gravatas medonhas e cabelos acaju invadem a cena cantando para Lula e Jefferson: "Ei você aí/me dá um dinheiro aí/me dá um dinheiro aí"
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247 - Para o jornalista e escritor Nelson Motta, qualquer tema pode ser digno de um musical. Até mesmo o mensalão, diz ele. Em artigo publicado nesta sexta-feira 25 no jornal O Globo, ele visualiza um espetáculo em que Jefferson cantaria pra Lula "eu sei que vou te amar", seguido por 30 políticos de vários partidos que cantariam e dançariam "Ei, você aí, me dá um dinheiro aí". O show, segundo ele, terminaria com o martelo do presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Leia abaixo:
Mensalão, o musical
Com grandes espetáculos, cenários luxuosos, elencos competentes e salas lotadas em longas temporadas, os musicais se tornaram o sucesso do momento no teatro brasileiro. Em tese, qualquer tema pode inspirar um musical, bastam boas músicas e letras e uma historinha para costurar tudo. Até o mensalão daria um musical.
A abertura seria a cena verídica, relatada por José Casado, do encontro de Lula e Zé Dirceu com Roberto Jefferson para celebrar o acordo do PT com o PTB. Com bons vinhos e largos sorrisos, eles chegam para o jantar festivo na casa de Jefferson. Depois do lauto repasto, dos risos e das garrafas vazias, passam à biblioteca para o café, conhaque e charutos.
Desabado no sofá vermelho, com o olhar já meio turvo, Lula é surpreendido por Jefferson, que começa a cantar acompanhado ao piano por sua professora de canto lírico:
"Eu sei que vou te amar/ por toda a minha vida eu vou te amar/ Em cada despedida eu vou te amar/ desesperadamente eu sei que vou te amar ..."
Os convidados emudecem, a voz do baritono ressoa na sala, com gestos largos e interpretação grandiosa, olho no olho de Lula, Jefferson canta a música inteira com intensa emoção e termina com a voz embargada, enquanto uma lágrima furtiva rola pela face de Lula.
Trinta politicos de vários partidos, com ternos brilhantes, gravatas medonhas e cabelos acaju, invadem a cena cantando e dançando para Lula e Jefferson: "Ei voce voce aí/ me dá um dinheiro aí/ me dá um dinheiro aí".
Segue dueto de Jefferson e Zé Dirceu em "Vou festejar":
Jefferson: "Chora, não vou ligar/ chegou a hora/ vais me pagar/ pode chorar, pode chorar."
Dirceu: "É o teu castigo/ brigou comigo/ Sem ter por quê".
Jefferson: "Eu vou festejar/ vou festejar/ o teu sofrer/ o teu penar.
Os dois juntos: "Voce pagou com traição/ a quem sempre lhe deu a mão." (bis)
Dirceu canta "Segredo", de Herivelto Martins, para Jefferson: "Teu mal é comentar o passado/ ninguem precisa saber do que houve entre nós dois/ o peixe é pro fundo das redes/ segredo é pra quatro paredes/ primeiro é preciso julgar pra depois condenar."
Joaquim Barbosa bate o martelo. Black out.
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